Viking[1]
[2] [3] [4] [5] [6] (do nórdico antigo víkingr[7]) ou, em
português, víquingue[8] [9] [10] [11] ou viquingue[12] [13]
[14], é um termo habitualmente usado para se referir aos exploradores, guerreiros, comerciantes e
piratas nórdicos (escandinavos) que invadiram, exploraram e colonizaram grandes
áreas da Europa e das ilhas do Atlântico Norte a partir do final do século VIII
até ao século XI.[15] [16]
Esses
vikings usavam seus famosos navios dragão para viajar do extremo oriente, como
Constantinopla e o rio Volga, na Rússia, até o extremo ocidente, como a
Islândia, Groenlândia e Terra Nova, e até o sul de al-Andalus.[17]
Este período de expansão viking -
conhecidos como a "era viking" - constitui uma parte importante
da história medieval da Escandinávia,
Grã-Bretanha, Irlanda e do resto da Europa em geral.
As
concepções populares dos vikings geralmente diferem do complexo quadro que
emerge da arqueologia e das fontes escritas. A imagem romantizada dos vikings
como bons selvagens germânicos começaram a fincar suas raízes no século XVIII e
isso evoluiu e tornou-se amplamente propagado durante a revitalização viking do
século XIX.[18] A fama dos vikings de brutos e violentos ou
intrépidos aventureiros devem muito ao mito viking moderno que tomou forma no
início do século XX. As atuais representações populares são tipicamente muito
clichês, apresentando os vikings como caricaturas.[18] Eles também fundaram povoados e fizeram comércio pacificamente. A imagem
histórica dos vikings mudou um pouco ao longo dos tempos, e hoje já admite-se
que eles tiveram uma enorme contribuição
na tecnologia marítima e na construção de cidades.[15]
Etimologia
Hoje, de um
modo um tanto controverso, a palavra viking também é usada como um adjetivo que
se refere aos escandinavos da época; a população escandinava medieval é
denominada frequentemente pelo termo genérico "nórdicos".
Os
víquingues[8] ou vikings não usavam a palavra viking para se
referirem a si próprios. A rara ocorrência da palavra em pedras rúnicas é
sobretudo na expressão i viking[19], significando "em viagem de comércio, de pirataria, de
expedição guerreira". Nas terras atingidas pelos vikings eram usados
vários termos para os designar[20]:
Os Ingleses chamavam-nos de dinamarqueses, pagãos,
e mais raramente de vikings.
Os Francos denominavam-nos de nórdicos ou de
dinamarqueses.
Os Irlandeses designavam-nos de pagãos ou de
estrangeiros.
Na Europa
Oriental apelidavam-nos de rus, varangianos ou varegues.
A etimologia
da palavra é um tanto incerta. Na Escandinávia, o termo viking costuma estar relacionado com a palavra vik (enseada, baía) ou
Vik (região costeira à volta do estreito de Escagerraque). Uma hipótese é
que viking era aquele que se escondia num vik, e ir em viking (i viking) era ir
numa expedição marítima guerreira ou de pirataria. Outra hipótese é também
aceite de que vik significava mercador,
derivado do inglês antigo wíc (centro comercial), originada no latim vicus
(pequena povoação).[21]
A raiz da
palavra germânica vik ou wik está relacionada a mercados, é o sufixo
normalmente utilizado para referir-se a uma "cidade mercadora", da mesma forma que burg significa
"lugar fortificado". Sandwich e Harwich, na Inglaterra, ainda mostram
essa terminação, e Quentovic, a recém-escavada cidade portuária dos francos,
mostra a mesma etimologia. A atividade mercantil dos vikings está bem
documentada em vários locais arqueológicos como Hedeby. Há quem acredite que a
palavra viking vem de vikingr do nórdico antigo, língua falada pelos vikings,
mas eles não se denominavam assim; este nome foi atribuído a eles devido ao seu
significado: piratas, aventureiros ou
mercenários viajantes. Os vikings são
escandinavos, que por sua vez, são um povo germânico, sendo provenientes dos
indo-europeus. Os vikings a partir
do século VII começaram a sair da Escandinávia, indo para as regiões próximas,
devido a uma superpopulação e até problemas internos, como no caso de Érico, o
Vermelho que foi expulso da Noruega e da Islândia por assassinato, além da
motivação pelo comércio e pelos saques das cidades europeias. Os anais
francos usam a palavra Normanni, os anglo-saxões os denominavam de Dani, e
embora esses termos certamente se refiram respectivamente aos noruegueses e
dinamarqueses, parece que frequentemente eram usados para os "homens do
norte" em geral. Nas crônicas germânicas eles eram denominados de
Ascomanni, isto é, "homens de madeira", porque suas naus eram feitas
de madeira. Em fontes irlandesas eles aparecem com Gall (forasteiro) ou
Lochlannach (nortistas); para o primeiro eram algumas vezes adicionadas as
palavras branco (para noruegueses) ou preto (para dinamarqueses),
presumivelmente devido às cores de seus escudos ou de suas malhas.
