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sexta-feira, 17 de abril de 2015

MPF/DF instaura inquérito para apurar suspeitas de irregularidade da venda de remédio para câncer

Produto estaria sendo fornecido a secretarias de saúde por valores superiores aos cobrados pelo Ministério da Saúde
O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF/DF) abriu inquérito para apurar possíveis irregularidades na venda de Trastuzumabe - um medicamento usado no tratamento do câncer de mama - às secretarias estaduais de Saúde pelo laboratório Roche. A investigação é decorrente de uma representação feita pelo Grupo Direito e Pobreza da Universidade de São Paulo e a principal suspeita é de que o laboratório esteja abusando de sua posição dominante no mercado brasileiro para cobrar bem mais caro pelo remédio, fornecido a partir de decisões judiciais. De acordo com os dados apresentados na denúncia, o preço cobrado por frasco chega a R$ 7.192,00 nas negociações feitas junto aos órgãos estaduais. Já quando o comprador é o Ministério da Saúde, e a venda centralizada, o valor cobrado é de R$ 3.423,20, o que significa uma diferença a superior a 50%.

A abertura de inquérito foi determinada pela procuradora da República no Distrito Federal Luciana Loureiro Oliveira, que já enviou pedidos de informações aos envolvidos no caso. O objetivo é ter acesso a dados como: a quantidade de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que são tratados com o Trastuzumabe, o valor gasto nos últimos cinco anos para a aquisição do medicamento, tanto pelo SUS quanto pelas secretarias estaduais e, ainda, quais dessas compras foram feitas para atender decisões judiciais. A droga é considerada uma das mais avançadas para o combate ao câncer por atingir apenas as células doentes, preservando as sadias.
No despacho de criação do inquérito, a procuradora frisa que, se forem confirmados, os fatos relatados na representação inicial traduzem uma prática ilegal do laboratório. “A prática adotada pela Roche representaria maximização arbitrária de lucros, o que viola a ordem econômica e causa dano ao patrimônio público, já que a verba utilizada pelas Secretarias de Saúde para aquisição do medicamento é também oriunda do Fundo Nacional de Saúde (FNS), repassada ao SUS em cada esfera de governo”, afirma no documento.
Questionamentos - Ao todo, como forma de instruir o inquérito, o MPF encaminhou questionamentos a quatro envolvidos. Ao laboratório Roche foi dado um prazo de 15 dias para que se manifeste sobre a representação. Neste mesmo prazo, as secretarias estaduais de saúde, incluindo a do Distrito Federal, deverão informar à procuradoria os preços unitários pagos em eventuais aquisições do medicamento ocorridas nos últimos cinco anos, bem como especificar quais delas foram decorrentes do cumprimento de decisões judiciais.
Também foram solicitadas informações à Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Neste caso, a entidade tem dez dias para enviar as respostas aos dois questionamentos apresentados: se tem ciência da disparidade de preços praticados pelo laboratório e se a Câmara já instaurou algum procedimento contra o laboratório Roche em função do descumprimento do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) nas aquisições dos Trastuzumabe realizadas pelas secretarias estaduais.
O maior número de perguntas foi endereçado do Ministério da Saúde (MS). Caberá ao órgão, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, responder a 18 questões formuladas pelo MPF. Entre as solicitações apresentadas estão o fornecimento de dados numéricos referentes a pacientes e a valores pagos e questionamentos sobre providências adotadas pelo MS para viabilizar a produção do medicamento no Brasil. O MPF que saber, por exemplo, qual o resultado e o andamento de parcerias firmadas com as multinacionais Merck Serono e Bionovis para a transferência de tecnologia necessária à produção do Trastuzumabe pelos institutos Fiocruz e Vital Brasil.
As informações fornecidas pelos órgãos questionados e também pelo laboratórios serão usadas para embasar os próximos passos da investigação. O inquérito tem prazo de um ano para ser concluído.
Assessoria de Comunicação
Procuradoria da República no Distrito Federal
(61) 3313-5460 / 3313-5459
www.prdf.mpf.mp.br
twitter.com/MPF_DF

Fonte: http://noticias.pgr.mpf.mp.br/noticias/noticias-do-site/copy_of_consumidor-e-ordem-economica/mpf-df-instaura-inquerito-para-apurar-suspeitas-de-irregularidade-da-venda-de-remedio-para-cancer

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