Chico
Buarque
Francisco
Buarque de Holanda, mais conhecido por Chico Buarque (Rio de Janeiro, 19 de
junho de 1944), é um músico, dramaturgo e escritor brasileiro. É conhecido por
ser um dos maiores nomes da música popular brasileira (MPB). Sua discografia
conta com aproximadamente oitenta discos, entre eles discos-solo, em parceria
com outros músicos e compactos.2
Filho do
historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Cesário Alvim, escreveu
seu primeiro conto aos 18 anos,3 ganhando destaque como cantor a partir de 1966, quando lançou seu
primeiro álbum, Chico Buarque de Hollanda, e venceu o Festival de Música
Popular Brasileira com a música A Banda. Socialista declarado4 5
autoexilou-se na Itália em 1969, devido
à crescente repressão do regime militar do Brasil nos chamados "anos de
chumbo", tornando-se, ao retornar, em 1970, um dos artistas mais ativos na
crítica política e na luta pela democratização no país. Na carreira literária, foi vencedor de três
Prêmios Jabuti: o de melhor romance em 1992 com Estorvo e o de Livro do Ano,
tanto pelo livro Budapeste, lançado em 2004, como por Leite Derramado, em 2010.
Foi casado
por 33 anos (de 1966 a 1999) com a atriz Marieta Severo, com quem teve três
filhas, Sílvia Buarque, Helena e Luísa.6 7 Chico é irmão das cantoras Miúcha, Ana de
Hollanda e Cristina. Ao contrário da crença popular, o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda era apenas um primo distante
do pai de Chico.8
Em 2 de
dezembro de 2012, foi confirmado por Miguel Faria, um documentário, do qual
apresentará um show de Chico, organizado para a produção, mesclado com
depoimentos dele e de outros nomes da música nacional, além de encenações com
personagens das canções mais famosas do artista.9 10
Biografia
Chico
Buarque de Holanda nasceu em 19 de junho
de 1944 na cidade do Rio de Janeiro, é filho de Sérgio Buarque de Holanda
(1902–1982), um importante historiador e jornalista brasileiro e de Maria
Amélia Cesário Alvim (1910–2010), pintora e pianista.3
Em 1946,
mudou-se para a capital São Paulo, onde o pai assumiu a direção do Museu do
Ipiranga. Chico sempre revelou interesses pela música, tal interesse foi
bastante reforçado pela convivência com intelectuais como Vinicius de Moraes e
Paulo Vanzolini.11
Em 1953, Sérgio Buarque de Holanda, pai do cantor,
foi convidado para lecionar na Universidade de Roma. A família Buarque de
Hollanda, então, muda-se para a Itália. Chico aprende dois idiomas
estrangeiros, na escola fala inglês, e nas ruas, italiano. Nessa época, compõe
as suas primeiras marchinhas de Carnaval.11
Chico regressa ao Brasil em 1960. No ano seguinte,
produz suas primeiras crônicas no jornal Verbâmidas, do Colégio Santa Cruz de
São Paulo,
nome criado por ele.12 Sua
primeira aparição na imprensa, porém, não foi em relação ao seu trabalho, mas
sim policial. Publicada, no jornal Última Hora, de São Paulo, a notícia de que
Chico e um amigo furtaram um carro nas proximidades do estádio do Pacaembu para
passear pela madrugada paulista foi anunciada com a manchete "Pivetes
furtaram um carro: presos".13 14.
Em 1998, o
artista foi homenageado no Desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, pela
GRES Estação Primeira de Mangueira, no enredo "Chico Buarque da
Mangueira". A escola verde e rosa dividiu o título de campeã daquele
carnaval com a Beija-Flor de Nilópolis.15 16
Início de
carreira
Chico
Buarque chegou a ingressar no curso de
Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de
São Paulo em 1963. Cursou dois anos
e parou em 1965, quando começou a se dedicar à carreira artística. Neste
ano, lançou Sonho de Carnaval, inscrita
no I Festival Nacional de Música Popular Brasileira, transmitida pela TV
Excelsior, além de Pedro Pedreiro, música fundamental para experimentação do
modo como viria a trabalhar os versos, com rigoroso trabalho estilístico
morfológico e politização, mais significativamente na década de 1970.1
A primeira composição do Chico foi aos
15 anos de idade, Canção dos Olhos (1959). A primeira gravação foi também uma marchinha, "Marcha para um dia de
sol", gravada por Maricene Costa, em 1964.17
Conheceu Elis Regina, que havia vencido o Festival
de Música Popular Brasileira (1965) com a canção Arrastão, mas a cantora acabou
desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a timidez do compositor. Chico Buarque revelou-se ao público brasileiro quando ganhou o mesmo
Festival, no ano seguinte (1966), transmitido pela TV Record, com A Banda,
interpretada por Nara Leão (empatou em primeiro lugar com Disparada, de Geraldo
Vandré, interpretada por Jair Rodrigues).1
Chico e Nara Leão
No entanto, Zuza
Homem de Mello, no livro A Era dos
Festivais: Uma Parábola, revelou que "A Banda" venceu o festival.
