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segunda-feira, 24 de março de 2014

Eleições não são um meio de Verdade (ŽIŽEK)

“Eleições não são um meio de Verdade
Não há razão para desprezar as eleições democráticas; deve-se apenas insistir que não existe uma indicação per se da Verdade – como regra, elas tendem a refletir a doxa predominante determinada pela ideologia hegemônica.
[...]
Pode haver eleições democráticas que sancionem um evento de Verdade – uma eleição na qual, contra a inércia cético-cínica, a maioria “desperte” momentaneamente e vote contra a opinião ideológica dominante –, porém, o caráter bastante excepcional de um tal surpreendente resultado eleitoral prova que as eleições como tal não são um meio de Verdade.
[...]
Tanto Putin quanto Berlusconi governam em uma democracia que é cada vez mais reduzida para sua casca vazia e ritualizada e, a despeito da situação econômica que se degrada rapidamente, ambos gozam de amplo (acima de dois terços dos votos) apoio popular.
[...]

Essa silenciosa aceitação de Berlusconi como Destino é talvez o mais triste aspecto do seu reino: sua democracia é uma democracia daqueles que ganharam graças à inércia, que reinam por meio da desmoralização cínica.”

(ŽIŽEK, Slavoj. Democracia corrompida - O potencial autêntico da democracia vem perdendo terreno hoje para a ascensão de um novo capitalismo autoritário. In. Dossiê CULT: A democracia e seus impasses, julho, 2012. p. 54)

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