O Sindicato
dos Comerciários do Rio de Janeiro está de volta à categoria. Depois de décadas
sob o domínio da família Mata Roma, uma intervenção judicial possibilitou o que
os trabalhadores comerciários tanto ansiavam: um pleito democrático para eleger
a diretoria do sindicato. Com a totalização das urnas apuradas, a Chapa 1 - A
Hora da Mudança, apoiada pela CTB, está eleita para a direção do Sindicato.
Os números
finais foram: Chapa 1: 874 votos; Chapa 2: 44 votos e Chapa 3: 143. O processo
eleitoral aconteceu ao longo dessa quarta-feira (17).
Apesar de
nenhum incidente nas urnas, o processo eleitoral foi marcado por tensão após
mais de 200 capangas (mais de 20% com passagens pela polícia por roubo com
arma, estelionato, tráfico e estupro, segundo informações da polícia de São
Paulo) invadirem e depredarem a sede do sindicato na madrugada de quarta.
O presidente
eleito do Sindicato, o comerciário Márcio Ayer, trabalhador da loja Material de
Construção Sangue Bom, declarou que a vitória da Chapa 1 representa a vontade
dos trabalhadores em retomar para si o sindicato. "Essa importante vitória
mostra que os trabalhadores estão em busca de mudanças para a categoria!
Demonstra que os trabalhadores querem um sindicato de volta para construir um
novo caminho! E essa é a nossa tarefa: a partir de agora, trabalhar
incansavelmente por um novo rumo a essa entidade para que os comerciários do
Rio de Janeiro possam ter um sindicato combativo e de luta".
Uma eleição
histórica
O presidente
nacional da CTB, Adílson Araújo, participa da festa da vitória no Rio de
Janeiro, mas lamenta que o processo de eleição tenha chegado ao ponto de
depredarem a sede do sindicato. "A democracia, a liberdade e o resgate da
dignidade da categoria vão apontando um novo tempo para a vida do Sindicato dos
Comerciários do RJ, filiado à UGT. Eleições podem colocar um fim na nebulosa história
do clã da família Mata Rosa e seu invejável patrimônio construído as custas do
suor da categoria comerciária ao longo de mais de quatro décadas".
A eleição do
Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro vai entrar para a história do
movimento Sindical brasileiro. O pleito acontece pela primeira vez no sindicato
após a intervenção judicial que retirou a família Mata Roma da direção da
entidade após quase 50 de muita corrupção, fraudes e nepotismo. Luizant Mata
Roma assumiu sindicato como interventor nomeado pela ditadura militar em 1966 e
ficou na direção da entidade até sua morte em 2006, quando seu filho Otto Mata
Roma e a UGT passaram a controlar a entidade, transformando-a em uma verdadeira
capitania hereditária sindical.
Ano passado,
a Justiça do Trabalho nomeou um interventor para apurar as denuncias de
corrupção que pairavam sobre a entidade e a auditoria feita nas contas da
entidade revelou que Otton Mata Roma contratava seus parentes com salários que
chegavam até R$ 23 mil (enquanto o salário da categoria não chega a R$ 1 mil).
Outros diretores do sindicato ganhavam até R$ 60 mil com direito a cartão
coorporativo com crédito ilimitado. As fraudes chegam a somar mais de R$ 100
milhões apenas nos últimos 5 anos.
Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia/265904-8
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