Adão de
Bremen, historiador eclesiástico germânico, afirmou, aproximadamente em 1075,
que o termo viking era usado pelos próprios dinamarqueses. Ele escreve:
"... Os piratas a quem eles [dinamarqueses] chamam de Vikings, mas nós [os
germânicos] chamamos de Ashmen". Se a origem da palavra viking for
escandinava deve ser relativa à vig (batalha), ou vik (riacho, enseada, fiorde
ou baía). Se por outro lado, a palavra viking não for de origem escandinava,
pode estar relacionada à palavra "acampamento" - do inglês antigo wic
e do latim vicus.
Registros
históricos
A terra natal dos vikings era a Noruega,
Suécia e Dinamarca. Eles e seus descendentes se estabeleceram na maior
parte da costa do mar Báltico, grande
parte da Rússia continental, a Normandia na França, Inglaterra e também
atacaram as costas de vários outros países europeus, como Portugal, Espanha,
Itália e até a Sicília e partes da Palestina.[carece de fontes] Os vikings
também chegaram à América antes da
descoberta de Cristóvão Colombo, tendo empreendido uma tentativa fracassada de
colonização na costa da região sudeste do Canadá.
Os vikings eram guerreiros que viajavam pelos
mares a partir de sua terra, na península escandinava, pilhando e saqueando
cidades, mas também estabelecendo colônias e comercializando. Eles chegaram a áreas no
norte da Europa levando sua cultura, como a Normandia, na França, que Rolão
conseguiu através de um acordo com Carlos, o Simples, o Tratado de
Saint-Clair-sur-Epte. Este território era no norte da França ao redor da cidade
de Rouen. Além da Groenlândia, onde Érico, o Vermelho criou colônias após ter
sido expulso da Noruega e da Islândia, e do Canadá, para onde Leif Ericsson,
filho de Érico viajou. Os vikings
costumavam usar lanças (como o deus Odin) e machados e seus capacetes não
possuíam chifres (como são apresentados). Viajavam em barcos rápidos chamados drakkars, "dragão", por
terem uma cabeça do mítico animal esculpida na frente. A velocidade desses
barcos facilitava ataques surpresas e fugas quando necessário.
Expansão
As diversas
nações viking estabeleceram-se em várias zonas da Europa:
Os
dinamarqueses navegaram para o sul, em direção à Frísia, França e partes do sul
da Inglaterra. Entre os anos 1013 e 1042, diversos reis vikings, como Canuto, o
Grande, chegaram mesmo a ocupar o trono inglês.
Os suecos navegaram para o leste entrando na
Rússia, onde Rurik fundou o primeiro estado russo, e pelos rios ao sul para o
mar Negro, Constantinopla e o Império Bizantino.
Os
noruegueses viajaram para o noroeste e oeste, para as Ilhas Faroé, Shetland,
Órcades, Irlanda e Escócia. Excepto nas ilhas britânicas, os noruegueses
encontraram principalmente terras inabitadas e fundaram povoados. Primeiro a
Islândia em 825 (monges irlandeses já estavam lá), depois a Groenlândia (985),
foram ocupadas e colonizadas por vikings noruegueses. Em cerca de 1000 d.C., a
América do Norte foi descoberta por Leif Ericsson da Groenlândia, que a chamou
de Vinland. Um pequeno povoado foi fundado na península norte na Terra Nova
(Canadá), mas a hostilidade dos indígenas locais e o clima frio provocaram o fim
desta colônia em poucos anos. Os restos arqueológicos deste local - L'Anse aux
Meadows - constituem hoje em dia um sítio de Patrimônio Mundial da UNESCO.
