Em
resposta ao post "PF está despreparada para Copa do Mundo", a
assessoria de imprensa da Polícia Federal encaminhou nota na qual nega as
afirmações do presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal de São
Paulo, Amaury Portugal.
Abaixo
íntegra da nota enviada pela PF.
Tendo em
vista entrevista concedida por Vossa Excelência ao Blog do Serapião da Revista
Carta Capital, esta Direção Geral considera importante esclarecer alguns pontos
expostos à imprensa que não condizem com a realidade dos fatos, a saber:
1. A
Polícia Federal está preparada para atuar na Copa do Mundo de 2014 nas
atribuições inerentes à instituição. Isso decorre do planejamento das ações de
segurança para os Grandes Eventos instituído desde dezembro de 2009, quando foi
criado grupo de trabalho interno para estudar o tema. Além de integrar a
Comissão Especial de Segurança Pública para Grandes Eventos e manter forte
interlocução com a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos
(SESGE) que, aliás, é chefiada por servidor da instituição desde sua criação em
2011, a PF atuou de forma decisiva nas ações de segurança dos Jogos Militares,
do sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014, da Conferência das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável – Rio+20, do sorteio da Copa
das Confederações, da Copa das Confederações e da Jornada Mundial da Juventude;
2. Desde
2011, foram investidos na PF mais de R$ 400 milhões, dois quais R$ 90 milhões
estritamente em equipamentos e capacitação para os Grandes Eventos. Esse
investimento permitiu a aquisição de viaturas, inclusive blindadas,
embarcações, armamento menos letal, coletes balísticos, equipamentos para os
grupos de operações especiais, para os grupos de bombas e explosivos, soluções
de tecnologia da informação, inclusive para investigação de crimes cibernéticos
e identificação de vítimas de desastre, e estruturação do Centro de Cooperação
Policial Internacional;
3. Além
disso, mais de 1200 servidores foram capacitados em diversas áreas de atuação,
tais como segurança de dignitários, polícia marítima, segurança cibernética,
identificação de vítimas de desastre, gerenciamento e negociação de crises,
vistorias e contramedidas, sem contar os diversos treinamentos realizados em
eventos-teste, exercícios, simulados e no período pré-operacional aos eventos
dos quais a PF participou;
4. Quanto
ao orçamento destinado ao órgão, a PF apresenta anualmente crescimento em sua
execução orçamentária, superando os índices oficiais de inflação do período.
Aos números: mais de R$ 852 milhões em 2010, R$ 903 milhões em 2011, R$ 961
milhões em 2012 e R$ 1,026 bilhão em 2013;
5. Outro
dado a ser esclarecido na entrevista refere-se à utilização dos Veículos Aéreos
Não Tripulados. A PF dispõe de duas unidades de VANT operando regularmente,
especialmente nas fronteiras brasileiras. Quanto ao alegado estudo sobre a
necessidade de quinze unidades, vale ressaltar que a conclusão mencionada
refere-se a dados anteriores a 2010 em que se utilizava tecnologia atualmente
defasada;
6. Quanto
ao investimento na compra de material, a PF realizou a maior compra de sua
história em coletes balísticos destinados a segurança dos seus servidores:
11.200. Da mesma forma, foram adquiridas 600 armas longas destinadas ao Comando
de Operação Táticas, Grupos de Pronta Intervenção e Núcleos Especiais de
Polícia Marítima, além de 800 armas não letais para controle de distúrbios,
1.450 viaturas, 18 equipamentos de raio-X, 15 robôs anti-bombas, 111 binóculos
de detectores de visão noturna, 180 designadores laser infravermelho, 20 cães
farejadores, 17 lanchas, 6 scanners corporais para aeroportos, 1 aeronave de
grande porte, entre outros investimentos;
7. A PF
ainda inaugurou novas edificações em diversas localidades, tais como as novas
Superintendências Regionais no Acre e em Roraima, as novas delegacias de
Presidente Prudente/SP, Santa Cruz do Sul/RS, Campina Grande/PB e Guaíra/PR. Em
breve, serão inaugurados os novos prédios referentes à Superintendência no
Amapá e à Delegacia em Cáceres/MT;
8. Foi
realizado concurso para o preenchimento de 1.200 vagas de novos policiais.
Outro concurso para mais 600 policiais está em avançado estágio de autorização
pelo Governo Federal. E a prova para mais de 500 agentes administrativos
ocorreu neste último final de semana;
9. Os
resultados dos investimentos realizados por esta gestão são evidentes com o
recorde de operações policiais especiais deflagradas pelo órgão: 246 em 2011,
289 em 2012 e 296 em 2013. A quantidade de drogas apreendidas pela instituição
também alcançou números históricos: no ano passado, 256 toneladas de drogas
saíram das ruas pelas mãos da PF. A marca de passaporte emitidos em 2013 também
foi recorde: 2,1 milhões de pessoas foram atendidas pelas unidades da
instituição e receberam novos documentos de viagem, número superior ao de uma metrópole
do tamanho de Manaus/AM.
por Fabio
Serapião
Fonte:http://www.cartacapital.com.br/blogs/blog-do-serapiao/policia-federal-rebate-sindicato-e-diz-estar-preparada-para-copa-8868.htmlVeja o que está sendo rebatido:
“PF está
despreparada para a Copa do Mundo”
O
planejamento para o mundial não incluiu a Polícia Federal, diz o presidente do
sindicato dos delegados de SP, Amaury Portugal. No blog do Serapião
Para o
presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Federal de São Paulo e
vice-presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Amaury
Portugal, a PF foi deixada de lado do planejamento da Copa do Mundo e tem sua
capacidade de ação reduzida pela falta de investimentos do governo federal.
