Greve
estava marcada para começar hoje. Em caso de descumprimento, foi estabelecida
multa diária de R$ 100 mil. Audiência ocorrerá dia 6
A Justiça
acatou pedido de liminar da Prefeitura de Fortaleza e determinou que não se
inicie a greve dos professores da rede municipal, que estava marcada para
começar hoje. Na decisão, assinada pela desembargadora Maria Nailde Pinheiro
Nogueira, também foi proibida a realização, em um raio de 200 metros das
escolas, de “aglomerações capazes de prejudicar o desempenho das atividades
educacionais”.
Em caso de
descumprimento, foi estabelecida multa diária de R$ 100 mil. A desembargadora
também determinou a realização de audiência de conciliação para 6 de agosto
próximo, no Tribunal de Justiça do Ceará.
A
Prefeitura ajuizou a ação na última quarta-feira, 30, pedindo a declaração da
ilegalidade/abusividade de greve. Figuram como réus o Sindicato União dos Trabalhadores
em Educação de Fortaleza (Sindi&Ute); o Sindicato Único dos Trabalhadores
em Educação no Ceará (Sindiute) e a União dos Trabalhadores em Educação do
Ceará (UTE).
Na
decisão, a desembargadora considerou que “se encontra em curso um esforço por
parte de todas as entidades envolvidas para tentar contornar a situação”. Ela
cita a realização de uma reunião no último dia 22 de julho entre representantes
dos sindicatos envolvidos e da Secretaria Municipal da Educação (SME), “em que
se discutiu praticamente toda a pauta de reivindicações proposta e em que,
inegavelmente, apresentaram-se avanços consideráveis”. A magistrada também
considerou que, iniciada a greve, “seria sonegado aos alunos o direito à
prestação de serviço essencial de educação”.
Na liminar,
Maria Nailde não cita que a greve é ilegal. Segundo a decisão, “a interrupção do movimento paredista não
prejudica seu futuro reinício” caso,
posteriormente, a greve seja considerada legal pela Justiça.
A
presidente do Sindiute, Gardênia Baima, informa que os professores devem acatar
a decisão da Justiça. Segundo ela, o sindicato se reunirá com a categoria na
manhã de hoje, na Câmara Municipal de Fortaleza, a fim de informar sobre a
decisão da desembargadora e a audiência marcada para o próximo dia 6.
Ainda
conforme Gardênia, os professores devem se reunir em nova assembleia no dia
posterior à audiência no Tribunal de Justiça. Para a presidente do Sindiute, a
decisão judicial “abre um canal de negociação” entre os docentes e a Prefeitura
de Fortaleza.
Apelo dos
pais
Na manhã
de ontem, um grupo de pais, mães e responsáveis por alunos da rede pública de
ensino de Fortaleza lançaram manifesto contra a greve dos professores
municipais. O manifesto foi entregue ao titular da SME, Joaquim Aristides de
Oliveira. Dez pais, mães e responsáveis participaram do encontro.
“Há dez anos, a gente sofre com um calendário
atrasado. Quando, finalmente, as coisas estão acontecendo nas datas certas, vem
uma nova greve. Nossos filhos é que vão perder”, ponderou Carlos Henrique de
Maria, 32. “O sindicato inventa greve em todo ano de eleição. Todo pai sofre. E
o aluno perde”, declarou o porteiro Anacleto Vitorino, 50.
Sobre o
manifesto dos pais, a diretora do Sindiute destacou que, assim como há o
direito de greve, há direito de livre manifestação. “Enquanto havia uma
comissão conversando com a SME, havia reunião na maioria das escolas com os
pais e nós tivemos oportunidade de entregar carta aberta a esses pais, que
ouviram explicação sobre a greve e nos apoiaram”, disse.
Aos pais,
o secretário da Educação, Joaquim Aristides de Oliveira, sugeriu que, a exemplo
da Prefeitura, procurassem apoio do Ministério Público. Ele disse que a
secretaria está aberta a novas rodadas de negociação. “Para nós, a vitória é
não haver greve. Mas, para não haver greve, é preciso haver disposição para o
diálogo”, afirma o secretário.
Serviço
Secretaria
Municipal da Educação (SME)
Endereço:
avenida Desembargador Moreira, 2875, bairro Dionísio Torres
Telefone:
3459 6700
Sindicato
Único dos Trabalhadores em Educação (Sindiute)
Endereço:
rua Floriano Peixoto, 1464, bairro José Bonifácio
Telefone:
3231 7282
Saiba mais
Reivindicações
Pagamento
de 4,9% do piso salarial, retroativo a janeiro;
Reajuste
do vale-alimentação de R$ 7,50 para R$ 10;
Pagamento
de cinco anuênios que estariam atrasados;
Suspensão
do projeto de lei que altera a redução da carga horária, que hoje é de 50 anos
ou de 20 anos de serviço prestado; e concentra no diretor da escola o poder de
executar as ordens de despesas e a seleção de professores substitutos.
“Queremos a democratização e participação nessas decisões”, comenta a diretora
do Sindiute;
A não
implantação da meritocracia, em que se dá prêmios pelos desempenhos;
A lei do
Difícil Acesso deverá oferecer também benefícios para docentes que repõem
faltas eventuais, e não apenas aqueles que têm 100% de frequência;
Respeito
ao 1/3 de horas para planejamento de aulas, previsto na Lei 11738/08. Ele não
seria respeitado em Fortaleza desde 2008;
Concurso
público imediato.
Contraproposta
da Prefeitura
Substituição
do vale-refeição pelo Auxílio de Dedicação Exclusiva no valor de R$ 10;
Implantação
até setembro de 2014 do 1/3 de horas para planejamento de aulas
Substituição
da Gratificação de Difícil Acesso pela Gratificação de Incentivo à Lotação.
Segundo documento da PMF, a gratificação anterior beneficiava 150 profissionais
com 30% do vencimento ou salário até janeiro de 2014, e a proposta é que os
mesmos 30% agora incidam sobre o nível inicial da carreira do magistério
municipal, que seria de R$ 515,80 e passaria a beneficiar mil profissionais.
Docentes que faltarem, justificarem e reporem as aulas no mesmo mês não terão o
benefício suspenso.
A PMF
alega que tem cumprido integralmente, desde 2013, os reajustes salariais. E que
desde janeiro empreendeu um aumento de 12,32%.
Pagamento
de dois anuênios em agosto e novembro.
Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/cotidiano/2014/08/01/noticiasjornalcotidiano,3291135/pais-fazem-manifesto-contra-greve-dos-professores-que-comeca-hoje.shtml
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