Os vikings
começaram a incursar e colonizar ao longo da parte nordeste de mar Báltico nos
séculos VI e VII. No final do século VIII, os suecos faziam longas incursões
descendo os rios da moderna Rússia e estabeleceram fortes ao longo do caminho
para a defesa. No século IX eles controlavam Kiev e em 907 uma força de dois
mil navios e oitenta mil homens atacou Constantinopla. Eles saíram de lá com um
favorável acordo comercial do imperador bizantino. Depois chegando até a
Sicília.
Os vikings fizeram a primeira investida no Oeste
no final do século VIII. Os primeiros relatos de invasões viking datam de 793,
quando dinamarqueses ("marinheiros estrangeiros") atacaram e
saquearam o famoso mosteiro insular de Lindisfarne, na costa Leste da
Inglaterra. Os vikings saquearam o mosteiro, mataram os monges que resistiram,
carregaram seus navios e retornaram à Escandinávia. Nos 200 anos seguintes, a
história Europeia encontra-se repleta de contos sobre os vikings e suas
pilhagens. O tamanho e a frequência das incursões contra a Inglaterra, França e
Alemanha aumentaram ao ponto de se tornarem invasões. Eles saquearam cidades
importantes como Hamburgo, Utrecht e Rouen. Colônias foram estabelecidas como
bases para futuras incursões. As colônias no Noroeste da França ficaram
conhecidas como Normandia (de "homens do Norte"), e seus residentes
eram chamados de normandos.
Em 865, um
grande exército dinamarquês invadiu a Inglaterra. Eles controlaram boa parte da
Inglaterra pelos dois séculos seguintes. Um dos últimos reis de toda a
Inglaterra até 1066 foi Canuto, que governava a Dinamarca e a Noruega
simultaneamente. Em 871, uma outra
grande esquadra navegou pelo rio Sena para atacar Paris. Eles cercaram a cidade
por dois anos, até abandonarem o local com um grande pagamento em dinheiro e
permissão para pilhar, desimpedidos, a parte oeste da França.
Em 911, o rei da França elevou o chefe da
Normandia a Duque em troca da conversão ao cristianismo e da interrupção das
incursões. Do Ducado da Normandia veio uma série de notáveis guerreiros como
Guilherme I, que conquistou a Inglaterra em 1066; Roberto Guiscardo e família,
que tomaram a Sicília dos árabes entre 1060 e 1091 e Balduíno I, rei cruzado de
Jerusalém.
Os vikings
conquistaram a maior parte da Irlanda e grandes partes da Inglaterra, viajaram
pelos rios da França, Portugal e Espanha, e ganharam controle de áreas na
Rússia e na costa do mar Báltico. Houve também invasões no Mediterrâneo e no
leste do mar Cáspio e há indícios que estiveram na costa do novo continente,
fundando a efêmera colônia de Vinland, no atual Canadá.
A era viking
O período
compreendido entre as primeiras invasões
registradas na década de 790 até a conquista normanda da Inglaterra, em 1066, é
conhecido como a era viking da história escandinava. Supõe-se que os
ataques aos povos que vivem ao redor do mar Báltico tem uma história anterior.
Eles são, porém, não bem conhecidos, devido à falta de fontes escritas a partir
dessa área. Os normandos eram descendentes de vikings dinamarqueses e
noruegueses a que foram dados suserania feudal de áreas no norte da França - o
Ducado da Normandia - no século X]].[carece de fontes] A este respeito, os
descendentes dos vikings continuaram a ter influência no norte da Europa. Da
mesma forma, o rei Harold Godwinson, o último rei anglo-saxão da Inglaterra,
tinha antepassados dinamarqueses.
