A rede Advogados
Ativistas relata a CartaCapital agressões de policiais, dispersão de
manifestantes e outros problemas na última manifestação contra a Copa
Advogados
tiveram uma série de obstáculos para garantir o direito de ampla defesa aos
manifestantes durante o último protesto contra a Copa do Mundo em São Paulo, no
sábado 22. Integrantes da rede Advogados Ativistas relataram agressões da
polícia, intimidação de integrantes da OAB-SP e a dispersão de manifestantes em
diferentes de distritos policiais.
A rede de
advogados trabalha de maneira voluntária com os manifestantes, prática
conhecida como advocacia pro bono. Naquele sábado, eles também acompanharam
depoimentos no DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais), no
inquérito sobre diversas manifestações na cidade. Veja abaixo os problemas
relatados por eles:
Agressões
da Polícia e roubo de celular
Os
advogados não conseguiam ter contato com os manifestantes, que ficaram dentro
de um cordão de isolamento feito pela polícia. A maior parte dos 253 presos
daquela noite foi cercado durante a ação. Os defensores contam ter ficado ao
redor dos policiais, tentando falar com quem era retirado. Enquanto isso, os
policiais dirigiam ofensas e empurrões a eles.
O advogado
Luiz Guilherme Ferreira conta ter sido agredido após tirar uma foto de um
manifestante retirado com “força excessiva” do local. “Depois que eu tirei uma
foto e coloquei o celular no bolso, veio um cara da tropa de choque e enfiou a
mão nele. Consegui segurar sua mão, mas vieram mais dois: um me pegou no mata
leão e outro torceu meu braço esquerdo.” Os policiais levaram o celular do
advogado, que ficou sem comunicação durante o restante do protesto, e até agora
não recuperou o aparelho.
Dispersão
de presos pela cidade
A maior
parte das detenções foram feitas em único lugar, próximo a entrada do metrô do
Anhangabaú. Os manifestantes, porém, foram levadas a sete DPs, nos bairros da
Liberdade, Bom Retiro, Campos Elíseos, Consolação, Aclimação, Brás e Jardins.
Parte deles sequer tem plantão, e normalmente estão fechadas no sábado à noite.
Alguns
detidos eram levados a porta de uma delegacia e, de lá, enviados a outra,
aumentando ainda mais a confusão. Em uma das delegacias, contam os advogados,
os presos permaneceram dentro do ônibus da PM durante mais de duas horas. Esta
prática já é usada pela polícia desde as manifestações do ano passado, e dificulta
que os advogados saibam onde estão os detidos.
Intimidação
de integrantes da OAB-SP
Os
advogados contam que integrantes da OAB-SP estavam em delegacias tentando
impedir o seu trabalho. Os membros da comissão de defesa da advocacia alegavam
estar lá para buscar advogados que fizessem a “cooptação da clientela” -uma
série de práticas ilegais de atrair clientes.
Marcos da
Costa, presidente da OAB-SP, nega que a atitude tenha sido autorizada pela
ordem. “Nós recebemos reclamações e estamos apurando. A OAB, nas delegacias,
tenta fazer com que as prerrogativas da profissão sejam cumpridas.” Costa
também disse uma comissão vai acompanhar os advogados nos próximos protestos
para evitar “que haja algum tipo de desrespeito à atividade profissional.”
Para os
advogados, a ordem não está cooperando com seu trabalho. “A OAB, até o presente
momento, se portou de maneira governista. Oito meses depois, vamos ver se
teremos o apoio da ordem,” diz o advogado Brenno Tardelli.
Investigação
sobre pagamentos de advogados
Os
investigadores do DEIC também têm questionado quem paga os advogados dos
acusados, tentando desta forma achar quem está “por trás” dos protestos. A
prática foi presenciada pelos defensores que acompanharam alguns depoimentos no
último sábado.
Os advogados
contam ter orientado os seus clientes que não respondessem a pergunta. “Ainda
que houvesse um honorário, ele é confidencial”, diz o advogado André Zanardo.
por Piero
Locatelli
Fonte:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/saiba-o-que-dificulta-o-trabalho-de-advogados-em-protestos-4432.html
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