Tudo parte de uma ignorância sobre a natureza das coisas materiais, um desejo de permanência e uma incompreensão da transitoriedade das situações na vida. Daí pretende-se não perder o emprego, não falir nos negócios, não reduzir os ganhos, lucros e dividendos, não se afastar das pessoas e relações, não perder o status, manter a imagem de crescimento e vitória para os pais, amigos, familiares e conhecidos.
Então não se aceita que ideias diferentes possam ser cogitadas, que pessoas ocupem 'seu' suposto lugar, que ações que visam o seu desligamento ocorram. Processo de cultivo inconsciente e inconsequente da dor que leva ao sofrimento e a escravidão emocional do ser por ele mesmo.
Situação que faz com que o indivíduo se choque na realidade e sofra, como uma onda se estilhaçando constantemente no rochedo da costa no paredão do continente.
O sentimento de coração fragilizado, mente cansada, vontade de dormir e fugir vão tomando de conta, o ser vai perdendo o controle de suas emoções, pensamentos e atitudes.
A observação desse processo possibilita o vislumbre da realidade, revela partes importantes do ser que costumam ficar escondidas abaixo do tapete de ilusões criado e mantido em movimento pelo 'ego' que se manifesta por sentimentos de medo, ansiedade, fuga, tensão, que podem ser o combustível para o ódio e a materialização da insanidade.
A atenção para não fugir da realidade torna-se uma grande oportunidade de desenvolvimento com o autoconhecimento que vai emergindo da observação. Ver o processo do pensamento, sem julgamento ou condenação, com a máxima honestidade torna-se grande curativo emocional apto a proporcionar ações de compreensão e efetiva solução dos problemas nos relacionamentos cotidianos. A chave vai saindo do interior do mesmo eu criador da prisão sem muros, bastando permanecer em atenção plena para ir vendo a luz. Como diziam os sábios anonimos que se entramos pelo cano, basta o movimento contrário dentro do mesmo cano para sairmos para a lucidez e a recuperação emocional.
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