Geograficamente, a "era viking" pode ser
atribuída não apenas às terras escandinavas (modernas Dinamarca, Noruega e
Suécia), mas também aos territórios sob domínio norte-germânico, principalmente
o Danelaw, incluindo o York escandinavo, o centro administrativo dos restos
mortais do Reino da Nortúmbria,[22] partes do Reino da Mércia[23]
e a Ânglia Oriental.[24] Navegantes vikings abriram o caminho para
novas terras ao norte, oeste e leste, o que resultou na fundação de colônias
independentes em Shetland, Orkney, Ilhas Faroé, Islândia, Groenlândia,[25] e
L'Anse aux Meadows, uma colônia de vida curta na Terra Nova, por volta de 1000
d.C.[26] Muitas dessas terras, especificamente, Groenlândia e Islândia, podem
ter sido originalmente descoberta por marinheiros vikings.[carece de fontes] Os
vikings também exploraram e se estabeleceram em territórios em áreas dominadas
pelos eslavos da Europa Oriental, especialmente o Rus de Kiev. Por volta de 950
d.c. esses assentamentos foram amplamente "eslavizados".
Já em 839, quando emissários suecos os
primeiros a visitar o Império Bizantino, escandinavos serviram como mercenários
a serviço do Império Bizantino.[27] No final do século X, uma
nova unidade da guarda imperial foi formada e tradicionalmente continha um
grande número de escandinavos. Isso ficou conhecido como a Guarda varegue. A
palavra "Varegues" pode ter se originado do nórdico antigo, mas em
línguas eslavas e gregas poderia se referir tanto a escandinavos quantos aos
francos. O mais eminente escandinavo que serviu a Guarda Varegue foi Haroldo
Manto Cinzento, que posteriormente estabeleceu-se como rei da Noruega
(1047-1066).
Importantes
portos comerciais durante esse período incluem Birka, Hedeby, Kaupang, Jorvik,
Staraya Ladoga, Novgorod e Kiev.
Há
evidências arqueológicas que os vikings chegaram à cidade de Bagdá, o centro do
Império Islâmico.[28] Os nórdicos regularmente dobravam o rio Volga
com seus bens de comércio: peles, dentes e escravos. No entanto, eles eram
muito menos bem sucedida na criação de assentamentos no Oriente Médio, devido
ao poder islâmico mais centralizado.[carece de fontes]
De modo
geral, os noruegueses se expandiram para o norte e oeste, em lugares como
Irlanda, Escócia, Islândia e Groenlândia, os dinamarqueses para Inglaterra e
França, estabelecendo-se em Danelaw (norte/leste da Inglaterra) e Normandia, e
os suecos a leste, na fundação do Rus de Kiev, a Rússia original. No entanto,
entre as runas suecas que mencionam expedições ao longo do mar, quase a metade
referem-se a invasões e viagens para a Europa Ocidental. Além disso, de acordo
com as sagas islandesas, muitos vikings noruegueses foram para a Europa
Oriental. Essas nações, apesar de distintas, foram semelhantes na cultura e na
língua. Os nomes dos reis escandinavos são conhecidos apenas após a era viking.
Somente após o fim da era viking os reinos separados adquiriram identidades
como nações, que passou de mão em mão com a sua cristianização. Assim, o fim da
era viking para os escandinavos também marca o início da sua relativamente
breve Idade Média.
Declínio
Após décadas de pilhagem, a resistência aos
vikings tornou-se mais eficiente e, depois da introdução do cristianismo na
Escandinávia, tornou a cultura viking mais moderada. As incursões vikings cessaram no fim do século XI. A consolidação dos três reinos escandinavos
(Noruega, Dinamarca e Suécia) em substituição das nações viking em meados do
século XI deve ter influenciado também o fim dos ataques, visto que com eles os
vikings passaram também a sofrer das intrigas políticas de que tanto se
beneficiaram e muito da energia do rei estava dedicada a governar suas terras.
A difusão do cristianismo fragilizou os
valores guerreiros pagãos antigos, que acabaram sumindo. Os nórdicos foram absorvidos pelas culturas
com as quais eles tinham se envolvido. Os ocupantes e conquistadores da Inglaterra viraram ingleses, os normandos
viraram franceses e os Rus tornaram-se russos.
