Maioria dos
trabalhadores são imigrantes do Nepal e da Índia e trabalham em condições
análogas à escravidão
São Paulo – A Copa do Mundo da Fifa de 2022, no Catar, é um
completo desastre já em 2014: 1200
trabalhadores envolvidos na construção dos estádios e em obras de
infraestrutura morreram.
Um novo relatório da International Trade Union Confederation
constatou que 1200 imigrantes, a maioria da Índia e do Nepal, já perderam suas
vidas.
A estimativa da
entidade é que, no total, 4 mil operários vão morrer até o começo dos jogos, em
2022.
Em janeiro, as
estimativas apontavam para 382 mortes nos últimos dois anos.
O número aumentou com
os dados das embaixadas: a embaixada do Nepal no Catar reportou, em fevereiro,
400 mortes desde 2010.
Já a embaixada indiana
constatou 500 mortes desde 2012.
No país, a maioria da
mão-de-obra barata é formada por imigrantes do Nepal, Índia e Paquistão.
Os operários são
expostos a longas jornadas - muitas acima de 12 horas - e lidam com um ambiente
de trabalho pouco seguro e carente de infraestrutura adequada.
Há relatos de
condições análogas à escravidão nas obras da Copa. Passaportes são confiscados
e os salários são retidos pelos chefes durante meses. Tudo isso com um calor de
50 graus Celsius sobre a cabeça.
Muitos se machucam
seriamente ou morrem após caírem de grandes alturas. Outros se suicidaram.
Segundo o relatório: “As péssimas condições de trabalho
levam os trabalhadores à morte: acidentes
de trabalho, ataques cardíacos, doenças desenvolvidas por conta da vida
precária”.
Um representante do
comitê organizador da Copa no país negou as informações e disse que os números
estavam errados.
Comissões de direitos
humanos pedem o fim do sistema local chamado “kafala”, muito comum nos países
árabes do Golfo Pérsico.
Os migrantes sem qualificações e dinheiro entram no Catar
para trabalhar com a ajuda de um “patrocinador”. Este paga o visto, o custo da
viagem e a hospedagem, por exemplo.
Geralmente, essa pessoa é o futuro chefe, abrindo margem
para a exploração dos trabalhadores: eles chegam ao país já devendo para seus
empregadores.
Um relatório da
Anistia Internacional também trouxe dados sobre as condições de trabalho nas
obras da Copa. A entidade conseguiu entrevistar cerca de 210 trabalhadores
envolvidos.
90% disseram que seus
passaportes estavam retidos com seus chefes, 56% não tinham acesso aos
hospitais locais e 21% tinham problemas com salários atrasados.
Fonte:
http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/copa-do-catar-em-2022-ja-e-desastrosa-1200-operarios-mortos
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