O musicólogo preservou por décadas as
folhas de votação do festival. Nelas, consta que a música "A Banda"
ganhou a competição por 7 a 5. Chico,
ao perceber que ganharia, foi até o presidente da comissão e disse não aceitar
a derrota de Disparada. Caso isso
acontecesse, iria na mesma hora entregar o prêmio ao concorrente.18
Premiação de Disparada e A Banda
No dia 10 de
outubro de 1966, data da final, iniciou o processo que designaria Chico Buarque
como unanimidade nacional, alcunha criada por Millôr Fernandes.19
Jair Rodrigues canta Disparada
Canções como
Ela e sua Janela, de 1966, começam a demonstrar a face lírica do compositor.
Com a observação da sociedade, como nas diversas vezes em que citação do
vocábulo janela está presente em suas primeiras canções: Juca, Januária,
Carolina, A Banda e Madalena foi pro Mar. As
influências de Noel Rosa podem ser notadas em A Rita, 1965, citado na letra, e
Ismael Silva, como em marchas-ranchos.18
Festivais de
MPB na década de 1960
Chico e MPB4
No festival de 1967 faria sucesso também com Roda
Viva, interpretada por ele e pelo grupo MPB-4 — amigos e intérpretes de muitas
de suas canções. Em 1968, voltou a vencer outro Festival, o III Festival
Internacional da Canção da TV Globo. Como compositor,
em parceira com Tom Jobim, com a canção Sabiá. Mas desta vez a vitória foi
contestada pelo público, que preferiu a canção que ficou em segundo lugar: Pra
não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré.1
Geraldo Vandré
A
participação no Festival, com A Banda, marcou a primeira aparição pública de
grande repercussão apresentando um estilo amparado no movimento musical urbano
carioca da Bossa nova, surgido em 1957. Ao longo da carreira, o samba e a MPB
seriam estilos amplamente explorados.18
Trilha-sonora
e adaptações de livros
Chico
participou como ator e compôs várias canções de sucesso para o filme Quando o
Carnaval Chegar e foi diretor musical de Joanna Francesa com Roberto Menescal,
com quem compôs a canção-tema, ambos filmes dirigidos por Cacá Diegues.20
Compôs a canção-tema do longa-metragem Vai trabalhar Vagabundo, de Hugo Carvana
— Carvana chegou a modificar o roteiro a fim de usá-la melhor. Faria o mesmo
com os filmes seguintes desse diretor: Se segura malandro e Vai trabalhar
vagabundo II. Adaptou canções de uma peça infantil para o filme Os Saltimbancos
Trapalhões do grupo humorístico Os Trapalhões e com interpretações de Lucinha
Lins. Outras adaptações de uma peça homônima de sua autoria foram feitas para o
filme Ópera do Malandro, mais um musical cinematográfico. Vários filmes que
tiveram canções-temas de sua autoria e que fizeram muito sucesso além dos
citados: Bye Bye Brasil, Dona Flor e seus dois maridos e Eu te amo, os dois
últimos com Sônia Braga. Recentemente, chegou a ter uma participação especial
como ator no filme Ed Mort.1 Ele escreveu um livro que virou filme, Benjamim,
que foi ao ar nos cinemas em 2003, tendo como intérpretes dos personagens
principais Cleo Pires, Danton Melo e Paulo José.19
Em maio de
2009, é lançado o filme Budapeste com roteiro baseado em livro homônimo de
Chico Buarque. No filme há também a participação especial do escritor.