A escrita dos vikings era com runas, símbolos
escritos em pedras, sendo usados até o período de cristianização que misturou
as culturas e provocou alterações. Nessas misturas, muitas coisas da
cultura cristã passaram para os vikings, mas algumas tradições e ideias da
religião dos vikings passaram para os cristãos, colaborando para a aceitação do
cristianismo pelos vikings. Alguns exemplos dessas cristianizações das coisas
vikings, são, a “santificação” da festa
da deusa Eostre – considerada por alguns, uma forma da deusa Frigg, esposa de
Odin – cujos símbolos são coelhos e ovos e que originou os nomes da Páscoa no
inglês e alemão, Easter (inglês) e Ostern (alemão, vindo de uma variação de seu
nome, Ostera).
Na Rússia,
os vikings eram conhecidos como varegues ou varegos (Väringar), e os
guarda-costas escandinavos dos imperadores bizantinos eram conhecidos como
guarda varegue. Outros nomes incluem nórdicos e normandos.
Sociedade
Os povos
vikings, assim como tinham uma mesma organização política, também
compartilhavam uma mesma composição sociocultural. A língua falada pelos
vikings era a mesma, seu alfabeto também era o mesmo: o alfabeto rúnico.[carece
de fontes] As sociedades estavam divididas, de um modo geral, da seguinte
maneira: O rei estava no ápice da pirâmide; abaixo dele estavam os jarls,
homens ricos e grandes proprietários de terras (os jarls não eram nobres, pois
nas sociedades vikings não havia nobres); abaixo dos jarls havia os karls, ou
seja, o povo, livres, mas sem posses ou com poucas propriedades, geralmente
pequenos comerciantes ou lavradores. Os karls compunham o grosso dos exércitos
vikings e tinham participação nas Tings; abaixo dos karls, havia os thralls,
escravos. Eles geralmente eram prisioneiros de batalhas, mas podiam ser
(dependendo da decisão da Althing da região) escravos por dívidas ou por
crimes, seus proprietários tinham direito de vida e morte sobre eles.
A maior parte dos povoados vikings eram
fazendas pequenas, com entre cinqüenta e quinhentos habitantes. Nessas
fazendas, a vida era comunitária, ou
seja, todos deviam se ajudar mutuamente. O trabalho era dividido de acordo com
as especialidades de cada um. Uns eram ferreiros, outros pescadores (os
povoados sempre se desenvolviam nas proximidades de rios, lagos ou na borda de
um fiorde), outros cuidavam dos rebanhos, uns eram artesãos, outros eram
soldados profissionais, mas a maioria era agricultora.
As
semeaduras ocorriam tão logo a primavera começava, pois os grãos precisavam ser
colhidos no final do verão para que pudessem ser armazenados para o outono e
inverno. Durante o inverno, as principais fontes de alimentos eram a carne de
gado e das caças que eles obtinham. No verão o gado era transportado para as
montanhas para pastar longe das plantações.
Nas fazendas, as pessoas moravam geralmente em
grandes casarões comunitários. Geralmente esses casarões eram habitados pelas famílias.
Por exemplo: três irmãos, com suas respectivas esposas, filhos e netos.
As famílias (fjolskylda) dos vikings eram muito
importantes, sendo provedoras de abrigo alimento e proteção. As famílias tinham
rivalidades e brigas com outras, sendo julgados nas Tings ou com os ordálios,
testes para julgamentos divinos. No caso de mortes da família, era normal haver
vinganças, devido à importância destas na sociedade. Os membros das famílias
trabalhavam juntos, mesmo após casarem, trabalhando desde pequenos nas
famílias, aprendendo trabalhos mais difíceis com o tempo, trabalhando com ferro
ou no caso de jarls, na política ou na guerra. Os patriarcas detinham muito
poder, podendo escolher se seus filhos viveriam ou não após nascerem.
As mulheres
após o casamento mudavam para a família do marido e tinham trabalhos como
cozinhar, limpar e cuidar dos necessitados. As mulheres eram obedientes, mas
podiam pedir divórcio, caso houvesse motivo, já os maridos podiam ter
concubinas e matar as mulheres adúlteras, mas tinham de pagar ao pai da noiva
para casar. Como as famílias ensinavam os trabalhos aos filhos, muitos
trabalhos eram familiares, como os stenfsmiors, que construíam barcos e com a
madeira dos barcos velhos, reparavam os outros barcos.
