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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Após desistir de constituinte, Dilma quer convocar plebiscito popular

O ministro da Educação disse que o governo não tem tempo hábil para realizar a constituinte e, por isso, Dilma falou em plebiscito popular.
A presidente Dilma Rousseff desistiu de fazer uma constituinte exclusiva para a reforma política. Agora, a proposta do governo é convocar um plebiscito, mas a proposta também divide opiniões e já recebe críticas.

A constituição fala em dois tipos de consulta popular. No plebiscito, o povo é consultado antes de votação no Congresso.  No referendo, os parlamentares aprovam uma medida e o povo confirma ou rejeita a proposta.
Foi o que aconteceu no plebiscito sobre o comércio de armas de fogo, em 2005. A ideia de uma constituinte exclusiva para tratar do assunto foi descartada depois da reação de políticos e do mundo jurídico.
A mudança de rumo foi anunciada pelo ministro da Educação, no inicio da noite. “Nós não temos tempo hábil para realizar uma constituinte. Por isso que a presidenta, falou em um plebiscito popular. Abrir o debate em um plebiscito popular”, declara Aloizio Mercante, ministro da Educação.

Ao longo do dia, a presidente conversou com representantes de movimentos sociais, aliados, presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal. A proposta de uma constituinte enfrentava resistência até dentro do Palácio do Planalto.
“Para a solução atual, não se faz necessária uma constituinte. Ou seja, não se faz necessária romper a ordem jurídica. O que se faz necessário é consultar o povo. O povo vai dizer qual a reforma política que quer”, diz Michel Temer, vice-presidente da República.
O ministro da Justiça, que participou dos encontros, também defendeu o plebiscito.
“Poderia ser feito um plebiscito onde se perguntasse ‘voto distrital, voto distrital misto, fica como está, financiamento de campanha’, etc”, diz José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça.
A presidente Dilma conversou por quase uma hora com o presidente do STF, Joaquim Barbosa. O ministro não deu a opinião dele sobre a constituinte porque poderia ter que julgar o assunto no Supremo. Mas disse que é a favor que o povo seja consultado.
“O povo brasileiro está tão acostumado a responder sobre esses assuntos, que respondeu sobre esses assuntos há pouco tempo. Nós tivemos referendo. Nós tivemos plebiscito em 1993 sobre o sistema de governo”, declara Joaquim Barbosa.
O governo não admite que recuou. No Congresso, a mudança de direção foi vista com bons olhos até pela oposição. Mas não há consenso sobre o plebiscito. E agora fala-se em referendo: submeter à população o resultado da reforma política que for aprovada pelos parlamentares. 
“A representação está meio que questionada, você delegar isso ao povo, para mim é um gol de placa. Eu considero que é uma medida necessária, essencial para dialogar com as ruas. Eu defendo o plebiscito e o referendo, porque ai você aperfeiçoa todo o sistema”, diz o deputado José Guimarães, líder do PT.
“O que precisamos consultar agora é se este texto que pode ser construído com os movimentos, e o Congresso e saber se a sociedade referenda ele ou não, isso se chama referendo. Este é o caminho correto, produtivo, e capaz muito mais do que o outro”, declara o deputado Ronaldo Caiado, líder do DEM.
Os juristas concordam com uma consulta popular. Mas não um plebiscito, como quer o governo.
“A Constituição admite o plebiscito e admite o referendo. Aliás, o referendo é melhor do que o plebiscito. O plebiscito pergunta para população se ela deseja um certo tipo de legislação. No referendo faz-se a legislação e submete à aprovação da população. Então, em princípio, é possível sim o referendo. Agora, não assim em termos vagos. O que se quer fazer? O que se quer perguntar à população? Quer uma reforma política? Em que termos?”, diz Carlos Velloso., ex-presidente do TSE.
E o ex-presidente do STF, Ayres Brito, é enfático na preferência pelo referendo.
“No referendo, o Congresso Nacional já apresenta ao povo um projeto de lei completo, com todo o conteúdo, é um cheque preenchido, inclusive assinado. O povo apenas endossa ou deixa de endossar este cheque. E em um plebiscito o povo passa um cheque em branco para o Congresso Nacional. Ele diz sim ou não sobre determinada matéria, porém tudo mais fica a critério do Congresso Nacional. Eu prefiro o referendo ao plebiscito”, declara Carlos Ayres Brito, presidente do STF.
Hoje o governo vai procurar o Tribunal Superior Eleitoral para discutir as condições para a realização da consulta popular. A ideia é fazer a consulta o mais rápido possível, no máximo até outubro.

Fonte: http://g1.globo.com

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