Teatro e
literatura
Musicou as
peças Morte e vida severina e o infantil Os Saltimbancos. Escreveu também
várias peças de teatro, entre elas Roda Viva (proibida), Gota d'Água, Calabar
(proibida), Ópera do malandro e alguns livros: Estorvo, Benjamim, Budapeste e
Leite Derramado.19
Chico
Buarque sempre se destacou como cronista nos tempos de colégio; seu primeiro
livro foi publicado em 1966, trazendo os manuscritos das primeiras composições
e o conto Ulisses, e ainda uma crônica de Carlos Drummond de Andrade sobre A
Banda. Em 1974, escreve a novela pecuária Fazenda modelo e, em 1979,
Chapeuzinho Amarelo, um livro-poema para crianças. A bordo do Rui Barbosa foi
escrito em 1963 ou 1964 e publicado em 1981. Em 1991, publica o romance Estorvo
(vencedor do Prêmio Jabuti de melhor romance em 199221 )e, quatro anos depois,
escreve o livro Benjamim. Em 2004, o romance Budapeste ganha o Prêmio Jabuti de
Livro do Ano.22 Em 2009, lança o livro Leite Derramado, que também recebe o
Prêmio Jabuti de Livro do Ano.22 Oficialmente, a vendagem mínima de seus livros
é de 500 mil exemplares no Brasil.
Polêmica
sobre o Prêmio Jabuti
Tanto Budapeste quanto Leite Derramado venceram o
prêmio Jabuti como Livro do Ano sem terem vencido o mesmo prêmio na categoria
Melhor Romance.
Budapeste foi o terceiro colocado na premiação de melhor romance de 2004,
enquanto Leite Derramado havia sido o segundo colocado em 2010. Após a escolha de 2010, muitas críticas
foram feitas à forma de premiação, tendo em vista que na premiação por
categorias, o júri seria composto por especialistas, sendo que na premiação
para Livro do Ano, a votação representaria a vontade dos empresários do setor. Os
três primeiros colocados de cada categoria concorriam ao prêmio final, de Livro
do Ano. Uma petição on line, intitulada "Chico, devolve o Jabuti!",
recolheu milhares de assinaturas. A editora Record (que publicara Se Eu Fechar
os Olhos Agora, de Edney Silvestre, vencedor na categoria melhor romance e
preterido na votação final) criticou o regulamento do prêmio, alegando que
favoreceria pessoas com grande penetração na mídia e seria um desrespeito com o
júri especializado e com os próprios autores, anunciando que deixaria de
inscrever candidatos ao prêmio.22 Com a polêmica, foi anunciado que em 2011 apenas os vencedores de cada
categoria concorreriam à premiação final.23
Programas
televisivos
Deixou de participar de programas populares de
televisão, tendo problemas com a TV Excelsior, durante o ensaio para o programa
do Chacrinha, em que um dos produtores teria feito uma piada com a letra da
canção Pedro Pedreiro: "Não dá para esse trem chegar mais cedo, não?"
- referindo-se à extensão da letra de sessenta versos. Irritado, Chico foi
embora e nunca se apresentou no programa.18 O executivo Boni proibiu
qualquer referência a Chico durante a programação da TV Globo, depois que ambos
também tiveram um entrevero, mas por pouco tempo, uma vez que ainda durante a década
de 1970 (e o começo da de 80) músicas suas constavam das trilhas de várias
telenovelas, como Espelho Mágico e Sétimo Sentido.24 Ao fim da proibição vários anos depois,
Chico aceitou fazer um programa com Caetano Veloso, que contou com a
participação de outros artistas.