Mitologia e
religião
Eles tinham
várias histórias para explicar coisas do quotidiano, como o sol e a lua, que
acreditavam serem perseguidos pelos lobos Skoll e Hati, filhos de Fenrir (que
segundo o ragnarok, devora Odin em batalha, morrendo em seguida); o sol seria
uma deusa e a lua um deus, chamado Máni. O arco-íris, segundo eles, tinha uma
ponte, denominada Bifrost, guardada pelo deus Heimdall. A Deusa-Sol passava
todo dia com sua carruagem puxada pelos cavalos, Asvid e Arvak. Os deuses eram
mais ou menos populares de acordo com a importância que tinham com o cotidiano.
Alguns dos deuses mais venerados foram, Odin, Thor e Njord.
A religião
dos vikings costumava ter culto a ancestrais, além da veneração a deuses e
transmitia ideias diferentes quanto a questões da vida e do mundo. Eles
acreditavam que o mundo era dividido em "andares" e todos estavam
unidos a uma enorme árvore, chamada, Yggdrasil. Estes "andares" eram
diferentes e possuíam características especiais, sendo estes, nove. Havendo um
mundo para os deuses, Asgard, e um mundo onde as pessoas vivem, midgard, além
dos outros sete que são, Nilfheim, mundo abaixo de midgard, no subsolo, onde
Hel governa os mortos. Outro mundo é Jotunheim, reino frio e montanhoso, onde
os gigantes de rocha e neve (chamado de Jotuns) habitam e era governado por
Thrym, gigante que roubou o Mjolnir de Thor para trocá-lo por Freya. Os outros
mundos são, Vaneheim (casa dos Vanir), Muspellheim (casa dos gigantes de fogo,
local cheio de cinzas e lava, cujo rei é o gigante Surt), Alfheim (onde os elfos
moram), Svartaheim (onde os svartafars habitam, são conhecidos como elfos
negros) e Nidavellir (é a terra dos anões).
Esta religião não era baseada na luta entre o bem
e o mal, mas entre a ordem e o caos, sendo que nenhum deus era tido como
completamente bom nem mau, mesmo Loki sendo apresentado como provocador de
conflitos, ele ajudou os deuses em diversas ocasiões.
Os vikings
valorizavam a morte e até a festejavam. Após a morte, havia ritos, como a
queima do corpo do morto com vários pertences e após a queima, estes eram
recolhidos e as cinzas, colocadas em potes de cerâmica. Outra forma usada após
a morte era a criação de câmaras, onde o morto era colocado junto a vários
pertences e até seus cavalos. Esta forma era mais usada na Dinamarca e na Ilha
de Gotlândia. Há casos de enterros de navios, onde foram colocados rainha e
princesa, junto a pertences e animais sacrificados, como, cães, cavalos e bois.
Em outra câmara, foi encontrada uma mulher bem vestida, sendo esta rica e uma
mal vestida retorcida, estudos confirmaram que esta era escrava e havia sido
posta viva nesta câmara. No caso da morte de homens, era costume a sua mulher
favorita ser enterrada viva junto a ele. O uso de barcos como túmulo, mostra
poder e prestígio do morto e também simboliza a jornada pós-morte e tem ligação
com a adoração a Njord.
Cultura dos
vikings
A cultura
dos vikings tinha caráter guerreiro, devido também a influências religiosas.
Eles eram politeístas, tendo deuses com diversas características,
personalidades, histórias e influências no dia-a-dia. Estes deuses eram
divididos em dois grupos, os Aesir e os Vanir, além de terem outras criaturas
como os gigantes. Os Aesir e os Vanir têm poucas diferenças, mas há várias
histórias sobre guerras entre os dois grupos. Além dos deuses, também eram
relatadas histórias de heróis. Os vikings apreciavam muito as espadas, sendo
que os mais ricos e poderosos tinham as mais belas e melhores espadas,
possuindo detalhes dourados e até mesmo rúnicos. Além das espadas eles tinham
facas, adagas, lanças de diversos tipos, como, de arremesso e eram as armas
mais usadas em batalhas, sendo atiradas nos inimigos ou usadas normalmente,
quando atiradas, era clamado o nome de Odin, o deus da guerra conhecido por sua
lança, Gungnir.
