Jiddu Krisnamurti (telugu: జిడ్డు కృష్ణ మూర్తి) (Madanapalle, 11 de maio de 1895 — Ojai, 17 de fevereiro de 1986) foi um
filósofo, escritor, orador e educador indiano. Proferiu discursos que
envolveram temas como revolução psicológica, meditação, conhecimento,
liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a
realização de mudanças positivas na sociedade global. Constantemente ressaltou
a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano e enfatizou que tal
revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja
religiosa, política ou social. Uma revolução que só poderia ocorrer através do
autoconhecimento; bem como da prática correta da meditação ao homem liberto de
toda e qualquer forma de autoridade psicológica.
Com seus três irmãos, os que
sobreviveram de um total de dez, acompanhou seu pai Jiddu Narianiah a Adyar em
23 de janeiro de 1909, pois este conquistara um emprego de
secretário-assistente da Sociedade Teosófica, entidade que estuda todas as
religiões. Reza a tradição brâmane, a qual a família era vinculada, que o
oitavo filho toma no batismo o nome Krishna, em homenagem ao deus Sri Krishna,
de quem a mãe, Sanjeevamma, era devota; foi o que aconteceu com Krisnamurti, a
quem foi dado o nome de Krishna, juntamente com o nome de família, Jiddu.
Com a idade de treze anos, passou
a ser educado pela Sociedade Teosófica, que o considerava um dos grandes
Mestres do mundo. Em Adyar, Krisnamurti, foi 'descoberto' por Charles W.
Leadbeater, famoso membro da Sociedade Teosófica (ST), em abril de 1909, que,
após diversos encontros com o menino, viu que ele estava talhado para se tornar
o 'Instrutor do Mundo', acontecimento que vinha sendo aguardado pelos
teosofistas. Após dois anos, em 1911 foi fundada a Ordem da Estrela do Oriente,
com Krisnamurti como chefe, que tinha como objetivo reunir aqueles que
acreditavam nesse acontecimento e preparar a opinião pública para o seu aparecimento,
com a doação de diversas propriedades e somas em dinheiro.
Krisnamurti assim foi sendo
preparado pela ST; algo, porém, iniciou sua separação de seus tutores: a morte
de seu irmão Nitya em 13 de novembro de 1925, que lhe trouxe uma experiência
que culminou em uma profunda compreensão. Krishnamurti em breve viria a emergir
como um instrutor espiritual, e dito Mestre extraordinário e inteiramente
descomprometido. As suas palestras e escritos não se ligam a nenhuma religião
específica, nem pertencem ao Oriente ou ao Ocidente, mas sim ao mundo na sua
globalidade:
"Afirmo que a Verdade é uma
terra sem caminho. O homem não pode atingi-la por intermédio de nenhuma
organização, de nenhum credo (…) Tem de encontrá-la através do espelho do
relacionamento, através da compreensão dos conteúdos da sua própria mente,
através da observação. (…)"
Durante o resto da existência, foi
rejeitando insistentemente o estatuto de guia espiritual que alguns tentaram
lhe atribuir. Continuou a atrair grandes audiências por todo o mundo, mas
recusando qualquer autoridade, não aceitando discípulos e falando sempre como
se fosse de pessoa a pessoa. O cerne do seu ensinamento consiste na afirmação
de que a necessária e urgente mudança fundamental da sociedade só pode
acontecer através da transformação da consciência individual. A necessidade do
autoconhecimento e da compreensão das influências restritivas e separativas das
religiões organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos, foram
por ele constantemente realçadas. Chamou sempre a atenção para a necessidade
urgente de um aprofundamento da consciência, para esse "vasto espaço que
existe no cérebro onde há inimaginável energia". Essa energia parece ter
sido a origem da sua própria criatividade e também a chave para o seu impacto
catalítico numa tão grande e variada quantidade de pessoas.
A educação foi sempre uma das
preocupações de Krisnamurti. Fundou várias escolas em diferentes partes do
mundo onde crianças, jovens e adultos pudessem aprender juntos a viver um
cotidiano de compreensão da sua relação com o mundo e com os outros seres
humanos, de descondicionamento e de florescimento interior. Durante sua vida,
viajou por todo o mundo falando às pessoas, tendo falecido em 1986, com a idade
de noventa anos. As suas palestras e diálogos, diários e outros escritos estão
reunidos em mais de sessenta livros.
