Manifestação
de professores em Curitiba tem confronto com a PM, bombas e agressão
Prefeitura
diz que houve 213 feridos, enquanto governo fala em 62, entre eles 22 policiais
CURITIBA E
SÃO PAULO - Em pouco mais de uma hora de confronto, 213 pessoas, segundo a
prefeitura de Curitiba, ficaram feridas num protesto de professores em greve
que terminou em confronto com a polícia, em frente à Assembleia Legislativa do
Paraná (Alep). Segundo o serviço médico municipal, oito manifestantes — três
com traumatismo craniano — foram levados a hospitais em estado grave. O governo
paranaense, porém, fez à noite outro balanço: 40 manifestantes e 22 policiais
feridos. A PM informou que sete manifestantes foram presos.
A confusão
começou no início da tarde desta quarta-feira, após um grupo de professores
tentar invadir a Alep, no momento em que começaria a votação de uma lei que
muda as regras da previdência social do funcionalismo público. A greve dos
professores começou em fevereiro e durou até o fim de março. No sábado, a
categoria retomou a paralisação.
Assim que
derrubaram as grades, os manifestantes foram contidos com tiros de bala de
borracha e jatos d´água. Cerca de 20 mil pessoas participavam do ato, segundo
os organizadores. A polícia não contabilizou.
Nos
arredores do Centro Cívico, onde aconteceu o confronto, uma creche foi fechada,
e as crianças, dispensadas.
Em meio ao
avanço da polícia, os manifestantes reagiam jogando pedras e pedaços de pau.
Equipados com capacetes, cassetetes e escudos, os soldados também avançaram
sobre os jornalistas. Um cachorro pitbull da Polícia Militar mordeu um repórter
cinematográfico da TV Bandeirantes. Ele foi levado em estado grave para uma
ambulância do Samu e passaria ainda ontem por uma cirurgia. Uma equipe de TV
foi afastada da área do conflito com jatos de água. Os profissionais foram
derrubados no chão com o impacto.
Um
jornalista da CATVE foi ferido por uma bala de borracha no rosto, segundo
testemunhas. Imagens gravadas no local mostram policiais chutando manifestantes
que já estavam rendidos, sentados no chão.
A tentativa
dos professores de impedir a votação da lei foi inócua. O projeto foi aprovado
no início da noite, em segundo turno, com 30 votos favoráveis e 21 contrários.
Os parlamentares chegaram a fechar a sessão por causa da confusão, mas abriram
uma extraordinária e aprovaram as mudanças da regra previdenciária. O projeto
vai para a sanção do governador Beto Richa (PSDB).
Em meio a
uma crise financeira, o governador enviou à Alep proposta que muda as regras de
pagamentos do fundo de previdências estadual, a Paraná Previdência. O projeto
propõe que 33 mil beneficiários com 73 anos ou mais sejam transferidos do Fundo
Financeiro, mantido pelo Tesouro estadual, para o Fundo Previdenciário, bancado
por contribuições dos servidores e do poder público. Assim, o governo deixa de
pagar sozinho essas aposentadorias e divide a conta com os servidores.
Os
servidores são contra a medida. Alegam que a mudança comprometeria a saúde
financeira da Paraná Previdência. O governo nega e argumenta que o estado
continuará arcando, mensalmente, com R$ 380 milhões para os benefícios de
servidores civis e militares.
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Em razão da
proposta, os professores, uma das categorias atingidas pela mudança, iniciaram
nova greve. A Justiça determinou o retorno às atividades, mas os profissionais
alegam que não foram notificados. Assim que a presidência da Alep anunciou que
votaria a proposta esta semana, os servidores convocaram manifestação. O prédio
da Assembleia estava cercado desde sábado por 2 mil policiais.
PREFEITO
APELA POR PACIFICAÇÃO
Segundo a
prefeitura de Curitiba, os feridos no confronto de ontem foram levados para
Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e para o Hospital do Trabalhador. O
prefeito da capital paranaense, Gustavo Fruet (PDT), anunciou pelo Facebook que
dispensou todos os servidores municipais que trabalham no prédio da prefeitura,
perto do local do confronto. “Faço um apelo ao governador, Secretaria de Estado
da Segurança Pública e Assembleia. Por favor. Momento é de pacificar. Já temos
muitos feridos aqui”, escreveu o prefeito na rede social.
Antes mesmo
do protesto pela mudança na previdência, os professores já reivindicavam um
aumento de 13,01%, conforme o piso nacional.
Leia mais
sobre esse assunto em
http://oglobo.globo.com/brasil/manifestacao-de-professores-em-curitiba-tem-confronto-com-pm-bombas-agressao-16013020#ixzz3YtCEhsoc
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