Mas os
vikings também usavam o arco e flecha, principalmente nas batalhas marinhas, e
os machados, mas estes foram mais usados no começo da era viking, sendo usado
no cotidiano e por ser simples e rústico, não possuindo detalhes como algumas
espadas. Os escudos eram de madeira, mas com um detalhe de ferro no meio e ao
longo da borda para proteger a mão. Também havia tipos específicos de infantaria
como, os berserkers, que imitavam a ferocidade e bravura dos animais, muitas
vezes não usando proteções nas guerras, sendo usados cogumelos alucinógenos e
bebidas alcoólicas para provocar este efeito.
Navios e
navios longos
Além de
permitir que os vikings navegassem longas distâncias, seus navios dragão
(drakar) traziam vantagens tácticas em batalhas. Eles podiam realizar
eficientes manobras de ataque e fuga, nas quais atacavam rápida e
inesperadamente, desaparecendo antes que uma contra-ofensiva pudesse ser
lançada. Os navios dragão podiam também navegar em águas rasas, permitindo que
os vikings entrassem em terra através de rios.
Museus
vikings
Existe um
famoso museu viking, que fica em Oslo, na Noruega, denominado Vikingskipshuset.
Outro museu, dedicado aos barcos vikings, é o Vikingeskibsmuseet, na Dinamarca.
Revitalizações
modernas
As primeiras
publicações modernas sobre o que hoje chamamos de cultura viking apareceram no
século XVI, como por exemplo, Historia de gentibus septentrionalibus(Olaus Magnus,
1555), e a primeira edição de Danorum Gesta, escrito no século XIII, de Saxão
Gramático, em 1514. O ritmo de publicação aumentou durante o século XVII com as
traduções latinas de Edda (especialmente Islandorum Edda, de Peder Resen, em
1665).
Na Escandinávia,
os estudiosos dinamarqueses do século XVII, Thomas Bartholin e Ole Worm, e o
sueco Olof Rudbeck foram os primeiros a definir o padrão para usar runas e
sagas islandesas como fonte histórica.[carece de fontes] Durante o Iluminismo e
o Renascimento nórdico, o estudo histórico na Escandinávia tornou-se mais
racional e pragmático, como foi testemunhado pelas obras do historiador
dinamarquês Ludvig Holberg e do sueco Olof von Dalin.[carece de fontes] Um
contribuidor pioneiro britânico ao estudo dos vikings foi George Hicke, que
publicou seu Linguarum vett. septentrionalium thesaurus em 1703-1705. Durante o
século XVIII, o interesse e o entusiasmo britânico pela Islândia e pela cultura
escandinava antiga cresceu dramaticamente, expressas em traduções inglesas dos
textos Old Norse e poemas originais que exaltavam as supostas "virtudes
viking".
A palavra
"viking" foi popularizada no início do século XIX por Erik Gustaf
Geijer, em seu poema, The Viking. O poema de Geijer muito fez para difundir o
novo ideal romantizado do viking, que tinha pouca base em fatos históricos. O
renovado interesse do romantismo no Norte Antigo tinha implicações políticas
contemporâneas. A Sociedade Geatish, da qual Geijer era membro, popularizou o
mito em grande medida. Outro autor sueco que teve grande influência sobre a
percepção dos vikings foi Esaias Tegnér, membro da Sociedade Geatish, que
escreveu uma versão moderna de Friðþjófs saga hins frœkna, que se tornou muito
popular nos países nórdicos, no Reino Unido e na Alemanha.
