Pesquisa
de Oxford identificou traço único de personalidade de humoristas que pode
explicar por que tantos deles sofrem por dentro enquanto fazem rir em público.
Robin
Williams foi um de muitos comediantes que fizeram rir em público enquanto
sofriam em sua vida privada.
O ator,
que tinha 63 anos, suicidou-se na segunda-feira em sua casa na Califórnia.
No fim de
julho, o humorista Fausto Fanti, do grupo Hermes e Renato, foi encontrado morto
em seu apartamento em São Paulo com um cinto em torno do pescoço. A Polícia
investiga o caso, registrado como "suicídio consumado".
Pouco
antes de falecer por causa de uma doença pulmonar, Chico Anysio revelou no
início de 2012, em uma entrevista na TV, que travou uma dura - e vitoriosa -
batalha contra a depressão.
O ator e
comediante inglês Stephen Fry sofria de transtorno bipolar e revelou no ano
passado que tentou se matar em 2012.
Isso leva
a nos questionar: os mestres do riso tem uma tendência maior à depressão? E, se
for o caso, por quê?
Perfil
contraditório
"Não
é preciso ser um gênio para saber que comediantes são um pouco loucos",
disse a humorista inglesa Susan Murray no início deste ano, em resposta a um
estudo que sugeria que comediantes têm traços psicológicos ligados a psicoses.
Em
janeiro, pesquisadores da Universidade de Oxford publicaram os resultados de um
estudo em que participaram 523 comediantes (404 homens e 119 mulheres) do Reino
Unido, dos Estados Unidos e da Austrália.
"Descobrimos
que comediantes têm um perfil de personalidade pouco comum e um tanto
contraditório", diz Gordon Claridge, do Departamento de Psicologia
Experimental de Oxford.
"Por
um lado, eles eram bastante introvertidos, depressivos e, poderíamos dizer,
esquisitos. Por outro, eles são bastante extrovertidos e cheios de manias.
Talvez a comédia - o lado extrovertido - seja uma forma de lidar com o lado
depressivo. Mas, claro, isso não vale para todo comediante"
'Vencível'
Em seu
depoimento, Chico Anysio revelou que se tratava com um psiquiatra havia 24
anos. Sem esse tratamento, ele disse, "não teria conseguido fazer 20% do
que eu fiz".
"Entendi
que era depressão, pude pagar os remédios e o psiquiatra e, então, eu venci.
Porque ela é vencível”, contou o humorista.
No caso do
humorista Fanti, os investigadores à frente do caso disseram que consideram a
hipótese de ele ter se suicidado por estar passando por um momento difícil em
sua vida.
Fanti
estava se separando da mulher, com quem tinha uma filha de oito anos.
O
humorista inglês Stephen Fry, que lançou em 2006 o documentário "A vida
secreta de um maníaco depressivo", revelou em uma entrevista em 2012 sua
luta contra a depressão.
"Havia
momentos em que eu estava gravando o programa na TV e rindo por fora, enquanto
por dentro pensava 'quero morrer'", disse ele.
Criatividade
John Loyd,
produtor e ator de programas de comédia na TV britânica, sofre de transtorno
bipolar, que afeta gravemente o humor.
Uma pessoa
bipolar alterna entre fases de extrema felicidade e criatividade e depressão
profunda.
Lloyd diz
que esse tipo de problema é "muito, muito comum entre profissionais
criativos".
"Pessoas
estáveis pensam que o mundo está bom como ele é hoje. Não acham que precisam
mudá-lo. Pessoas criativas não pensam assim. E quem quer mudar o mundo sofre muito
com isso".
Robin
Williams supostamente também sofria de transtorno bipolar.
Em
público, ele sempre parecia estar atuando e fazendo os outros rir, mas nunca
escondeu seus problemas com álcool e em seu casamento.
Mas, nas
entrevistas, era mais reservado quanto a seus problemas de ansiedade e buscava
ver o lado positivo da situação.
"Sempre
que você se deprime, a comédia o tira do buraco", disse ao jornal The
Guardian em 1996.
Pagando o
preço
Integrante
do grupo Monthy Python, Terry Gilliam dirigiu Williams em "O pescador de
ilusões" (1991) e diz que seu talento era um "milagre", mas que
isso "não vinha do nada".
"Quando
os deuses te dão um talento do nível de Robin Williams, há um preço a ser
pago", disse Gilliam à BBC.
