Simón José
Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y Palacios Ponte-Andrade y Blanco
(Caracas, 24 de julho de 1783 — Santa Marta, 17 de dezembro de 1830), comumente
conhecido como Simón Bolívar (Pronúncia espanhola: [siˈmon boˈliβar], AFI), foi um militar
e líder político venezuelano. Junto a
José de San Martín, foi uma das
peças chave nas guerras de independência da América Espanhola do Império
Espanhol1.
Após o
triunfo da Monarquia Espanhola, Bolívar participou da fundação da primeira união de nações independentes na
América Latina, nomeada Grã-Colômbia, na qual foi Presidente de 1819 a 1830.
Simón
Bolívar é considerado na América Latina como um herói, visionário,
revolucionário, e libertador. Durante
seu curto tempo de vida, liderou a Bolívia, a Colômbia, Equador, Panamá, Peru e
Venezuela à independência, e ajudou a lançar bases ideológicas democráticas na
maioria da América Hispânica. Por essa razão, é referido por alguns
historiadores como "George Washington da América do Sul".2 3
Infância e
juventude
De origem
aristocrata, Simón Bolívar nasceu em Caracas, Venezuela, filho de Juan Vicente
Bolívar y Ponte-Andrade e de María de la Concepción Palacios de Aguirre y
Ariztía-Sojo y Blanco. Tinha quatro irmãos: Angela, Juliana, Rita e María
Bolívar, esta última falecida poucas horas após o nascimento.
O pai de
Simón faleceu quando este tinha apenas três anos, em 1786. Sua mãe morre em 6
de julho de 17921. O menino foi então levado para a casa do avô
materno, e, depois da morte deste, para a casa do tio, Carlos Palacios.
Início dos
ideais
Aos doze
anos Simón fugiu da casa do tio para a casa de sua irmã María Antonia, por quem
sentia uma maior ligação afectiva. Em consequência do seu ato passou alguns
meses na casa do pedagogo Simón Rodríguez, por quem foi muito influenciado e
com quem manteve uma relação de amizade até o fim dos seus dias. Teve ainda
outros tutores, entre os quais o humanista Andrés Bello.
Em janeiro
de 1797 ingressou como cadete no Batalhão de Milícias de Blancos de los Valles
de Aragua (do qual o seu pai tinha sido Coronel), onde se destacou pelo seu
desempenho.
Em 1799
viajou para a Espanha com o propósito de aprofundar os seus estudos. Em Madrid
ampliou os seus conhecimentos de História, Literatura, Matemática e aprendeu a
Língua francesa. Na capital espanhola casou-se com María Teresa Rodríguez del
Toro y Alaysa (26 de maio de 1802)
O Libertador
No dia 14 de
agosto de 1805, no Monte Sacro, em Roma, Simón Bolívar proclamou diante de
Simón Rodríguez e do seu amigo Francisco Rodríguez del Toro que não descansaria
enquanto não libertasse toda a América do domínio espanhol (Juramento do Monte
Sacro). O local tinha grande valor simbólico uma vez que havia sido palco do
protesto dos plebeus contra os aristocratas na Roma Antiga. Ainda na Itália
escalou o Vesúvio na companhia de Humboldt e do físico Louis Joseph Gay-Lussac1.
Em meados de
1806, Bolívar tomou conhecimento dos primeiros movimentos em favor da
independência da Venezuela, protagonizados pelo general Francisco Miranda,
decidindo que chegara a ocasião de retornar ao seu país natal.
Em janeiro
de 1807 foi para Charleston nos Estados Unidos, vindo a visitar diversas
cidades naquele país, como Washington, DC, Filadélfia, Boston e Nova Iorque1
.
Bolívar
retornou para a Venezuela ainda em 1807 e, quando Napoleão Bonaparte tornou seu
irmão José Bonaparte, rei de Espanha e das suas colónias em 1808, passou a
participar nas Juntas de resistência na América Espanhola4 .
