Movimento hegemônico na seccional goiana há mais
de duas décadas tem cisão após revelação de dívidas milionárias.
Vice-presidente ameaça renunciar
O movimento
OAB Forte, que há mais de 20 anos domina a Secção Goiás da Ordem dos Advogados
do Brasil, ficou dividido após a eleição do tesoureiro da instituição, Enil
Henrique de Souza Filho, para presidir o conselho até o final de ano. A eleição
aconteceu na última quarta-feira e o vice-presidente, Sebastião Macalé, ficou
em segundo lugar na disputa.
Enil e Macalé pertenciam à mesma corrente que
ganha as eleições nas duas últimas décadas. Entretanto, para o mandato tampão
não houve conciliação e os dois saíram candidatos. Macalé, quando de sua preleção para o conselho, expôs a situação
financeira da OAB Goiás com detalhes importantes sobre dívidas contraídas,
juros pagos sobre os empréstimos e bens dados em garantia, além de imóveis
vendidos para custear construções que nunca foram feitas, o que acentuou a
cisão no movimento.
“A OAB
Goiás tem uma dívida que era desconhecida da esmagadora maioria dos advogados,
contraiu empréstimos e pagou juros que não constaram da prestação de contas”, disse Macalé, tornando
públicas suspeitas que pesavam sobre a situação administrativo-financeira da
Ordem.
As colocações de Macalé caíram como uma bomba no
Conselho Seccional, e alguns conselheiros ainda tentavam contemporizar a
situação dizendo que os empréstimos eram justificados para gastos e
investimentos em sedes de subsecções espalhadas pelo interior. Mesmo um dos mais antigos
integrantes do conselho, Murilo Macedo
Lobo, a situação era meio que desconhecida, apesar dele já ter por reiteradas
vezes manifestado desconhecimento sobre as contas da OAB.
“O sistema
de prestação de contas da OAB pode ser comparado a uma caixa-preta, não tem
transparência, não há clareza de quanto se arrecada e se investe”, disse
recentemente Murilo, sem fazer questão de esconder sua preocupação.
O endereço da dificuldade de ter conhecimento
sobre o que a OAB Goiás arrecada de seus inscritos e o que gasta era um só: o
tesoureiro Enil, que se tornou presidente. Para o vice, Macalé, os empréstimos
não eram conhecidos, mas do tesoureiro, não tinha como, porque ele assinava os
contratos bancários.
Antecipação
A discussão
sobre o quanto se arrecada e se gasta acirrou o debate e ainda não há total
transparência. Alguns dizem que a OAB Goiás arrecada anualmente algo em torno
de R$ 27 milhões, o que já é uma cifra considerável. Outros dizem que a receita
chega próximo de R$ 45 milhões, situação não confirmada, mas que provoca
estupefação.
O detalhe é
que os dirigentes da OAB sempre foram extremamente arredios a prestar contas do
volume de dinheiro que administram. Dizem que o Ministério Público Federal, que
recentemente ajuizou ação para obrigar a Ordem a publicar em seu site o Portal
da Transparência, está querendo aparecer às custas dos advogados.
Todavia,
muitos conselheiros ouvidos no dia da eleição diziam de modo constrangido como
é possível que a Ordem dos Advogados, que sempre liderou movimentos cobrando
transparência total de governos, poderes e instituições, se negue
peremptoriamente a cumprir a tal da transparência também sobre seus gastos e
receitas. “Parece que o remédio só serve para os outros e a entidade dos
advogados não precise ser transparente com ninguém”, disse um conselheiro que
prefere deixar a política na Ordem.
A cisão
entre o movimento que sempre venceu as eleições acontece justamente em um
momento que se antecipam os debates que acontecerão em novembro, quando os
advogados vão escolher novamente seus dirigentes.
O grupo de Enil Henrique de Souza Filho, o
presidente eleito que deixou a tesouraria, é o mesmo do ex-presidente Henrique
Tibúrcio, que deixou a OAB para ser secretário de Governo. O candidato do grupo em
novembro deverá ser Flávio Buonaduce Borges, já em plena campanha para a
sucessão do atual comandante.
O grupo de Sebastião Macalé, o vice-presidente que
denunciou os gastos inexplicáveis, se alinha a um outro grupo expressivo na OAB, que tem figuras de peso
e que deverão apoiar o advogado Pedro Paulo Guerra de Medeiros, herdeiro do
lendário Wanderley de Medeiros. Pepê, como é conhecido, é assediado para ser
candidato a presidente da OAB Goiás por muitos descontentes com os rumos dados
por Tibúrcio no Conselho Seccional.
Os rumos
poderão ser mudados a partir da próxima semana, após definição de Sebastião
Macalé sobre seu futuro no Conselho. Ele disse que avalia a possibilidade de
deixar a vice-presidência e fazer oposição ao grupo que venceu a eleição.
EMPRÉSTIMOS
BANCÁRIOS
BICBANCO
Valor
Principal: R$ 5.000.000,00 – taxa 0,50% a.m + CDI – prazo 36 meses
(Garantia: Prédio anexo Olavo Berquó) –
Início: Set/2012. Contrato n°
1188130.
Pago até
Dez/2014: R$ 4.700.000,00
Saldo a
pagar: R$ 1.600.000,00(*)
CEF
Valor
Principal: R$ 3.100.000,00 – taxa 0,49% a.m + CDI – prazo 48 meses
(Garantia: Prédio Centro de Serviços) –
Início: Ago/2013. Contrato n°
08.2234.737.0000002-52.
Pago até
Dez/2014: R$ 1.700.000,00
Saldo a
pagar: R$ 2.900.000,00(*)
CREDIJUR
Valor
Principal: R$ 1.900.000,00 – taxa 1,78% a.m – prazo 11 meses (Garantia:
Prédio Jorge
Jungman e Parte da carteira de recebíveis de 2015) – Início:
Jan/2015.
Contrato n° 13969-9.
Pago: zero
Saldo a
pagar: R$ 2.200.000,00
Repasses
devidos
Fundo e
Integração e Desenvolvimento Assistencial dos Advogados (FIDA)
Ano 2012: R$
36.000,00
Ano 2013: R$
32.000,00
Ano 2014: R$
69.000,00
Conselho
Federal
Ano 2012: R$
138.000,00
Ano 2013: R$
157.000,00
Ano 2014: R$
350.000,00
Caixa de
Assistência dos Advogados de Goiás (CASAG)
Ano 2014: R$
962.000,00
Resumo
Total
Empréstimos (Principal): R$ 10.082.000,00
Total Pago
(Principal): R$ 5.050.000,00
Total Pago
(Juros): R$ 1.300.000,00
(a) Total Empréstimos a pagar (Principal): R$
5.032.000,00
(b) Total Empréstimos a pagar (Juros): R$
1.670.000,00(*)
(c) Total Repasses devidos: R$ 1.744.000,00
(a)+(b)+(c): R$ 8.446.000,00
(*)Previsão considerando CDI de Dez/2014.
Fonte:
http://www.dm.com.br/cidades/centro-oeste/2015/02/racha-na-oab-forte.html
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