Crítica ao
Regime Militar do Brasil
Ameaçado
pelo regime militar, esteve auto-exilado na Itália em 1969, onde chegou a fazer
espetáculos com Toquinho. Nessa época teve suas canções Apesar de você (que dizem ser uma alusão negativa ao presidente
Emílio Garrastazu Médici, mas que Chico sustenta ser em referência à situação)
e Cálice proibidas pela censura brasileira. Adotou o pseudônimo de Julinho da
Adelaide, com o qual compôs apenas três canções: Milagre Brasileiro, Acorda
amor e Jorge Maravilha. Na Itália Chico tornou-se amigo do cantor Lucio Dalla,
de quem fez a Minha História, versão em português (1970) da canção Gesù Bambino
(título verdadeiro 4 marzo 1943), de Lucio Dalla e Paola Palotino. 18
Ao voltar ao Brasil continuou com composições que
denunciavam aspectos sociais, econômicos e culturais, como a célebre Construção
ou a divertida Partido Alto. Apresentou-se com Caetano Veloso (que também foi exilado,
mas na Inglaterra) e Maria Bethânia. Teve outra de suas músicas associada a críticas
a um presidente do Brasil. Julinho da Adelaide, aliás, não era só um
pseudônimo, mas sim a forma que o compositor encontrou para driblar a censura,
então implacável ao perceber seu nome nos créditos de uma música. Para
completar a farsa e dar-lhe ares de veracidade, Julinho da Adelaide chegou a
ter cédula de identidade e até mesmo a conceder entrevista a um jornal da
época.18
Uma das
canções de Chico Buarque que critica o regime é uma carta em forma de música,
uma carta musicada que ele fez em homenagem ao Augusto Boal, que vivia no
exílio, quando o Brasil ainda vivia sob a regime militar. A canção se chama Meu
Caro Amigo e foi dirigida a Boal, que na época estava exilado em Lisboa. A
canção foi lançada originalmente num disco de título quase igual, chamado Meus
Caros Amigos, do ano de 1976.18
Nordeste já
Valendo-se
ainda do filão engajado após o regime militar, cantou, ainda que com uma
participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit estadunidense
que juntou vozes e levantou fundos para a USA for África. O projeto de criação
coletiva sobre o poema de Patativa do Assaré, Nordeste já (1985) em apoio à
causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto com as canções Chega de
mágoa e Seca d'água. 18
Genealogia e
parentesco
O pai de
Francisco Buarque de Hollanda, Sérgio Buarque de Hollanda, é primo em primeiro
grau da mãe de Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira, Maria Buarque Cavalcanti
Accioly Lins, sendo ambos netos de Manuel Buarque de Gusmão Lima. A avó materna
de Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira, Luísa Buarque de Hollanda Cavalcanti,
é irmã do avô paterno de Francisco Buarque de Hollanda, Cristóvão Buarque de
Hollanda. Uma genealogia parcial,25
Manuel
Buarque de Gusmão Lima c.c. Maria Magdalena Pais de Hollanda Cavalcanti (Pais
Barreto)
Luísa
Buarque de Hollanda Cavalcanti c.c. Berino Justiniano Accioly Lins
Maria
Buarque Cavalcanti Accioly Lins c.c. Manuel Hermelindo Ferreira
Aurélio
Buarque de Hollanda Ferreira
José Luís
Pais Barreto Buarque
Cristóvão
Buarque de Hollanda c.c. Heloísa de Araújo
Sérgio
Buarque de Hollanda
Francisco
Buarque de Hollanda
O
"eu" feminino
Composições
que se notabilizaram pela decantação de um "eu lírico" feminino,
retratando temas a partir do ponto de vista das mulheres com notável poesia e
beleza: esse estilo é adaptado em Com açúcar, com afeto escrito para Nara Leão;
continuou nessa linha com belas canções como Olhos nos Olhos e Teresinha,
gravadas por Maria Bethânia, Atrás da Porta, interpretada por Elis Regina, e
Folhetim, com Gal Costa, Iolanda (versão adaptada de letra original de Pablo
Milanés), num dueto com Simone, Anos Dourados – um clássico feito em parceria
com Tom Jobim para a minissérie de mesmo nome e "O Meu Amor" para a
peça "Ópera do Malandro" interpretada por Marieta Severo e Elba
Ramalho sendo que, para essa última, fez também "Palavra de Mulher".18
Intérpretes
de Chico Buarque
O cantor
nunca se negou a oferecer composições originais a seus amigos cantores. Muitas
dessas passaram a ter versões definitivas em outras vozes. Além das citadas
canções do "eu" feminino de Chico, temos o exemplo da performance de Elis Regina na canção Atrás
da Porta e 'O cio da terra, com gravações de Milton Nascimento e da dupla rural
Pena Branca & Xavantinho. Há também interpretações de Oswaldo Montenegro, que, em 1993, lançou o disco Seu
Francisco, produzido por Hermínio Bello de Carvalho, e Ney Matogrosso que, em
1996, lançou Um Brasileiro.18
Deve-se
mencionar ainda seu êxito em outras composições que fez para cantores populares
que não estavam em destaque, como nos casos de Ângela Maria, que gravou Gente
Humilde, e Cauby Peixoto com Bastidores. Dentre os artistas que regravaram
músicas suas em estilo popular podem ser citados ainda Rolando Boldrin, que
relançou Minha História, e a banda Engenheiros do Hawaii que, no ano 2000,
gravou Quando o Carnaval Chegar, no álbum 10.000 Destinos.18
Parceiros
Desde muito
jovem, Chico conquistou reconhecimento de crítica e público tão logo os
