Em 31/08/2016 - Remessa ao Senado Federal por meio do Of. nº 1.367/16/SGM-P.
O
Projeto de Lei Complementar (PLP) 257/2016 foi aprovado na madrugada de
terça-feira (9/08/2016), na Câmara dos
Deputados. 282 deputados votaram a favor do projeto que ataca os serviços
públicos, os servidores, e prevê o congelamento do salário mínimo, e 140 votaram
contra o PLP. Falta ainda a votação dos destaques e emendas que visam
modificar o texto do relator, deputado
Esperidião Amin (PP-SC). Após o fim da votação na Câmara, o projeto será encaminhado para discussão e
votação no Senado Federal.
Uma das
modificações realizadas no texto original do PLP 257/2016 foi retirar do texto do relator a exigência de
que os estados e o DF não concedessem reajuste salarial por dois anos aos
servidores. No entanto, permaneceu
no texto a exigência de que os gastos primários das unidades federadas não
ultrapassem o realizado no ano anterior, acrescido da variação da inflação
medida pelo IPCA, ou outro índice que venha a substituí-lo, também nos dois
exercícios seguintes à assinatura da renegociação.
Eblin
Farage, presidente do ANDES-SN, avalia que a pressão dos servidores junto aos parlamentares foi fundamental para
modificar o PLP 257, mas ressalta que ele segue sendo um forte ataque aos
serviços públicos. “O projeto original, da presidente Dilma Rousseff, era
ainda pior do que o aprovado na Câmara. As mudanças se devem à pressão dos
servidores por meio de um conjunto de iniciativas, em especial nos estados,
onde 40% dos deputados são candidatos a prefeito”, afirmou.
“A
nossa briga não acabou, vamos pressionar os deputados, que ainda vão votar os
destaques. Manteremos a mobilização e definiremos os próximos passos da luta
para a próxima semana em reunião do Fórum das Entidades Nacionais dos
Servidores Públicos Federais (Fonasefe). Queremos, também, organizar uma
caravana para Brasília que reúna servidores públicos federais, estaduais,
municipais e movimentos sociais para pressionar os parlamentares”, completa a
docente.
CCJ
aprova PEC 241/2016
Já a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016 foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da
Câmara, na tarde da terça-feira (9). Foram 33 votos favoráveis e 18 contra.
A CCJ não discutiu o mérito da PEC, somente sua constitucionalidade. Será
instalada agora uma comissão especial para dar prosseguimento à tramitação da proposta.
Durante a sessão, o deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) atacou os
servidores que protestavam contra a PEC, chamando-os de “vagabundos”.
Entenda
o PLP 257/2016
O PLP 257/2016 faz parte do pacote de ajuste
fiscal iniciado pelo governo de Dilma Rousseff, ainda no final de 2014. As
medidas, que buscam manter o pagamento
de juros e amortizações da dívida ao sistema financeiro e aumentar a
arrecadação da União, atingem diretamente o serviço público e programas
sociais.
Além de
estabelecer um novo limite para o
crescimento do gasto público, o PLP 257/16 cria um Plano de Auxílio aos Estados e ao Distrito Federal com
propostas de “alívio financeiro”, com o alongamento do contrato da dívida com o
Tesouro Nacional por 20 anos e a consequente diluição das parcelas, a
possibilidade de refinanciamento das dívidas com o Banco Nacional do
Desenvolvimento (BNDES) e o desconto de 40% nas prestações da dívida pelo prazo
de dois anos.
Em troca, os estados são obrigados a aderir
ao programa oferecido pela União, de curto e médio prazo, para reduzir o gasto
com pessoal, que prevê, entre outras medidas, a redução do gasto com cargos
comissionados em 10% e a instituição de regime de previdência complementar de
contribuição definida.
Entenda
a PEC 241/2016
Chamada
de novo regime fiscal pelo governo
interino, a PEC 241/2016 limita as despesas primárias da União aos gastos do
ano anterior corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), o que significa que a cada ano, a Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) vai definir, com base na regra, o limite orçamentário dos poderes
Legislativo (incluindo o Tribunal de Contas da União), Executivo e Judiciário,
Ministério Público Federal da União (MPU) e Defensoria Pública da União (DPU).
Como o IPCA só é conhecido após o
encerramento do ano, a PEC 241 determina que, para calcular o limite, o governo
estimará um valor para a inflação, que será usado na elaboração dos projetos da
LDO e da lei orçamentária. Na fase de execução das despesas, no ano seguinte,
será usado o valor final do IPCA, já conhecido, procedendo-se aos ajustes nos
valores dos limites.
Caso haja descumprimento ao limite de gastos,
o órgão ou Poder Público serão penalizados nos anos seguintes com a proibição
de medidas que aumentem o gasto público, como o reajuste salarial de servidores
públicos; criação de cargo, emprego ou função; alteração de estrutura de
carreira; à admissão ou à contratação de pessoal, a qualquer título,
ressalvadas as reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem
aumento de despesa e aquelas decorrentes de vacâncias de cargos efetivos; e à
realização de concurso público.
Um
estudo realizado pela subseção do Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (Dieese) no ANDES-SN utilizou a regra prevista pela PEC
241 para calcular qual seria o orçamento de educação e saúde públicas desde
2002, caso a proposta tivesse em vigor em 2001. Os números são alarmantes. No ano de 2015, por exemplo, ao invés dos R$
75,6 bilhões que foram investidos em educação, as medidas previstas na PEC
fariam com o que o orçamento fosse de R$ 29,6 bilhões – uma redução de R$ 46
bilhões. De 2002 para 2015, as
regras da PEC fariam com que o orçamento da educação acumulasse perdas de R$
268,8 bilhões – o que representaria um corte de 47% em tudo o que foi investido
em educação nesses 14 anos.
Com
informações de Agência Câmara, Carta Capital, El Pais e PSOL. Imagem de EBC e
ANDES-SN.
Fonte:
http://www.andes.org.br/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=8300
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