A Junta de
Caracas declarou a independência em 1810, e Bolívar foi enviado para a Inglaterra
numa missão diplomática.
De volta à
Venezuela em 1811, em Julho de 1812, o líder da Junta, Francisco de Miranda,
rendeu-se às forças espanholas e Bolívar foi obrigado a fugir para Cartagena
das Índias, onde redigiu o Manifesto de Cartagena.
Em 1813
liderou a invasão da Venezuela, entrando em Mérida em 23 de maio, sendo
proclamado El Libertador ("libertador"). Caracas foi reconquistada a
6 de agosto, sendo proclamada a Segunda República Venezuelana. Bolívar passou
então a comandar as forças nacionalistas da Colômbia, capturando Bogotá em 18145.
Entretanto, após alguns revezes militares, Bolívar foi obrigado a fugir, em
1815, para a Jamaica onde pediu ajuda ao líder Haitiano Alexander Sabes Petión.
Aqui redigiu a Carta da Jamaica4.
Em 1816,
concedida essa ajuda, Bolívar regressou ao combate, desembarcando na Venezuela
e capturando Angostura (atual Ciudad Bolívar).
Durante a
libertação de Quito apaixonou-se pela revolucionária Manuela Sáenz, de quem
tornou-se amante, valendo a ela o epíteto de Libertadora do Libertador. Em 1828
ela o salvou de ser assassinado.6
O Integrador
Em 1826,
Bolívar tentou promover uma integração continental ao convocar o Congresso do
Panamá. Compareceram apenas os representantes dos governos do México, da
Federação Centro-Americana, da Grã-Colômbia (Colômbia, Equador e Venezuela) e
do Peru. Era o princípio das Conferências Pan-americanas4 .
Seus ideais
"O novo
mundo deve estar constituído por nações livres e independentes, unidas entre si
por um corpo de leis em comum que regulem seus relacionamentos externos"4
. Nessa frase dita por Simón Bolívar pode-se ter uma ideia de que ele era um
homem à frente de seu tempo, de ideias revolucionárias. Em poucas palavras ele
exterioriza diversas intenções e objetivos. Analisando-se a frase por partes,
observa-se a intenção de:5
Nações
livres, sem o comando das metrópoles da época;
Independentes,
tanto política como economicamente;
União dos
povos, tanto com objetivo de formar blocos, sejam políticos ou econômicos, como
para discutir problemas de ordem mundial.
A ideia de
"nações livres" era, provavelmente, na época, o objetivo mais
importante, pois sem a liberdade, não seria possível a conquista dos outros
objetivos. E para isso, Bolívar não foi só um idealizador, e sim, um verdadeiro
guerreiro, enfrentando as mais diversas batalhas. Mas ele não estava sozinho
nessa luta. Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade haviam se
enraizado nos povos latino-americanos, pois o que se viu não foi uma luta
isolada de Simón e seus fiéis seguidores. Foram lutas por toda a América
Latina, onde cada região teve o seu "libertador", como era chamado
Simón.7
Na questão
de independência, Bolívar via como necessária uma nação não só independente,
mas também democrática: "Somente a democracia, no meu conceito, é
suscetível de uma liberdade absoluta", vinculando a ideia de um governo
democrático, além do fato, também, de ver a necessidade de que se tenha um
projeto econômico5.
Na terceira
parte, ele propõe a união dos povos entre si "por um corpo de leis em
comum que regulem seus relacionamentos externos". É mais nessa terceira
parte que se pauta este trabalho, pois tais leis em comum seriam o Tratado de
União, Liga e Confederação Perpétua, assinado no Congresso do Panamá.
