O
materialismo histórico é uma abordagem
metodológica ao estudo da sociedade, da economia e da história que foi pela
primeira vez elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels(1818-1883), malgrado
eles próprios nunca tenham empregado essa expressão.
O
materialismo histórico procura as causas
de desenvolvimentos e mudanças na sociedade humana nos meios pelos quais os
seres humanos produzem coletivamente as necessidades da vida. As classes sociais
e a relação entre elas, além das estruturas políticas e formas de pensar de uma
dada sociedade, seriam fundamentadas em sua atividade econômica.1
O
materialismo histórico na qualidade de sistema explanatório foi expandido e
refinado por milhares de estudos acadêmicos desde a morte de Marx.
Ideias
Centrais
De acordo
com a tese do materialismo histórico defende-se que a evolução histórica, desde as sociedades mais remotas até à atual, se
dá pelos confrontos entre diferentes classes sociais decorrentes da
"exploração do homem pelo homem". A teoria serve também como
forma essencial para explicar as relações entre sujeitos. Assim, como exemplos
apontados por Marx, temos durante o feudalismo os servos que teriam sido
oprimidos pelos senhores, enquanto que no capitalismo seria a classe operária
pela burguesia.
Esta
teoria de evolucionismo histórico fundamentava o pensamento Marxista que
conduziu à implementação dos regimes comunistas pela "Revolução", ou
seja, a rebelião das classes operárias contra os capitalistas.
O
materialismo histórico como propulsor da evolução histórica foi posto em causa quer pelos pensadores
liberais, que levaram ao desenvolvimento das Democracias do Norte da Europa,
Reino Unido e América do Norte, quer pelos pensadores corporativistas que
levaram ao desenvolvimento dos regimes autoritários de Itália, Portugal e
Espanha.
No
capítulo III da obra "Do Socialismo Utópico ao Socialismo Cientifico",
Friederich Engels afirma:2
"A concepção materialista da história parte da
tese de que a produção, e com ela a troca dos produtos, é a base de toda a
ordem social; de que em todas as sociedades que desfilam pela história, a
distribuição dos produtos, e juntamente com ela a divisão social dos homens em
classes ou camadas, é determinada pelo que a sociedade produz e como produz o
pelo modo de trocar os seus produtos."
Fundamentos
O
materialismo histórico, pensamento desenvolvido pelo estudioso Karl Marx,
fundamenta-se, inicialmente, na observação
da realidade a partir da análise das estruturas e superestruturas que circundam
um determinado modo de produção. Isto significa dizer que a história está, e sempre esteve, ligada ao
mundo dos homens enquanto produtores de suas condições concretas de vida e,
portanto, tem sua base fincada nas raízes do mundo material, organizado por
todos aqueles que compõem a sociedade. Os modos de produção são históricos
e devem ser interpretados como uma maneira que os homens encontraram, em suas
relações, para se desenvolver e dar continuidade à espécie. Segundo Marx:3
"Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina
a consciência"
O fato de
Marx estar ligado a essa percepção material da vida e, por conseguinte,
vinculado ao entendimento das relações humanas a partir dessa lógica da
realidade que se faz presente no cotidiano das pessoas, nos dá a possibilidade
para compreendermos que o pensamento marxista se estrutura, principalmente, por
meio da inversão do pensamento Hegeliano. O propósito de uma história pautada
no materialismo aparece como uma oposição ao idealismo. A realidade dos povos,
segundo Marx, não pode ser explanada a partir de um parâmetro que entenda as
ideias como um fator que figurem em primeiro plano, uma vez que estas somente
encontram o seu valor enquanto fornecedoras dos alicerces que sustentam a
imensa estrutura econômica, que nada mais é do que o próprio mundo material, o
mundo real.
As ideias seriam, então, o reflexo da imagem
construída pela classe social dominante. O poder que ela exerce sobre as
pessoas está diretamente relacionado com a edificação ideológica que esta
“elite” constrói dentro das mentes de seus dominados, fornecendo sua visão de
mundo. É dessa forma que a ideologia permeia a consciência de todos,
transformando-os em objetos de uso e de exploração. Assim sendo, Marx
acredita que a manutenção da estrutura
econômica se dá mediante essa inversão da realidade, que se encontra no
direito, na religião, e nas mais diversas formas de controle.
Segundo
Marx, a sucessão de um modo de produção
por outro ocorre devido a inadequação desse mesmo modo de produção e suas
forças produtivas. Exemplo: no final da Idade Média, quando houve o
desenvolvimento do comércio, as relações servis começaram a desempenhar um
papel de entrave ao desenvolvimento das forças produtivas, provocando assim uma
implosão dentro do sistema e originando outro novo: o capitalismo.
Compreende-se, então, que o capitalismo nasceu a partir das contradições do
sistema feudal, e que a burguesia (classe dirigente), ao criar a sua oposição,
o operariado, engendrou também o seu futuro extermínio, cavando a sua própria
cova.4
Referências
Nikolai
Bukharin. Historical Materialism: A System of Sociology.
Do
Socialismo Utópico ao Socialismo Cientifico.
Karl Marx
(e a critica à consciência moderna).
Marx/Engels on Historical Materialism.
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