primeiros trabalhos foram apresentados. Ao longo da carreira foi parceiro como
compositor e intérprete de vários dos maiores artistas da MPB como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Toquinho,
Milton Nascimento, Ruy Guerra e Caetano Veloso. Os parceiros mais
constantes são Francis Hime e Edu Lobo.18
Obra teatral
Em 1965, a pedido de Roberto Freire, diretor do Teatro da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA), na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Chico musicou o poema Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo
Neto, para a montagem da peça. 18 Desde então, sua presença no
teatro brasileiro tem sido constante:19
Roda viva
A peça Roda viva foi escrita por Chico
Buarque no final de 1967 e estreou no Rio de Janeiro, no início de 1968, sob a
direção de José Celso Martinez Corrêa, com Marieta Severo, Heleno Pests e
Antônio Pedro nos papéis principais. A temporada
no Rio foi um sucesso, mas a obra virou um símbolo da resistência contra o
regime militar durante a temporada da segunda montagem, com Marília Pêra e
Rodrigo Santiago. Um grupo
de cerca de 110 pessoas do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) invadiu o
Teatro Galpão, em São Paulo, em julho daquele ano, espancou artistas e depredou
o cenário. No dia seguinte,
Chico Buarque estava na plateia para apoiar o grupo e começava um movimento
organizado em defesa de Roda viva e contra a censura nos palcos brasileiros.
Chico disse no documentário Bastidores, que pode ter havido um erro, e que a
peça que o comando deveria invadir acontecia em outro espaço do teatro.
Calabar
Calabar: o Elogio da Traição, foi escrita no final de 1973, em
parceria com o cineasta Ruy Guerra e dirigida por Fernando Peixoto. A peça
relativiza a posição de Domingos Fernandes Calabar no episódio histórico em que
ele preferiu tomar partido ao lado dos holandeses contra a coroa portuguesa.
Era uma das mais caras
produções teatrais da época, custou cerca de 30 mil dólares e empregava mais de
80 pessoas. Como sempre, a censura do regime militar deveria aprovar e
liberar a obra em um ensaio especialmente dedicado a isso. Depois de toda a
montagem pronta e da primeira liberação do texto, veio a espera pela aprovação
final. Foram três meses de expectativa e, em 20 de outubro de 1974, o general
Antônio Bandeira, da Polícia Federal, sem motivo aparente, proibiu a peça, proibiu
o nome "Calabar" e proibiu que a proibição fosse divulgada.
O prejuízo para os autores e para o ator
Fernando Torres, produtores da montagem, foi enorme. Seis anos mais tarde, uma
nova montagem estrearia, desta vez, liberada pela censura.19
Gota d'água
Em 1975, Chico escreveu com Paulo Pontes a peça Gota
d'Água, a partir de um projeto de Oduvaldo Viana Filho, que já havia feito uma
adaptação de Medeia, de Eurípedes, para a televisão. A tragédia urbana, em
forma de poema com mais de quatro mil versos, tem como pano de fundo as agruras
sofridas pelos moradores de um conjunto habitacional, a Vila do Meio-dia, e, no
centro, a relação entre Joana e Jasão, um compositor popular cooptado pelo
poderoso empresário Creonte. Jasão termina por largar Joana e os dois filhos
para casar-se com Alma, a filha do empresário. A primeira montagem teve Bibi
Ferreira no papel de Joana e a direção de Gianni Ratto. Luiz Linhares foi um
dos atores daquela primeira montagem.19
Ópera do
malandro
Ver artigo
principal: Ópera do Malandro
O texto da
Ópera do malandro é baseado na Ópera dos mendigos (1728), de John Gay, e na
Ópera de três vinténs (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill. O trabalho partiu
de uma análise dessas duas peças conduzida por Luís Antônio Martinez Corrêa e
que contou com a colaboração de Maurício Sette, Marieta Severo, Rita Murtinho e
Carlos Gregório.19
A equipe
também cooperou na realização do texto final através de leituras, críticas e
sugestões. Nessa etapa do trabalho, muito valeram os filmes Ópera de três vinténs,
de Pabst, e Getúlio Vargas, de Ana Carolina, os estudos de Bernard Dort O
teatro e sua realidade, as memórias de Madame Satã, bem como a amizade e o
testemunho de Grande Otelo. Participou ainda o professor Manuel Maurício de
Albuquerque para uma melhor percepção dos diferentes momentos históricos em que
se passam as três óperas. O professor Werneck Viana contribuiu posteriormente
com observações muito esclarecedoras. E Maurício Arraes juntou-se ao grupo, já
na fase de transposição do texto para o palco. A peça é dedicada à lembrança de
Paulo Pontes.19
O Grande
Circo Místico
Ver artigo
principal: O Grande Circo Místico
Inspirado no
poema do modernista Jorge de Lima, Chico e Edu Lobo compuseram juntos a canção
homônima para este espetáculo, que estreou em 17 de março de 198326 . Durante
os dois anos seguintes, viajaram o país apresentando este que foi um dos
maiores e mais completos espetáculos já realizados. Um disco coletivo foi
lançado pela Som Livre para registrar a obra, com interpretações de grandes
nomes da MPB.
