Medida publicada na edição do "Diário
Oficial da União" amplia em três anos o período de transição
Decisão abre brechas para que regras sejam
alteradas; setores público e privado já adotam mudanças
FERNANDA ODILLA DE BRASÍLIA
O uso das novas regras ortográficas, que
mudam 0,5% das palavras em português, só será obrigatório a partir de janeiro
de 2016. Até lá, o emprego do acento circunflexo em duplos "e" e
"o" (como em "voo") e do trema -ambos extintos no novo
Acordo Ortográfico- continua sendo opcional.
Como a Folha antecipou na semana passada, o
governo federal decidiu adiar para 2016 a obrigatoriedade do texto para
sincronizar as mudanças com Portugal.
Decreto assinado pela presidente Dilma
Rousseff e publicado ontem no "Diário Oficial da União" ampliou em
mais três anos o prazo de transição, que venceria no dia 31.
BRECHAS
Apesar de ser encarada como um movimento
diplomático, a decisão abre brechas para alterar as regras ou até suspendê-las.
No Congresso, senadores já planejam audiências públicas para debater o Acordo e
propor mudanças.
A maior pressão vem de professores de
português, que reclamam terem sido excluídos do debate. Contrários ao acordo,
eles querem mudanças alegando que as regras se baseiam principalmente em
"decoreba" e não seguem uma lógica clara.
Previsto desde 1990 para padronizar textos
escritos nos países de língua portuguesa, o Acordo Ortográfico foi modificado
nos anos 2000. Hoje, é obrigatório só em Cabo Verde.
No Brasil, os setores público e privado já
adotam as novas regras. A partir do próximo ano, por exemplo, todos os livros
didáticos usados na rede pública terão a nova grafia.
Dos oito países de língua portuguesa, apenas
Angola e Moçambique ainda não assinaram o texto. Portugal só o ratificou em
2008 e optou por um período maior para se adaptar às mudanças.
Entre as justificativas para alterar a grafia
das palavras, está a necessidade de reduzir o custo econômico de produção e
tradução de livros, de melhorar o intercâmbio cultural, de promover uma maior
integração entre os países lusófonos e, ainda, de facilitar a difusão de novas
tecnologias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário