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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Como o Plano Cicloviário pode mudar o trânsito de Fortaleza

João Salgado e Clovis Renato

Até julho do próximo ano, a Prefeitura deve elaborar o Plano Diretor Cicloviário Integrado. Documento vai mapear locais que demandam implantação ou reforma de ciclovias, ciclofaixas e bicicletários
Apesar de ter 74 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas – maior corredor entre as capitais nordestinas –, Fortaleza está longe de ser a cidade ideal para quem gosta (e precisa) utilizar bicicleta diariamente como transporte. Má sinalização, ausência de faixas preferenciais, lixo e buracos fazem parte do cotidiano dos ciclistas. Para sanar estes problemas, está sendo produzido o Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI). O documento – que teve ordem de serviço assinada no dia 25 de julho – fará um diagnóstico sobre as áreas que necessitam de implantação ou reforma de ciclovias, ciclofaixas e bicicletários.
Farias, Clovis Renato e Rubens 

Paralelamente ao PDCI, a Prefeitura de Fortaleza também está produzindo o Plano de Circulação de Cargas e de Operações Associadas. Juntos, eles vão custar R$ 960 mil aos cofres públicos. É o preço para estabelecer as diretrizes de desenvolvimento da infraestrutura para a circulação de bicicletas. E, também, para planejar o uso dos espaços públicos de acordo com as necessidades da população.
Para a arquiteta e mestre em desenvolvimento urbano Amíria Brasil, é preciso não apenas traçar vias específicas para as bicicletas, mas fazer as ciclovias e ciclofaixas dialogarem com os outros modais. “Deixando garantido o lugar da bicicleta, mas permitindo que os demais modos de transporte circulem. Antes de iniciar a etapa de planejamento do sistema cicloviário de Fortaleza, é fundamental que se conheça a demanda por espaços cicloviários, que se saiba quem anda de bicicleta, de onde as pessoas vêm e para onde elas vão, e quem gostaria de andar e porque não anda”, pontua Amíria.
Isaías e Clovis Renato
Quando o PDCI for concluído, em julho de 2014, já está garantida uma ciclovia piloto com extensão de 15 km, segundo informação fornecida pela Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf), pasta responsável pela elaboração do plano. Além disso, paralelamente ao PDCI, outros 40 km de ciclovias devem ser construídos pela Secretaria de Turismo (Setfor) e pela Seinf. O engenheiro civil e mestre em engenharia de transportes, Miguel Ary, afirma que é preciso não apenas implantar vias específicas, mas atrelar a utilização das bicicletas aos outros modais. “A rede cicloviária deve ser conectada por trechos de ciclovias, ciclofaixas e vias compartilhadas, e também integrada aos demais sistemas para facilitar a acessibilidade das pessoas aos modos coletivos. Sugere-se a criação de rotas de acesso e estacionamentos junto aos terminais, paradas de ônibus e estações de metrô”, diz.
O PDCI deve fomentar uma mobilidade que Fortaleza ainda não tem e hierarquizar as ações prioritárias, explica a assistente de transporte do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), Sueli Rodrigues. Segundo ela, além das faixas integradas, será pensada uma nova sinalização e linguagem adaptada as necessidades dos ciclistas.
A sinalização é uma dos entraves apontados por Lucas Landim, presidente da Associação dos Ciclistas Urbanos de Fortaleza (Ciclovida). Para ele, três passos são importantes para o sucesso do PDCI: estudo de origens e destinos da população de Fortaleza; criação de rotas alternativas, pois nem todas as avenidas têm espaço para abrigar ciclofaixas ou ciclovias; e uma campanha de conscientização. “Para que o plano funcione, a educação é necessária. É uma questão de mudança de cultura. Percebemos uma demanda reprimida. Muita gente gostaria de usar a bicicleta como meio de transporte, mas tem medo devido a truculência do trânsito”, aponta.
Neto e Clovis Renato

ENTENDA A NOTÍCIA
O PDCI de Fortaleza é o instrumento para estabelecer ações prioritárias e mapear locais que necessitam de implantação de ciclovias, ciclofaixas ou bicicletários. O documento deverá ser elaborado até julho de 2014.
Sugestões
1. Características locais
Levar em conta as características e expectativas dos atuais e futuros usuários, como clima, arborização, vias.
Karynni Mesquista e Clovis Renato

2. Integração
Fortaleza tem muitos quilômetros de ciclovias, mas os trechos não se conectam. Quando a via segregadora acaba, o ciclista é obrigado a circular junto dos veículos.
3. Gerência específica
Fortaleza necessita de uma unidade na estrutura municipal, com técnicos que tenham sensibilidade para considerar os anseios de quem usa a bicicleta.
4. Mudança de mentalidade
Nenhum plano alcançará êxito se não houver profunda mudança de mentalidade. É fundamental uma campanha.
5. Outros modais
É preciso que os caminhos sejam traçados considerando locais de aglomeração. O ciclista faz parte do percurso de bicicleta, mas pode trocá-la por um ônibus ou metrô.

FONTES: Miguel Ary; Amíria Brasil; Gislene Macêdo (estudiosa de mobilidade humana); e os ciclistas Lucas Landim (presidente da Ciclovida), Beatriz Rodrigues (arquiteta e urbanista) e Celso Sakuraba (advogado).
Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/cotidiano/2013/09/11/noticiasjornalcotidiano,3127296/como-o-plano-cicloviario-pode-mudar-o-transito-de-fortaleza.shtml

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