Em
entrevista ao Blog do Serapião, Portugal aponta também as principais
dificuldades enfrentadas pela Polícia Federal e afirma que sem investimentos em
tecnologia, capacitação profissional e renovação de armamentos a PF não
conseguirá combater a crime organizado.
Blog do
Serapião: Qual o balanço que o Sindicato faz do ano passado?
Amaury
Portugal: Em 2013 não houve nada de excepcional, a PF, como tem acontecido nos
últimos anos, tem perdido muitas verbas, ou não tem recebido muitas verbas. A
questão de recebimento de material, que era expressiva no passado, há sete ou
seis anos, diminuiu muito. Aeronaves, viaturas, armamentos, não houve renovação
de armamento. A PF, apenas com os recursos que ela tem constitucionalmente,
procurou dinamizar esses setores, mas com muita dificuldade. Sobre as
operações, elas se desenvolvem, mas nada de excepcional. Em um país como o
nosso, com uma fronteira extensa como é, nesse cenário dificílimo para
segurança pública, com o crime organizado querendo concorrer com as forças
regulares. A PF tem passado algumas dificuldades.
BS: Isso
vem de quando, essa queda no repasse de verbas para a PF?
AP: Desde
o fim do governo Lula. Foram sete anos muito bons para a PF, ela se
reestruturou, ela ganhou outro corpo, recebeu armamentos moderníssimos, recebeu
viaturas. No último ano do governo dele começou a cair e depois continuou
sempre em queda. Houve tempos que estava critica a situação, mas agora estamos
mantendo a média. Nós mantemos uma estreita relação com a administração,
inclusive com o ministro José Eduardo Cardozo. Mas existe a dificuldade do
recebimento de valores.
BS: Qual a
avaliação que o sindicato faz dos motivos dessa queda de repasses, vê motivos
econômicos ou uma decisão política?
AP: Acho
que são as duas coisas. Acho que é uma conjuntura econômica, na prática não
vejo uma economia forte. Isso pesou muito, para todos os setores, inclusive
segurança pública. E não falo que isso seja apenas no âmbito federal, no estado
também a coisa está complicado, principalmente aqui em São Paulo.
BS: Nessa
situação, a Polícia Federal tem condições de combater um crime organizado cada
vez mais bem estruturado?
AP: Hoje,
a Polícia Federal precisa ser moderna, ela tem que ter meios tecnológicos
modernos. Escuta ambiental, interceptações, drones (aeronaves não tripuladas),
que aqui conhecemos como VANTs. Por exemplo, nós fizemos um estudo mostrando
que para vigiar toda a extensão de nossas fronteiras precisávamos de cerca
quinze VANTs, temos apenas um, que nem sabemos se ele é utilizado. O principal
desafio desse ano é superar essa defasagem de investimentos para que a Polícia
Federal esteja preparada para combater o crime organizado.
BS: Falta
apenas dinheiro ou também liberdade?
AP: Na
visão do sindicato, dificilmente um policial federal se deixa pressionar pelo
poder público. Como dizia o ex-ministro Marcio Thomaz Bastos, a Polícia Federal
é um órgão do Estado, ela tem que ter autonomia para trabalhar. Mas sabemos que
entre gabinetes essa autonomia pode desaparecer. Mas temos tido avanços no
sentido de coibir essa interferência, como a lei 12.830 sancionada pela
presidenta Dilma, que dá total autonomia para os delegados. Com ela, fica
impossível retirar do delegado qualquer investigação ou inquérito que ele
esteja presidindo. Estamos mais seguros nesse sentido. Mas o problema é a
operacionalidade e nisso estamos decaindo muito.
BS: Essa
falta de dinheiro explica a diminuição no número de grandes operações, como as
registradas nos primeiros anos do governo Lula?
AP: O
principal motivo é falta de recurso, que caiu desde o último ano do governo
Lula e continua a cair com a presidente Dilma. O outro é que você não sente por
parte do poder público a vontade necessária para que a Polícia Federal seja
atuante como era há alguns anos.
BS: Qual é
o resultado dessa falta de investimento?
AP: Eu
participei recentemente de uma reunião com representantes das polícias de
outros países. Nesse encontro, discutimos o avanço da criminalidade organizada.
A previsão deles é que, até 2025, o crime organizado estará em paridade de
forças com o poder do Estado. Esse é o resultado, sem investimento corremos o
risco de ficar a mercê do crime. Se a coisa continuar a ser dirigida dessa
forma, eu não sou otimista. Não se pode ficar nesse jogo de empurra-empurra
entre governo federal e estadual. Outra coisa, não podemos ter no comando dos
órgãos de seguranças pessoas sem experiência. Como é o caso do estado de São
Paulo, o secretário é um promotor. O caso da Secretária Nacional de Segurança
Pública, que também é presidida por alguém sem a experiência necessária.
BS: Neste
ano o Brasil recebe a Copa do Mundo. O clima é um pouco tenso e temos a
possibilidade de grandes manifestações. A Polícia Federal está preparada?
AP: Não, a
Polícia Federal está completamente despreparada, a Polícia Federal foi alijada
do planejamento da parte de segurança pública desses grandes eventos. Isso
ficou a cargo do Ministério da Justiça, exército e outros setores do governo. A
polícia Federal tinha seus especialistas, mas houve choque na hora da definição
de como seria a organização desses eventos. A Polícia Federal foi deixada de
lado no momento de pensar como seria a organização desses grandes eventos.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/blogs/blog-do-serapiao/201cpolicia-federal-esta-completamente-despreparada-para-a-copa-do-mundo201d-diz-sindicato-7294.html
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