Reconhecendo a importância dos
seus ensinamentos, amigos do filósofo estabeleceram fundações, na Europa, nos
Estados Unidos, na América Latina e na Índia, assim como Centros de Informação,
em muitos países do mundo, onde se podem colher informações sobre Krisnamurti e
a sua obra. As fundações têm carácter exclusivamente administrativo e
destinam-se não só a difundir a sua obra mas também a ajudar a financiar as
escolas experimentais por ele fundadas.
Foi vegetariano desde nascença.[7]
Jiddu Krishnamurti veio de uma
família telagú de linha Brahmanica. Nasceu em 12 de maio em um pequeno povoado
situado a 250 quilómetros ao norte de Madrasta. Como oitavo filho, seu nome foi
dado segundo a tradição ortodoxa hindu, em homenagem a Sri Krishna que havia
sido também um oitavo filho.
Seu pai, Jiddu Narianiah, graduado
na Universidade de Madrasta e empregado do departamento de receita inglês,
alcançou a posição de coletor de renda e magistrado do distrito. Seus pais,
estritamente vegetarianos, eram primos de segundo grau. Tiveram onze filhos dos
quais somente seis sobreviveram à infância.
Citações
A forma mais elevada de
inteligência humana é dirigir a atenção desprovida de julgamento. ”
“
Observar não implica acúmulo de conhecimento, apesar de o conhecimento
ser obviamente necessário em um certo nível: conhecimento como médico,
conhecimento como cientista, conhecimento da história, de todas as coisas do
passado. Afinal de contas, isso é o conhecimento: informação sobre as coisas do
passado. Não há conhecimento do amanhã, apenas conjecturas sobre o que poderia
acontecer amanhã, baseado no seu conhecimento do que já aconteceu. Uma mente
que observa com conhecimento é incapaz de seguir rapidamente o fluxo do
pensamento. É apenas pelo observar sem a tela do conhecimento que se começa a ver
toda a estrutura do seu próprio pensar. E quando você observa - o que não é
condenar ou aceitar, mas simplesmente observar - você descobrirá que o
pensamento chega a um fim. Observar casualmente um pensamento ocasional não
leva a lugar nenhum. Mas se você observa o processo do pensar e não se torna um
observador separado do observado, você vê todo o movimento do pensamento sem
aceitá-lo ou condená-lo, então essa própria observação põe um fim imediatamente
no pensamento - e consequentemente a mente está compassiva; ela está num estado
de constante mutação. ”
“
Há uma diferença entre concentração e atenção. Concentração é trazer
toda sua energia para focá-la em um ponto determinado. Na atenção não existe um
ponto de foco. Nós estamos familiarizados com um e não com o outro. Quando você
presta atenção ao seu corpo, o corpo torna-se quieto, o qual tem sua própria
disciplina. Ele está relaxado, mas não indolente e tem a energia da harmonia.
Quando existe atenção, não há contradição e, portanto não há conflito. Quando
você ler isto, preste atenção à maneira que você está sentado, à maneira que
você está escutando, como você está recebendo o que a carta está dizendo a
você, como você está reagindo ao que está sendo dito e porque você está achando
difícil prestar atenção. Você não está aprendendo como prestar atenção. Se você
estiver aprendendo o como prestar atenção, então isto se tornará um sistema,
que é o que o cérebro está acostumado, e então você faz da atenção algo
mecânico e repetitivo, ao passo que a atenção não é mecânica ou repetitiva. É a
maneira de olhar para sua vida inteira sem o centro do interesse próprio. ”
“
O problema por conseguinte, é este: para que o homem possa
transformar-se radicalmente, fundamentalmente, torna-se necessária uma mutação
nas próprias células cerebrais de sua mente. Dizem-nos que devemos mudar, que
devemos agir, que devemos transformar nossa mente, nosso coração, tornar-nos
uma coisa totalmente diferente. Isso vem sendo pregado há milhares de anos por
homens muito sérios, muito ardorosos, e também por charlatães interessados em
explorar o povo. Mas, agora, chegamos ao ponto em que não há mais tempo a
perder. Compreendei isto por favor. Não dispomos de tempo para efetuar
gradualmente tal transformação. Os intelectuais de todo o mundo estão
reconhecendo que o homem se acha à beira de um abismo, na iminência de destruir
a si próprio. Nem religiões, nem deuses, nem salvadores, nem mestres, nem as
lengalengas dos gurus, poderão impedi-los. Dizem os intelectuais ser necessário
inventar uma nova droga, uma 'pílula dourada' capaz de produzir uma completa
transformação química; e os cientistas provavelmente descobrirão esta droga.
