Sala do Advogados/OAB com colegas e diretoria da ATRACE |
Em setembro, os alunos do Projeto Comunidade e Direitos
Sociais do Escritório de Direitos Humanos (Unichristus) e os discentes de Direito
Processual do Trabalho, todos orientados pelo Professor Clovis Renato, foram ao
Fórum Autran Nunes da Justiça do Trabalho no Ceará, localizado na
Av. Tristão Gonçalves, 912 - Centro.
Angélica - Diretoria |
Sob a orientação do membro do magistério jurídico, os alunos
saíram da Faculdade com o objetivo de entender, a partir da observação e
explicações práticas, o funcionamento da
Justiça do Trabalho na 7ª Região do Trabalho. Ainda, compreenderem o trabalho
dos serventuários do Fórum, dos advogados, membros do Ministério Público do
Trabalho (MPT), Juízes e a conjuntura geral encontrada pelas partes que buscam
tal ramo especializado.
Projeto Comunidade e Direitos Sociais - EDH/Unichristus |
No dia 03, o professor foi apresentando aspectos críticos
que circundam o Fórum, tais como os "laçadores" (termo utilizado para
definir pessoas contratadas por advogados para captarem causas nas proximidades
de órgãos estatais de proteção às relações de trabalho).
Vendo os laçadores na rua |
Tais figuras ficam, geralmente, na parte externa do Fórum,
oferecendo o contato de advogados para aqueles que pretendem ingressar com ação
na Justiça do Trabalho. A situação foi contextualizada como problemática pelo
professor, uma vez que mercantiliza a advocacia e, geralmente, parte de
advogados que não tem qualquer compromisso com as causas, via de regra,
pretendendo participar apenas da primeira audiência para firmar eventual
acordo, não raro abandonando o cliente quando a questão tende a se prolongar.
Como destacado pela advogada Ana Peixe[i]:
Advogada Ise na Sala da OAB |
“Sempre existiu nos arredores da Justiça
do Trabalho alencarina, o fórum Autran Nunes, aquele que aqui chamamos laçador.
Seu serviço consiste em abordar os trabalhadores mais desavisados e tentar lhes
vender serviços de advogados. Geralmente muito habilidosos com o laço, ou seja,
extremamente persuasivos, os laçadores (ou ainda atravessadores) prometem o sol
e a lua aos trabalhadores mais ingênuos ( tais pagamento de 13 salário, férias,
FGTS, aviso prévio, seguro desemprego e etc), convencem os reclamantes e os
levam a advogados pré-determinados, percebendo, pelo serviço valores que variam
conforme o grau de vinculação do trabalhador a empresa ou ao patrão.
Francisco Facó, advogado e poeta,
militante a mais de 20 anos na Justiça do Trabalho, resume, com maestria, no
poema transcrito a seguir, o que talvez não tenhamos conseguido fazê-lo com
palavras comuns.
Advogado Ítalo Barbosa - ATRACE |
O Laçador
“Na Justiça do Trabalho, o obreiro
aparece.
E, para “quebrar o seu galho”, o laçador
se oferece.
Daí passa a correr riscos na mão deste
infiel
Que a um causídico a risco, o vende a
grosso, a granel.
Ouvido esse coitado, por “aético
defensor”
Nem sabe que foi comprado àquele vil
laçador.
Na presença do juiz, ao lado desse
“doutor”,
alegria dos alunos |
“crente” esta de ser feliz o misero
trabalhador.”
Não pensemos que medidas no sentido de
coibir esse tipo de ação não tenham sido tomadas por inúmeras vezes, mas,
conforme podemos verificar, nenhuma delas surtiu efeitos posto que seguem
firmes e fortes, com estabilidade garantida, os laçadores desta comarca.”