"Isso
vem de profundos problemas internos. Uma preocupação. Todos os tipos de medos.
Ainda assim, ele sempre conseguia canalizar tudo isso e transformar em
ouro."
Mas nem
todos os comediantes passam por dificuldades assim, e a depressão está longe de
ser algo exclusivo de personalidades criativas.
Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 350 milhões de pessoas no mundo
sofrem desse problema.
Em seus
casos mais graves, a depressão pode levar ao suicídio. Por ano, cerca de 1
milhão de mortes são causadas por suicídios.
Nick Maguire,
o principal palestrante em psicologia clínica da Universidade de Southhampton,
diz que pode haver uma conexão entre a depressão e a comédia, mas que
"certamente não é muito forte ou clara".
Ele
explica que as pessoas têm diferentes formas de lidar com a depressão.
"Normalmente,
elas se isolam. Outra forma de amenizar temporariamente o impacto dessas
emoções é fazer as pessoas rirem e gostarem de você", diz Maguire.
"Infelizmente,
isso é bom enquanto está ocorrendo, mas, quando você volta para casa, o que
você faz?"
Fonte:
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/08/por-que-tantos-comediantes-sofrem-de-depressao.html
Saiba mais
O que é
Depressão?
A
depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua
história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa
autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. É
imprescindível o acompanhamento médico tanto para o diagnóstico quanto para o
tratamento adequado.
Causas
A
depressão é uma doença. Há uma série de evidências que mostram alterações
químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos
neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina),
substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. Outros processos
que ocorrem dentro das células nervosas também estão envolvidos.
Ao
contrário do que normalmente se pensa, os fatores psicológicos e sociais,
muitas vezes, são consequência e não causa da depressão. Vale ressaltar que o
estresse pode precipitar a depressão em pessoas com predisposição, que
provavelmente é genética. A prevalência (número de casos numa população) da
depressão é estimada em 19%, o que significa que aproximadamente uma em cada
cinco pessoas no mundo apresenta o problema em algum momento da vida.
Sintomas
de Depressão
São
sintomas de depressão:
Humor
depressivo ou irritabilidade, ansiedade e angústia
Desânimo,
cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as coisas
Diminuição
ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente
consideradas agradáveis
Desinteresse,
falta de motivação e apatia
Falta de
vontade e indecisão
Sentimentos
de medo, insegurança, desesperança, desespero, desamparo e vazio
Pessimismo,
ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa autoestima, sensação de
falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso, doença ou morte.
A pessoa
pode desejar morrer, planejar uma forma de morrer ou tentar suicídio
Interpretação
distorcida e negativa da realidade: tudo é visto sob a ótica depressiva, um tom
"cinzento" para si, os outros e o seu mundo
Dificuldade
de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento
Diminuição
do desempenho sexual (pode até manter atividade sexual, mas sem a conotação
prazerosa habitual) e da libido
Perda ou
aumento do apetite e do peso
Insônia
(dificuldade de conciliar o sono, múltiplos despertares ou sensação de sono
muito superficial), despertar matinal precoce (geralmente duas horas antes do
horário habitual) ou, menos frequentemente, aumento do sono (dorme demais e
mesmo assim fica com sono a maior parte do tempo)
Dores e
outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos, como dores de
barriga, má digestão, azia, diarreia, constipação, flatulência, tensão na nuca
e nos ombros, dor de cabeça ou no corpo, sensação de corpo pesado ou de pressão
no peito, entre outros.
Tratamento
de Depressão
O
tratamento da depressão é essencialmente medicamentoso. Existem mais de 30
antidepressivos disponíveis. Ao contrário do que alguns temem, essas medicações
não são como drogas, que deixam a pessoa eufórica e provocam vício. A terapia é
simples e, de modo geral, não incapacita ou entorpece o paciente.
Alguns
pacientes precisam de tratamento de manutenção ou preventivo, que pode levar
anos ou a vida inteira, para evitar o aparecimento de novos episódios de
depressão. A psicoterapia ajuda o paciente, mas não previne novos episódios,
nem cura a depressão.
A técnica
auxilia na reestruturação psicológica do indivíduo, além de aumentar a sua
compreensão sobre o processo de depressão e na resolução de conflitos, o que
diminui o impacto provocado pelo estresse.
Fonte:
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/depressao
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