Não sei se estais bem a par dessas coisas. Ora conquanto o organismo físico
seja um produto bioquímico, pode uma droga, uma superdroga fazer-vos amar,
tornar-vos bondosos, generosos, delicados, não violentos? Não o creio; nenhum
preparado químico pode fazer os homens amarem-se uns aos outros. O amor não é
um produto do pensamento; também não é cultivável, como a flor que cultivamos
em nosso jardim. O amor não pode ser comprado numa drogaria, e o amor é a única
coisa que poderá salvar o homem - e não os artifícios das religiões, nem seus
ritos, nem todos os exércitos do mundo. Podemos fugir, assistindo a concertos,
visitando museus, entregando-nos a divertimentos de toda ordem - debalde! -
porque o homem se acha hoje em dia em presença de um tremendo problema: se tem
a possibilidade de transformar-se radicalmente, de efetuar uma total mutação de
sua consciência, não amanhã, nem daqui a alguns anos, mas agora! Eis o problema
principal: se o homem, em qualquer país que viva, com todas as suas belezas
naturais, é capaz de operar uma mutação radical em seu interior, imediatamente.
E não podeis resolvê-lo com vossas crenças, vossas ideologias, vossos deuses,
salvadores, sacerdotes e rituais. Essas coisas já não tem o menor
significado. ”
“
Podemos ir longe, se começarmos de muito perto. Em geral começamos pelo
mais distante, o "supremo princípio", "o maior ideal", e
ficamos perdidos em algum sonho vago do pensamento imaginativo. Mas quando
partimos de muito perto, do mais perto, que é nós, então o mundo inteiro está
aberto — pois nós somos o mundo. Temos de começar pelo que é real, pelo que
está a acontecer agora, e o agora é sem tempo.
”
“
Meditação é libertar a mente de toda desonestidade. O pensamento gera
desonestidade. O pensamento, no seu esforço para ser honesto, é comparativo e,
portanto, desonesto. (…) Meditação é o movimento dessa honestidade no silêncio ”
“
Estou apenas a ser como um espelho da vossa vida, no qual podeis ver-vos
como sois. Depois, podeis deitar fora o espelho; o espelho não é
importante. ”
“
… Falamos da vida — e não de ideias, de teorias, de práticas ou de
técnicas. Falamos para que olhe esta vida total, que é também a sua vida, para
que lhe dê atenção. Isso significa que não pode desperdiçá-la. Tem pouquíssimo
tempo para viver, talvez dez, talvez cinquenta anos. Não perca esse tempo. Olhe
a sua vida, dê tudo para a compreender.
”
Livros publicados[editar | editar
código-fonte]
A Busca (Poemas)
Cartas às Escolas
Comentários Sobre Viver
O Despertar da Sensibilidade
O Descobrimento do Amor
Diálogos Sobre a Vida
Diálogos Sobre a Visão Intuitiva
Diário de Krishnamurti
Vida e Morte de Krishnamurti
A Educação e o Significado da Vida
A Eliminação do Tempo Psicológico
Ensinar e Aprender
A Essência da Maturidade
Fora da Violência
O Futuro da Humanidade
O Futuro é Agora
Libertação dos Condicionamentos
Liberte-se do Passado
O Mistério da Compreensão
O Mundo Somos Nós
Novo Acesso à Vida
Novo Ente Humano
Novos Roteiros em Educação
Onde Está a Bem-Aventurança
O Passo Decisivo
Palestras com Estudantes
Americanos
A Primeira e Última Liberdade
A Questão do Impossível
A Rede do Pensamento
Reflexões Sobre a Vida
Sobre o Amor e a Solidão
Sobre o Aprendizado e o
Conhecimento
Sobre o Conflito
Sobre Deus
Sobre Liberdade
Sobre o Medo
Sobre a Mente e o Pensamento
Sobre a Natureza e o Meio Ambiente
Sobre Relacionamentos
Sobre a Verdade
Sobre a Vida e a Morte
Sobre o Viver Correto
Uma Nova Maneira de Agir
O Verdadeiro Objetivo da Vida
O Vôo da Águia
Acampamento em Ommen,Holanda
1937/38
Aos pés do Mestre
Referências
1.Ir para cima ↑ David Bohm
2.Ir para cima ↑ Ebook introduction
3.Ir para cima ↑ The Philosophy of Bruce Lee
4.Ir para cima ↑ Pupul Jaykar
5.Ir para cima ↑ Achyut Patwardhan
6.Ir para cima ↑ Dada
Dharmadhikari Biography
7.Ir para cima ↑ Rynn Berry, The New Vegetarians,
Pytagorean Publishers, 1993, p. 180.
Fonte: Wikipédia
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