João Salgado e Clovis Renato |
Até julho
do próximo ano, a Prefeitura deve elaborar o Plano Diretor Cicloviário
Integrado. Documento vai mapear locais que demandam implantação ou reforma de
ciclovias, ciclofaixas e bicicletários
Apesar de
ter 74 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas – maior corredor entre as
capitais nordestinas –, Fortaleza está longe de ser a cidade ideal para quem
gosta (e precisa) utilizar bicicleta diariamente como transporte. Má
sinalização, ausência de faixas preferenciais, lixo e buracos fazem parte do
cotidiano dos ciclistas. Para sanar estes problemas, está sendo produzido o
Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI). O documento – que teve ordem de
serviço assinada no dia 25 de julho – fará um diagnóstico sobre as áreas que
necessitam de implantação ou reforma de ciclovias, ciclofaixas e bicicletários.
Farias, Clovis Renato e Rubens |
Paralelamente
ao PDCI, a Prefeitura de Fortaleza também está produzindo o Plano de Circulação
de Cargas e de Operações Associadas. Juntos, eles vão custar R$ 960 mil aos
cofres públicos. É o preço para estabelecer as diretrizes de desenvolvimento da
infraestrutura para a circulação de bicicletas. E, também, para planejar o uso
dos espaços públicos de acordo com as necessidades da população.
Para a
arquiteta e mestre em desenvolvimento urbano Amíria Brasil, é preciso não
apenas traçar vias específicas para as bicicletas, mas fazer as ciclovias e
ciclofaixas dialogarem com os outros modais. “Deixando garantido o lugar da
bicicleta, mas permitindo que os demais modos de transporte circulem. Antes de
iniciar a etapa de planejamento do sistema cicloviário de Fortaleza, é
fundamental que se conheça a demanda por espaços cicloviários, que se saiba
quem anda de bicicleta, de onde as pessoas vêm e para onde elas vão, e quem
gostaria de andar e porque não anda”, pontua Amíria.
Isaías e Clovis Renato |
Quando o
PDCI for concluído, em julho de 2014, já está garantida uma ciclovia piloto com
extensão de 15 km, segundo informação fornecida pela Secretaria Municipal de
Infraestrutura (Seinf), pasta responsável pela elaboração do plano. Além disso,
paralelamente ao PDCI, outros 40 km de ciclovias devem ser construídos pela
Secretaria de Turismo (Setfor) e pela Seinf. O engenheiro civil e mestre em
engenharia de transportes, Miguel Ary, afirma que é preciso não apenas
implantar vias específicas, mas atrelar a utilização das bicicletas aos outros
modais. “A rede cicloviária deve ser conectada por trechos de ciclovias,
ciclofaixas e vias compartilhadas, e também integrada aos demais sistemas para
facilitar a acessibilidade das pessoas aos modos coletivos. Sugere-se a criação
de rotas de acesso e estacionamentos junto aos terminais, paradas de ônibus e
estações de metrô”, diz.
O PDCI
deve fomentar uma mobilidade que Fortaleza ainda não tem e hierarquizar as
ações prioritárias, explica a assistente de transporte do Programa de
Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), Sueli Rodrigues. Segundo ela, além
das faixas integradas, será pensada uma nova sinalização e linguagem adaptada
as necessidades dos ciclistas.
A
sinalização é uma dos entraves apontados por Lucas Landim, presidente da
Associação dos Ciclistas Urbanos de Fortaleza (Ciclovida). Para ele, três
passos são importantes para o sucesso do PDCI: estudo de origens e destinos da
população de Fortaleza; criação de rotas alternativas, pois nem todas as
avenidas têm espaço para abrigar ciclofaixas ou ciclovias; e uma campanha de
conscientização. “Para que o plano funcione, a educação é necessária. É uma
questão de mudança de cultura. Percebemos uma demanda reprimida. Muita gente
gostaria de usar a bicicleta como meio de transporte, mas tem medo devido a
truculência do trânsito”, aponta.
Neto e Clovis Renato |
ENTENDA A
NOTÍCIA
O PDCI de
Fortaleza é o instrumento para estabelecer ações prioritárias e mapear locais
que necessitam de implantação de ciclovias, ciclofaixas ou bicicletários. O
documento deverá ser elaborado até julho de 2014.
Sugestões
1.
Características locais
Levar em
conta as características e expectativas dos atuais e futuros usuários, como
clima, arborização, vias.
Karynni Mesquista e Clovis Renato |
2.
Integração
Fortaleza
tem muitos quilômetros de ciclovias, mas os trechos não se conectam. Quando a
via segregadora acaba, o ciclista é obrigado a circular junto dos veículos.
3.
Gerência específica
Fortaleza
necessita de uma unidade na estrutura municipal, com técnicos que tenham
sensibilidade para considerar os anseios de quem usa a bicicleta.
4. Mudança
de mentalidade
Nenhum
plano alcançará êxito se não houver profunda mudança de mentalidade. É
fundamental uma campanha.
5. Outros
modais
É preciso
que os caminhos sejam traçados considerando locais de aglomeração. O ciclista
faz parte do percurso de bicicleta, mas pode trocá-la por um ônibus ou metrô.
FONTES:
Miguel Ary; Amíria Brasil; Gislene Macêdo (estudiosa de mobilidade humana); e
os ciclistas Lucas Landim (presidente da Ciclovida), Beatriz Rodrigues
(arquiteta e urbanista) e Celso Sakuraba (advogado).
Fonte:
http://www.opovo.com.br/app/opovo/cotidiano/2013/09/11/noticiasjornalcotidiano,3127296/como-o-plano-cicloviario-pode-mudar-o-transito-de-fortaleza.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário