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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Greve modifica cenário cultural na USP

A greve na USP já dura três meses e tem originado diversas atividades culturais. Além de eventos promovidos por uma comissão de mobilização composta por docentes em assembleia que decidiu pela greve da categoria, funcionaram e alunos dos departamentos também se organizam para promover espaços de debate.
A Faculdade de Educação, por exemplo, durante os meses de agosto e setembro, recebe a exposição “Verás que um filho teu não foge à luta – A História da Luta Democrática no Brasil”. O evento reúne imagens e textos sobre vários movimentos sociais históricos ocorridos no país, incluindo o Golpe de 1964 e as Greves de 1968 e do ABC.
Já na Escola de Comunicações e Artes (ECA), professores e alunos do curso de Educomunicação criaram um espaço para discutir o contexto universitário durante o período de greve. Todas as quartas-feiras, às 19h30, acontece o evento “Atividades culturais e analítico-reflexivas do período de greve na ECA-USP”, no Auditório Paulo Emílio.
“O CCA (Departamento de Comunicações e Artes), em greve, decidiu que o processo exigiria muito mais do que parar as atividades. Exigiria possibilitar um debate constante entre alunos, professores e servidores técnicos-administrativos sobre questões que envolvem diretamente a USP e também outros elementos da cidadania”, afirma Ricardo Alexino Ferreira, professor do departamento.

A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) também se mobilizou. Até o dia 29 de agosto, acontece a “Semana da memória, cultura e resistência: cotas e as lutas do povo negro”, promovida por alunos do curso de história, bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PET-História USP), pelo Centro Acadêmico de História (CAHIS USP) e por membros do Núcleo de Consciência Negra.
Segundo integrantes do PET, o evento promove a discussão de temas relacionados a experiências históricas da população negra brasileira, em convergência com demandas encampadas pelo Movimento Negro desde 1970. O objetivo, durante a greve, seria fomentar o debate sobre cotas e acesso à Universidade entre os estudantes, propiciar a extensão dos conhecimentos produzidos no ambiente universitário para fora dos muros da USP.
CANCELAMENTOS
Por outro lado, a greve também causa prejuízos culturais. Não só aulas e serviços foram interrompidos em várias das unidades, como muitos eventos extracurriculares tiveram de ser suspensos.
Em alguns locais, a programação foi paralisada pelo bloqueio de parte dos prédios que abrigariam os eventos. No site do Cinusp, por exemplo, há um aviso dizendo que a programação está suspensa por conta da impossibilidade de acesso à sala. Caso similar ocorre com o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), que teve o Café Acadêmico do último dia 7 cancelado em virtude do fechamento do prédio pelo Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo).
Outras unidades, como a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin e o Museu da Maria Antônia, também tiveram a programação afetada pela falta de funcionários. A biblioteca, como o IEB, teve um Café Acadêmico cancelado, que será reagendado, mas ainda não tem data prevista para acontecer. No Maria Antônia, cursos que deveriam ter acontecido em junho serão remarcados, mas não se sabe para quando.
Para Fabiana Jardim, professora da Faculdade de Educação (FE) e participante da comissão de mobilização dos docentes, a greve é um espaço de formação, já que o debate entre pessoas de diversas unidades propicia a união de perspectivas pluridisciplinares. “O ideal seria que tivéssemos condições de garantir espaços de diálogo sobre a Universidade mesmo em tempos ‘normais’. Talvez um dos ganhos dessa greve seja a explicitação de quão ‘anormais’ têm sido os tempos no que se refere à cultura universitária”, conclui.
COMISSÃO DE MOBILIZAÇÃO DE DOCENTES
Mesmo com a interrupção de alguns eventos culturais, a greve proporciona atividades e discussões que não teriam espaço para acontecer no dia a dia da Universidade. Nesse sentido, a comissão formada por docentes é responsável pelas programações de greve e tem reuniões semanais para selecionar temas, preparar e divulgar os eventos.
De acordo com Fabiana Jardim, o grupo atua em dois eixos. Um deles é responsável por propor e organizar as atividades do calendário e o outro recebe e divulga as informações de eventos das unidades. Para a professora, apesar de suspender tarefas rotineiras, a greve possibilita a organização de atividades capazes de ampliar o diálogo entre os três setores (professores, alunos e funcionários) da Universidade e deles com o público em geral.
 “Um dos objetivos das atividades é trazer para o universo da greve pessoas que não costumam participar de espaços como assembleias, por exemplo. As atividades culturais possibilitam o engajamento daqueles que, por quaisquer razões, não estão nos espaços de decisão, mas gostariam de estar nos espaços de debate”, esclareceu Fabiana.
Além das reuniões semanais, a comissão troca mensagens diariamente sobre acontecimentos e propostas de atividades e leituras nas unidades. A comissão se responsabiliza pelo contato com os convidados, reserva de auditórios e certo de agendas. Depois, ocorre a programação e divulgação do calendário geral, seja pelo site da Adusp (Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo), seja pela página da comissão no Facebook.
por VICTORIA SALEMI e FABÍOLA COSTA

Fonte: http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2014/08/greve-modifica-cenario-cultural-na-usp/

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