Simón
Bolivar também foi um grande defensor da separação dos poderes temporal e
espiritual (Estado e religião), posição essa fortemente influenciada pelos
princípios maçônicos que professava ao lado de outros libertadores americanos7,
como Miranda, Santa Cruz e San Martín, conforme depreende-se do manifesto que
lançou em 1824/1825, perante o Congresso Constituinte da Bolívia, onde
conclamou:
Cquote1.svg Legisladores! Farei agora menção de um
artigo que, segundo a minha consciência, devia omitir. Numa Constituição
política não deverá prescrever-se uma profissão religiosa, porque segundo as
melhores doutrinas sobre as leis fundamentais estas são as garantias dos
direitos políticos e civis, mas a religião não se integra em nenhum destes
direitos, é de natureza indefinível na ordem social e pertence à moral
intelectual. A religião governa o homem em casa, no gabinete, dentro de si
próprio: ela apenas tem o direito de examinar a sua consciência íntima. As
leis, pelo contrário, têm em vista a superfície das coisas: governam fora da
casa dos cidadãos. Aplicando estas considerações, poderá um Estado reger a
consciência dos seus súbditos, velar pelo cumprimento das leis religiosas e
atribuir prêmio ou castigo, quando os tribunas estão no céu e quando Deus é o
juiz? Só a Inquisição seria capaz de substituí-los neste mundo. Voltará ainda
'a -Inquisição com os seus archotes incendiários? A religião é a lei da
consciência. Toda a lei sobre ela a anula, porque impondo a necessidade tira
mérito à fé, que é a base da religião. Os preceitos e dogmas sagrados são
úteis, luminosos e de evidência metafísica; todos devemos professá-los, mas
este dever é moral, não é político. Cquote2.svg
Porém, nem
tudo foi como Bolívar gostaria que fosse. Com o decorrer do tempo, a situação
não era das melhores, começaram a surgir divergências nas propostas políticas,
muitos criticavam a Simón o seu modo de governar, além de a Espanha continuar a
mandar tropas para a América.
Desse modo,
os ideais iniciais de Simón começaram a se desvirtuar. O seu modo de governo já
se aproximava mais de um autoritarismo do que uma democracia. O poder
demasiadamente centralizado se fazia necessário, mas descaracterizava a
federação que tanto desejava5 . Ele via a América muito fraca ainda, e
precisava desse mando único do governo: "...Cada dia torna-se pior o sul
da América; no dia em que eu deixar o Peru ele volta a se perder: porque não há
homens capazes de sustentar o Estado...".
Além do
mais, via que não estava sendo possível mais vencer a guerra contra os
espanhóis sem uma ajuda externa, procurando algum diálogo com a Inglaterra, o
que também contrariava suas ideias, pois a Inglaterra também era uma metrópole
e seu modo de governo era uma Monarquia, o qual Bolívar era contrário, além do
risco de pedir ajuda a um país que tinha grande relacionamento com a Espanha.
Seus propósitos foram se tornando cada vez mais difíceis de serem atingidos.
Simon
Bolívar costumava dizer que fazer revolução na América é como arar o mar.
Nas regiões
onde ocorriam as guerras os lugares ficavam devastados, prejudicados
economicamente. Campos de agricultura viravam campos de batalhas, que quando
terminadas, deixavam o lugar desolado. Havia problemas como a mão de obra, pois
praticamente todos os homens com mais de 14 anos, que não apresentassem algum
problema físico, deviam se apresentar no exército. Restavam as crianças e
mulheres. Havia ainda problemas na questão de organização dos órgãos públicos:
uma vez expulsos os espanhóis, era necessária uma substituição e reestruturação
do poder público. Soma-se a isso o fato de não se saber se haveria o retorno de
forças armadas espanholas, o que mantinha o ambiente de insegurança7.
A morte
Em 17 de
dezembro de 1830, com a idade de quarenta e sete anos, Simón Bolívar morreu
após uma batalha dolorosa contra a tuberculose8 Na Quinta de San
Pedro Alejandrino em Santa Marta, Grande Colômbia (atual Colômbia)7.