O fascínio
com os vikings chegou ao ápice durante a chamada revivificação viking no final
do século XVIII e XIX. Na Grã-Bretanha, assumiu a forma de Septentrionalismo,
na Alemanha, a compaixão de Wagner ou mesmo o misticismo germânico, e nos
países escandinavos, o nacionalismo romântico ou escandinavismo. As pioneiras
edições escolares do século XIX da era viking começaram a chegar a um público
pequeno na Grã-Bretanha, os arqueólogos começaram a escavar sobre o passado
viking da Grã-Bretanha, e os linguistas entusiastas começaram a identificar
origens na era viking de expressões idiomáticas e provérbios rurais. Os novos
dicionários da língua nórdica antiga permitiu que os vitorianos lidassem com as
primitivas sagas islandesas.[29]
Elmos com
chifres
Muitos dizem
que os vikings usavam elmos com chifres pois receavam, pelas suas crenças, de
que o céu lhes pudesse vir a cair nas cabeças. Apesar desta conhecida imagem a
respeito deles - que na realidade era uma crença celta e não nórdica - eles
jamais utilizaram tais elmos. Essas características não passam de uma invenção
artística das óperas do século XIX, que reforçavam as nacionalidades, no
romantismo, e que visavam a resgatar a imagem dos vikings como bárbaros cruéis,
pois sua aparência era incerta. Os capacetes que os vikings verdadeiramente
utilizavam eram cônicos e sem chifres (como se pode ver na imagem do
"timoneiro viking"). Não existe qualquer tipo de evidência científica
(paleográfica, histórica, arqueológica, epigráfica) de que os escandinavos da
era viking tenham utilizado capacetes córneos. As artes plásticas e a
literatura auxiliaram a divulgação dos estereótipos sobre os vikings,
principalmente depois de 1880.[30]
Berserks
Lendas
contam que guerreiros tomados por um frenesi insano, conhecidos como berserkir
(singular; antigo nórdico), iam a batalha vestidos com casacos de pele de
ursos, os de pele de lobos eram chamados de ulfhednar ou ulfhedir e atiravam-se
nas linhas inimigas. O relato mais antigo sobre berserks está escrito em
Haraldskvæði, um poema escaldico do século IX, escrito por Thórbiörn Hornklofi,
em homenagem ao rei Haroldo I. Não há relatos contemporâneos da existência dos
berserks.
Referências
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↑ Revista internacional de
língua
portuguesa, Edições 4-7 Associação das Universidades de Língua Portuguesa, 1991
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↑ GRIAL Revista Galega da
Cultura Por Manuel González González, María Carmen Prieto Guibelalde
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↑ Uma ilha chamada Brasil:
o paraíso irlandês no passado brasileiro Por Geraldo Cantarin
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↑ A República Dos Gafanhotos Por
Fernando José De Sousa
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↑ A Cozinha Portuguesa Por
Maria das Graças Castro
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↑ Cerimônias de posse na conquista
européia do Novo Mundo (1492-1640) Por Patrícia Seed]
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Fonte:
Wikipédia
História: Ragnar
Lodbrok (Vikings)
Ragnar
Lodbrok (em nórdico antigo: Ragnarr Loðbrók, lit. "bermudas peludas")
era um rei semi-lendário da Suécia e
Dinamarca que reinou durante os séculos VIII e IX. De acordo com o cronista
dinamarquês Saxo Grammaticus, Ragnar pertencia à dinastia sueca Yngling. Tanto
Saxo quanto fontes islandesas descrevem Ragnar como filho de Sigurd Ring, um
rei da Suécia que conquistou a Dinamarca, mas eles não concordam com o local de
residência principal de Ragnar; se era na Suécia ou na Dinamarca.
Apesar de ser considerado quase como um herói em
sua Escandinávia nativa, os relatos confiáveis sobre sua vida são apenas
esboços, baseados principalmente em antigas sagas dos vikings. Até mesmo a datação de seu
reino é incerta: existem fontes que o
datam de 750 a 794, ao passo que outras o consideram de 860 a 865. Nenhum
dos dois períodos confere com o que se conhece dele: é provável que ele tenha tido poder como um barão guerreiro de cerca de
835 até sua morte em 865. Provavelmente só foi considerado rei nos últimos
cinco anos de sua vida.
As crônicas anglo-saxônicas, ao citar a grande
invasão bárbara de 865-867, nomeia como líderes os irmãos dinamarqueses Ivar e
Ubba, supostamente filhos de Ragnar.
Na cultura
popular
Ragnar
Lodbrok inspirou um personagem da trilogia "Crônicas Saxônicas" do
autor inglês Bernard Cornwell, Ragnar o intrépido, um jarl (chefe) dinamarquês
que participa da invasão à Grã-Bretanha. A obra ainda utiliza, como
personagens, Ivar e Ubba, referidos como os irmãos Lodbrok. Também aparece como
o personagem "Ragnar Lothbrok" da série de televisão Vikings.
Na série de
televisão Vikings do canal History, ele é interpretado pelo ator australiano
Travis Fimmel.Diretoria Colegiada do Sintufce
Fonte:
Wikipédia
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