A esquerda precisa urgentemente se
reinventar. E essa reinvenção passa necessariamente por uma reflexão
profunda sobre os impasses da experiência democrática cujos sintomas
despontam de maneira mais aguda no presente. É essa a tônica de A difícil
democracia: reinventar as esquerdas, o novo livro do renomado sociólogo
português Boaventura de Sousa Santos que acaba de chegar, quentíssimo, da
gráfica aqui. A obra tem sua primeira publicação mundial no Brasil pela
Boitempo e será debatida pelo autor em uma série de atividades na III Bienal do
Livro e da Leitura, em Brasília, que acontece agora entre 21 e 30 de outubro de
2016, e tem Boaventura como Homenageado Internacional deste ano. Confira,
abaixo, o texto de orelha do livro, escrito por Frei Betto.
Por
Frei Betto
A
difícil democracia: reinventar as esquerdas, de Boaventura de Sousa Santos –
eis um livro imprescindível! Se
informação é poder, atualizar-se é um imperativo a quem pretende se manter bem
informado nesse mundo tão desigual e conflituoso.
Quem faz a nossa cabeça? Em que fontes
confiar, se a informação é manipulada pelos interesses do grande capital? A resposta, crítica e positiva, está em autores como
Boaventura de Sousa Santos, que miram a realidade pela óptica dos oprimidos e
concebem a democracia como relações de poder compartilhado.
Este
livro suscita pertinentes reflexões sobre a crise atual da democracia,
ancoradas pela análise de conjunturas recentes: Portugal pós-Revolução dos
Cravos; Cuba pós-União Soviética, e desafiada a reinventar o socialismo; os
governos democráticos populares do Brasil, Venezuela, Bolívia, Equador e
Uruguai; e as Ocupações, as “primaveras” democráticas e o surgimento de novos
atores políticos, como os partidos Podemos, na Espanha, e Cinco Estrelas, na
Itália.
Há futuro para a democracia nessa
globocolonização comandada pela ditadura do capital? Boaventura de Sousa Santos nos oferece uma radiografia crítica
dos diversos modelos de democracia. E a ressitua como uma nova utopia.
O autor
resgata pensadores políticos como o peruano Mariátegui, ressalta o protagonismo
dos movimentos negro e indígena e nos propõe uma nova gramática social que
rompa com o autoritarismo, o patrimonialismo, o monolitismo cultural, o não
reconhecimento da diferença.
Se
queremos levar a democracia a sério, devemos romper os limites da democracia
neoliberal e desencadear um processo que altere as relações de poder desigual
para relações de poder compartilhado.
Como
ele bem escreve, “a democracia tem de
existir, muito além do sistema político, no sistema econômico, nas relações
familiares, raciais, sexuais, regionais, religiosas, de vizinhança,
comunitárias”. E conclui: “Socialismo é democracia sem fim”.
Fonte:
https://blogdaboitempo.com.br/2016/10/24/um-livro-imprescindivel-frei-betto-escreve-sobre-o-a-dificil-democracia-de-boaventura-de-sousa-santos/
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