Em seu leito de morte, Bolívar pediu ao seu ajudante-de-campo, o general Daniel
F. O'Leary para queimar o extenso arquivo remanescente de seus escritos, cartas
e discursos. O'Leary desobedeceu a ordem e os seus escritos sobreviveram,
proporcionando aos historiadores uma vasta riqueza de informações sobre o
pensamento e a filosofia liberais de Bolívar, bem como detalhes de sua vida
pessoal, como seu caso amoroso de longa data com Manuela Sáenz. Poucos anos
depois de sua morte, em 1856, Sáenz enriqueceu esse acervo, dando a O'Leary
suas cartas recebidas de Bolívar.9 Símon Rodríguez, com quem viajou até a
Itália em Abril de 1805.
Exumação
Em 15 de
julho de 2010, por ordem do 19° Tribunal de Controle de Caracas, os restos
mortais de Bolívar foram exumados para esclarecer a causa de sua morte, uma vez
que havia a possibilidade de assassinato. A versão oficial, até então, era de
que Bolívar morrera em decorrência de uma tuberculose. Para o presidente Hugo Chávez, Bolívar teria sido vítima de uma
conspiração e envenenado por um general colombiano.10 Em 25 de julho, o
vice-presidente da Venezuela, Elías Jaua, informou que a análise dos restos
mortais de Simón Bolívar não fora conclusiva, permanecendo aberta a possibilidade de envenenamento (intencional ou
não) por arsênico ou cantaridina. O presidente Chávez, no entanto, afirmou
que continuava a acreditar na hipótese de assassinato. 11
Em 2012,
numa cerimônia no Palácio de Miraflores, foi apresentada uma reconstituição
digital do rosto de Bolívar, resultado de dois anos de pesquisas com os restos
mortais do Libertador.12
Homônimos
Simon
Bolivar Buckner foi um político e militar dos Estados Unidos e exerceu o cargo
de governador do Kentucky (1887-1891)
Simon
Bolivar Buckner, Jr. general dos Estados Unidos morto na Batalha de Okinawa em
1945
Referências
↑ Ir para: a b c d Simón Bolívar (em português) Brasil Escola. Visitado
em 24 de julho de 2012.
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↑ INTERNATIONAL: Bolivar
Day Time. Visitado em 28 de maio de 2011.
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↑ Simon Bolivar -
(1783-1830). Visitado em 28 de maio de 2011.
↑ Ir para: a b c d Túlio Vilela. Simón Bolívar foi personagem principal
(em português) UOL - Educação. Visitado em 24 de julho de 2012.
↑ Ir para: a b c d Redação. Simón Bolívar - Biografia (em
português) UOL - Educação. Visitado em 24 de julho de 2012.
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↑ VON HAGEN. Victor W, A
História Amorosa de Manuela e Bolívar. (trad. Agenor Soares de
Moura) Melhoramentos, São Paulo, 1955(?)
↑ Ir para: a b c d Fernando
Rebouças (19 de julho de 2008). Simon Bolívar (em português) InfoEscola. Visitado em
24 de julho de 2012.
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↑ Arismendi Posada,
Ignacio; Gobernantes Colombianos, trad. Colombian Presidents; Interprint
Editors Ltd.; Italgraf; Segunda Edición; Página 19; Bogotá, Colombia; 1983
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↑ Bolívar, Simón. Hope of the universe. Paris: UNESCO, 1983. Print.
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↑ Hugo Chávez manda exumar corpo do
revolucionário Simón Bolívar G1 (17/07/2010). Visitado em 24/09/2010.
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↑ exumação, causa da morte de Simon
Bolívar
ainda é desconhecida, diz Venezuela. Opera Mundi, 25 de julho de
2011.
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↑ Chávez revela 'verdadeiro
rosto' de Bolívar em homenagem ao herói libertador O Dia Online
(24/07/2012). Visitado em 10/03/2013.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sim%C3%B3n_Bol%C3%ADvar
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