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segunda-feira, 12 de maio de 2014

É sola! é sola! (DEMITRI TÚLIO - O Povo)

Em que se transformou a Guarda Municipal de Fortaleza? Parece, já não lhe cabe mais este nome e, há tempos, deveria ter sido rebatizada para Polícia Militar Municipal de Fortaleza. É civil apenas no papel. É pacífica somente no discurso. Não há mais “guardas” por lá e, sim, “soldados” despreparados.
E há no renascimento desse “frankenstein” das cidades amedrontadas alguns agravantes. O pior deles: qual estrutura municipal, fora do “comando da Guarda” ou da confusa Secretaria Municipal da Segurança, vigia, investiga e pune abusos que porventura seus homens cometam?
No governo do Estado do Ceará foram anos de pressão para que saísse dos quartéis a prerrogativa de apurar desvio de conduta de militares. É que o corporativismo falava mais alto e a sociedade terminava sempre pedindo perdão por ter levado bordoadas.
A desacreditada e viciada Corregedoria acabou se transformando na didática Controladoria de Disciplina. Embora ainda não funcione dentro do ideal, é um freio para alguns policiais (civis e militares) que costumam se acocorar na impunidade.
E a Controladoria poderá ser mais escola que a Academia Integrada de Segurança Pública. Na Guarda, a cultura militar autoritária começou se formar na gestão Juraci Magalhães Magalhães (PMDB), ganhou força na administração Luizianne Lins (PT) e está se consolidando com Roberto Cláudio (Pros). Pata lá, se importou o que havia de pior na PM.

Os gritos de “é sola! é sola” de um inspetor da Guarda a seus comandados, na última quinta-feira, durante os confrontos com estudantes e gente que nada tinha a ver com o peixe, é sintoma da falta de traquejo desses “militares” às avessas.
Ora, se nem as polícias conseguiram acertar a mão na formação de seus homens, o que dizer da Guarda Municipal que sofre com uma incontinente crise de identidade? A jornalista Sara Oliveira, lesionada, e o fotógrafo Humberto Mota, ameaçado, experimentaram a inabilidade e a truculência de integrantes da Guarda e de policiais do Comando Tático Motorizado (Cotam).
São intocáveis os jornalistas? Não. São operários semelhantes aos PMs e estavam no exercício de seus ofícios.
Quem disse aos aos soldados e oficiais do Cotam que é proibido fotografar a PM e a Guarda em ação contra manifestantes? O querem fazer de ilegal que não se pode registrar?
Quem disse aos aos militares do Cotam que se pode apontar uma arma paraum fotógrafo, devidamente identificado,e ameaçar atirar nele?
Na última sexta-feira um oficial do Cotam, sem identificação, mandou “tirar o palhaço” do fotógrafo Fco Fontenele, devidamente identificado, que registrava a prisão de estudantes no Centro de Fortaleza. Foi detido pela gola da camisa e impedido de ficar na Pedro Pereira.
Secretário Servilho Paiva e coronel Lauro Prado: a ordem, agora, é essa?

DEMITRI TÚLIO é repórter especial e cronista do O POVO

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