Segundo
dados da Agência de Investigação Americana (NTSB, sigla em inglês) aproximadamente 80% dos acidentes aéreos
foram provocados por erro humano, sendo que a fadiga dos pilotos foi
responsável por aproximadamente 20% desse total.
Na
segunda-feira (24) um piloto da Gol cancelou um voo que sairia do aeroporto de
Confins, em Belo Horizonte, com destino ao aeroporto de Santos Dumont, no Rio
de Janeiro, após declarar aos passageiros que
"não tinha mais reflexo nem condições físicas" para prosseguir viagem
no comando da aeronave.
Segundo a
legislação atual, um piloto comercial
pode ficar fora de casa por 6 dias na semana, período no qual ele fica à
disposição da empresa aérea por 11 horas. Esse período pode ainda ser estendido
por mais uma hora. Após isso, ele tem assegurado outras 12 horas de descanso
--normalmente em um hotel. Ele ainda pode ser escalado para fazer voos durante
a madrugada por até 5 dos 6 dias em que trabalha.
O UOL
conversou com dois pilotos de companhias aéreas, que preferiram não se
identificar, e que declararam já ter voado em condições de grande cansaço por
conta das atuais condições de trabalho definidas na legislação vigente.
PILOTO DIZ
NÃO TER CONDIÇÕES E CANCELA VOO APÓS EMBARQUE
Segundo
Adriano Castanho, diretor do sindicato dos Aeronautas, a atual jornada de
trabalho de pilotos e comissários compromete a vida social e, no caso dos voos
na madrugada, gera um cansaço ainda maior, já que a qualidade do sono diurno
não é a mesma do noturno.
A
regulamentação desta jornada é antiga, de 1984. "Naquela época 11h da
noite não tinha ninguém voando", diz Castanho. O sindicato e outras
associações do setor trabalham para defender o Projeto de Lei 4824/2012 que
regula a jornada de trabalho de comandantes, copilotos, comissários e mecânicos
de voo. O projeto está em tramitação em comissões do Congresso Nacional e se
aprovado deve definir regras mais atuais para o setor.
Na última
terça-feira(25), também foi aprovada a inclusão do fator fadiga humana nas
investigações de acidentes aéreos em um encontro do Comitê Nacional de
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CNPAA), em Brasília.
Com esta
iniciativa dados como carga de trabalho e intervalos de folgas passarão a ser
considerados na avaliação de fatores humanos que possam ter contribuído de
alguma forma para o acidente em investigação.
Adriano
avaliou como positiva a inclusão da fadiga na apuração dos acidentes aéreos,
mas ressalta que o mais importante é a prevenção e que neste sentido o projeto
de lei em tramitação tem papel fundamental para isto.
Veja o vídeo na fonte da
notícia: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/11/28/fadiga-de-pilotos---rascunho.htm
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