Congelamento
de verbas de saúde e educação vai a votação
Relator
da proposta do governo Temer na Câmara faz manobra para driblar 'resistência
eleitoral'
Passada
a eleição na maioria dos municípios, o plano do governo Temer de congelar
investimentos em saúde e educação por vinte anos, a PEC 241, avança no
Congresso. Um primeiro relatório sobre a proposta, favorável à aprovação, foi
apresentado na Câmara nesta terça-feira
4, enquanto o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcava a votação
inicial em plenário para a segunda-feira 10.
Por ser
uma ideia impopular, o relator, deputado
Darcísio Perondi (PMDB-RS), combinou com o governo uma mudança no projeto, com
o objetivo de tentar diminuir resistências parlamentares à aprovação.
O congelamento dos recursos de saúde e
educação começaria não em 2017, como previa a proposta original do governo, mas
em 2018. Desse modo, levará mais
tempo para a população sentir os efeitos da falta de verba em hospitais e
escolas e, talvez, isso não afete o humor do eleitorado na campanha para
deputado e senador em 2018.
A
modificação tinha sido acertada na segunda-feira 3 por Perondi em reunião com o
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, autor intelectual da proposta.
Pelo
plano do governo, o congelamento por vinte anos será incluído na Constituição.
Como se trata de alteração constitucional, sua aprovação exige o apoio de três
quintos dos votos na Câmara e no Senado. Ou seja, 308 deputados e 49 senadores,
um quórum alto e sempre difícil de ser alcançado.
O relatório foi apresentado na comissão
especial que a Câmara havia instalado em agosto para examinar o projeto.
Deputados de partidos adversários do governo bombardearam a ideia com palavras
duras, mesmo diante da mudança feita por Perondi.
“É um
escândalo, uma maldade, uma perversidade. Como é que se impõe teto de gastos
com tratamento de saúde?”, disse a líder da oposição, Jandira Feghali
(PCdoB-RJ). “Isso é um crime, o Brasil possui 60 milhões de analfabetos
funcionais, a educação precisa de mais dinheiro, não de menos”, afirmou o
deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
O governo Michel Temer quer segurar os
investimentos em saúde e educação para que sobre dinheiro a ser usado no
pagamento de juros da dívida pública ao “mercado”. A intenção é corrigir o
orçamento das duas áreas de um ano para o outro com base na inflação, sem
aumentos reais.
A
contenção das verbas de saúde e educação faz parte de uma proposta mais ampla
de congelar todas as despesas públicas por duas décadas e reajustá-las somente
pela inflação. É a chamada PEC (proposta de emenda constitucional) do Novo
Regime Fiscal ou PEC do Teto de Gastos.
Aliado do governo, Rodrigo Maia marcou para a
segunda-feira 10 a primeira votação plenária na Câmara. Para ser aprovada, a
proposta precisa passar por duas apreciações plenárias tanto na Câmara quanto
no Senado. A intenção do governo é liquidar as quatro votações ainda este ano.
O que, se acontecer, será um processo relâmpago.
O congelamento é o coração da política
econômica do governo Temer. Em debate nesta terça-feira 4 na Comissão de
Assuntos Econômicos do Senado, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn,
disse que, com o congelamento, vão melhorar as expectativas do “mercado” em
relação ao Brasil e, sendo assim, haverá mais investimentos privados e
crescimento econômico.
Segundo
um líder de partido governista na Câmara, o congelamento será uma espécie de
teste. Se o governo não for capaz de aprová-lo, também não conseguirá aprovar a
reforma da Previdência, outra proposta em elaboração, nem mudanças na
legislação trabalhista.
Fonte:
http://www.cartacapital.com.br/politica/congelamento-de-verbas-de-saude-e-educacao-vai-a-votacao
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