Estar ao lado de lideranças sindicais na Conferência da OIT em Genebra, Suíça, em 2024, foi uma experiência transformadora e desafiadora. Como advogado sindical há mais de 15 anos, orientar as lideranças sindicais para a defesa dos trabalhadores em um evento de tamanha magnitude e relevância global trouxe um sentimento de responsabilidade e esperança. A presença de lideranças de todo o mundo, debatendo temas críticos como a automação, a inteligência artificial e suas consequências para o emprego digno, destacou o quanto os trabalhadores estão sendo pressionados pelas mudanças tecnológicas e políticas globais.
Foi inevitável perceber as
tensões entre os diferentes interesses representados: empregadores buscando
flexibilidade, governos tentando equilibrar políticas públicas e, nós,
representantes dos trabalhadores, lutando por garantias mínimas de proteção
social e direitos trabalhistas. O caráter tripartite da OIT se mostrou mais
relevante do que nunca, mas também vulnerável diante das pressões de
desglobalização e dos discursos que questionam o papel das instituições
multilaterais.
A conferência destacou a urgência
do fortalecimento da OIT como um pilar da justiça social. As discussões
deixaram claro que, diante das ameaças globais como a precarização do trabalho
e o enfraquecimento dos sindicatos, precisamos unir esforços para garantir que
o futuro do trabalho seja inclusivo e sustentável. A OIT é um farol de
esperança, mas precisa de apoio contínuo para enfrentar as novas formas de
exploração e desigualdade que surgem neste mundo cada vez mais automatizado e
digitalizado. Foi um momento decisivo, onde cada voz, cada liderança sindical
presente, pode fazer a diferença na construção de um futuro mais justo para
todos os trabalhadores do mundo.
Uma grata surpresa foi encontrar
o Sindicato dos Comerciários representado pelo presidente Milton Araújo no
evento. Ver um líder de uma categoria tão relevante estar presente em um palco
internacional como a Conferência da OIT reforça a importância de dar voz a
esses trabalhadores, que são a espinha dorsal do comércio em todo o mundo. Como
advogado que também atua em defesa dos comerciários no Brasil, foi gratificante
testemunhar esse reconhecimento global. A presença do sindicato dos
comerciários destaca a luta por melhores condições de trabalho, respeito e
dignidade, elevando as demandas da categoria a um patamar internacional. Isso
mostra que as reivindicações dos comerciários, muitas vezes subestimadas, estão
ganhando visibilidade e ressonância em um fórum de extrema relevância, onde os
desafios e as conquistas desses trabalhadores podem ser debatidos e, esperamos, que sejam transformadas em políticas concretas e inclusivas.
Clovis
Renato, Advogado/Prof. Universitário, Mestre e Doutor em Direito Pela
Universidade Federal do Ceará, membro do GRUPE e do ILAW -
@clovisrenatodireitos
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