Os “laçadores” são rejeitados pelos advogados mais éticos e
pelas autoridades públicas que tentam conscientizar a sociedade quanto ao
problema. É o que foi destacado em matéria de Plínio Bortolotti no Jornal O
Povo:
“Cordel vai combater ‘laçadores’ que
fazem vítimas no entorno do Fórum Autran Nunes
Esteve visitando O POVO na manhã desta
quinta-feira [10/12/2009] o juiz Judicael Sudário de Pinho, diretor do Fórum
Autran Nunes [Justiça do Trabalho].
Judicael mostra-se preocupado com os
“laçadores’ que rondam as cercanias da Justiça
do Trabalho. ‘Laçadores” são agenciadores de escritórios de advocacia que
gravitam em torno do Fórum Autran Nunes e “abordam trabalhadores com promessas
fantasiosas para a solução de supostas questões trabalhistas’.
São problemas que, muitas vezes, nem
existem, nas relações de trabalho, diz o diretor do Fórum. Mas os ‘laçadores’ acabam por convencer a pessoa abordada a
abrir um processo. ‘Quem acaba sendo a vítima e perdendo dinheiro é o
trabalhador’, diz Judicael, pois os escritórios cobram para iniciar as ações.”[ii]
Em seguida, o grupo dirigiu-se ao Arquivo do Fórum, onde
ouviram dos servidores, com atenção especial da coordenadora do setor Sra.
Tarcília. Foi explicado sobre as finalidades, importância, organização e
objetivos do arquivo.
O grupo seguiu para a Sala dos Advogados (mantida pela
OAB/CE), percebendo, novamente, a tamanha organização dos empregados da OAB/CE
e dos advogados, utilizando o espaço para aprimorarem seus trabalhos, planejar
suas ações, solidarizarem-se quanto a eventuais problemas de colegas e se
confraternizarem profissionalmente.
Em cada sala que os alunos entravam, um funcionário ou
servidor se disponibilizava gentilmente para explicar o funcionamento, a
relevância e os objetivos pretendidos pelo órgão judicial.
Vara do Trabalho |
Constatou-se, também,
que a celeridade dos processos trabalhistas é, também, fruto da
dedicação e empenho de todos que trabalham no
Fórum Autran Nunes.
O Professor Clovis Renato ao encontrar colegas da advocacia passava
a compartilhar com o grupo casos recentes em que o trabalho dos advogados
trabalhistas foi crucial nas negociações para aprimoramento das relações na
Justiça do Trabalho, como aconteceu para a melhoria do atendimento dos
advogados na Caixa Econômica Federal, com ações conjuntas da ATRACE e da OAB/CE
(COMSINDICAL, COM. Trabalho, dentre outras), por exemplo.
O grupo teve, ainda, a sorte de encontrar o advogado José
Marcelo Pinheiro (Cecéu), Presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas
do Estado Ceará (ATRACE), que explicou a importância da Justiça do Trabalho na
efetivação dos direitos dos trabalhadores e do papel do Advogado em uma
sociedade que precisa, mais do nunca, resgatar o valor Justiça.
Para finalizar, os alunos puderam ver como acontece, na
prática, uma audiência trabalhista na Vara do Trabalho, tendo acompanhado o
trabalho das Dras. Kaline e Daniela, ambas Juízas do Trabalho que coordenam o
Projeto Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC) pela AMATRA VII.
A Magistrada Kaline explicou a posição das partes, dos
advogados e do juiz na audiência, despertando admiração nos alunos, bem como
gentilmente orientou os alunos de Direito para conhecerem o funcionamento da
Vara do Trabalho quanto às atividades dos juízes, servidores e estagiários. A
Juíza Daniela estava conduzindo uma audiência de instrução, recebeu com alegria
os acadêmicos, lamentando não poderem, em razão do horário para retorno à
faculdade, acompanhar toda a audiência, de modo que convidou os alunos para a
realização de novas visitas, com mais vagar.
Em seguida, a Chefe de Secretaria da Vara e a analista explicaram
o funcionamento geral do setor, como acontecia a gestão administrativa do Fórum
e dos processos, explicando, também, a importância do Processo Eletrônico na
celeridade da Justiça do Trabalho e a imprescindibilidade dos servidores para
mantê-lo hígido e adequado ao Devido Processo Legal.
Foi uma manhã importantíssima na vida dos acadêmicos de
Direito da Unichristus. A atividade proporcionou aos alunos a experiência de
vivenciar, na prática, a essência do Direito na organização da sociedade e o
trabalho desenvolvido no Fórum Autran Nunes.
No dia 10 de setembro, os alunos da Escola de Ensino Profissional
Comendador Miguel Gurgel fizeram a visita ao Fórum Autran Nunes junto com os
integrantes da AMATRAVII, pelo Projeto TJC, os quais foram acompanhados pelas
alunas da Unichristus (Projeto Comuidade e Direitos Sociais/EDH), Carmelita
Coêlho e Brena Brasil.
Os alunos foram recebidos pela AmatraVII e divididos em
grupos, cada grupo ficou sendo orientado
por um profissional do Fórum e foi
encaminhado às Varas do Trabalho.
Assistiram audiências, algumas de instrução, outras com conciliação, seguindo pelos
corredores do Fórum com explicações sobre o funcionamento do Poder Judiciário
em si, quais as causas processadas em âmbito trabalhista, com comparações
ligadas aos Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Lei 9.099/95), no que se
assemelhava.
Tratou-se, ainda, da divisão dos poderes como disposta na Constituição
de 1988, em Executivo, Legislativo e Judiciário. Ressaltou-se, identicamente, a
importância da sociedade conhecer seus direitos, especialmente os alunos das
escolas de ensino profissional, uma vez que alguns já estão estagiando e em
pouco tempo ingressarão no mercado de trabalho.
Após o esclarecimento de dúvidas apresentadas pelos alunos,
todos foram encaminhados ao nono andar para esperar os demais colegas e
receberem o lanche.
Os alunos ficaram muito satisfeitos com a visita, sendo
notável o interesse, encontrando-se alguns, na hora da partida, desejosos de
ficar mais para acompanharem audiências.
Luana
Mendes
Membro do Projeto Comunidade e Direitos Sociais – EDH/Unichristus
Carmelita
Coêlho
Membro do Projeto Comunidade e Direitos Sociais – EDH/Unichristus
Clovis
Renato Costa Farias
Professor Orientador do Projeto Comunidade e Direitos Sociais - EDH/Unichristus
Doutorando em Direito
Professor Orientador do Projeto Comunidade e Direitos Sociais - EDH/Unichristus
Doutorando em Direito
Bolsita da CAPES
Membro do GRUPE e da ATRACE
Autor das Páginas
Vida, Arte e Direito
(vidaarteedireito.blogspot.com)
Periódico Atividade
(vidaarteedireitonoticias.blogspot.com)
Canal Vida, Arte e Direito
(www.youtube.com/user/3mestress)
[i] PEIXE, Ana. A Figura do
Laçador na Justiça Obreira Cearense. Net: http://carvalhoepeixe.blogspot.com.br/2011/03/figura-do-lacador-na-justica-obreira.html.
Acesso em 20/09/2013.
[ii] BORTOLOTTI, Plínio. Cordel
vai combater "laçadores" que fazem vítimas no entorno do Fórum Autran
Nunes. Jornal O Povo. Net: http://blog.opovo.com.br/pliniobortolotti/cordel-vai-combater-lacadores-que-fazem-vitimas-no-entorno-do-forum-autran-nunes/.
Acesso em 20/09/2013.
Um comentário:
Joel Jaqueline: O primeiro professor a nos fazer sentir na pele a realidade das varas de justicas, seus aspectos, particularidades e limitações. Da viagem, além da experiência singular, tiramos pra nós que a Justiça do Teabalho caminha a ml anos luz à frente da comum, seja ela estadual ou federal.
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