Discografia
1966: Chico
Buarque de Hollanda
1966: Morte
e Vida Severina
1967: Chico
Buarque de Hollanda vol. 2
1968: Chico
Buarque de Hollanda (compacto)
1968: Chico
Buarque de Hollanda vol. 3
1969: Umas e
Outras (compacto)
1969: Chico
Buarque na Itália
1970: Apesar
de Você
1970: Per un
Pugno di Samba
1970: Chico
Buarque de Hollanda - Nº4
1971:
Construção
1972: Quando
o Carnaval Chegar
1972:
Caetano e Chico Juntos e ao Vivo
1973: Chico
Canta
1974: Sinal
Fechado
1975: Chico
Buarque & Maria Bethânia ao Vivo
1976: Meus
Caros Amigos
1977: Milton
& Chico
1977: Os
Saltimbancos
1977: Gota
d'Água
1978: Chico
Buarque
1979: Ópera
do Malandro
1980: Vida
1980: Show
1º de Maio
1981:
Almanaque
1981:
Saltimbancos Trapalhões
1982: Chico
Buarque en Español
1983: Para
Viver um Grande Amor (trilha sonora)
1983: O
Grande Circo Místico
1984: Chico
Buarque
1985: O
Corsário do Rei
1985:
Malandro
1986:
Melhores Momentos de Chico & Caetano
1986: Ópera
do Malandro
1987:
Francisco
1988: Dança
da Meia-Lua
1989: Chico
Buarque
1990: Chico
Buarque ao vivo Paris Le Zenith (disco de ouro)
1993:
Paratodos (disco de ouro)
1995: Uma
Palavra
1997: Terra
1998: As
Cidades (disco de ouro)
1998: Chico
Buarque de Mangueira
1999: Chico
ao Vivo (disco de ouro)
2001:
Cambaio
2002: Chico Buarque
– Duetos
2004: Perfil
- Chico Buarque
2005: Chico
No Cinema
2006:
Carioca (CD + DVD com o documentário Desconstrução)
2007:
Carioca Ao Vivo
2008: Chico
Buarque Essencial
2010: Chico
Buarque Perfil 2
2011: Chico
Videografia
2001: Chico
e as Cidades (disco de ouro)
2003: Chico
ou o país da delicadeza perdida (DVD)
2005: Meu
Caro Amigo (DVD) (disco de platina)
2005: À Flor
da Pele (DVD) (disco de platina)
2005: Vai
passar (DVD) (disco de platina)
2005: Anos
Dourados (disco de platina)
2005:
Estação Derradeira (DVD) (disco de platina)
2005:
Bastidores (disco de platina)
2006: Roda
Viva
2006: O
Futebol
2006:
Romance
2006: Uma
Palavra
2006: Cinema
2006:
Saltimbancos
2006:
Carioca (CD + DVD com o documentário Desconstrução)
2007:
Carioca Ao Vivo
2012: Na Carreira
(DVD)
Outros
trabalhos
Livros
1974:
Fazenda Modelo
1979:
Chapeuzinho Amarelo
1981: A
Bordo do Rui Barbosa (ilustrações de Vallandro Keating)
1991:
Estorvo (primeiro romance)
1995:
Benjamim
2003:
Budapeste
2009: Leite
Derramado
2014: O
Irmão Alemão
Peças
1967/8: Roda
Viva
1973:
Calabar (co-escrita com Ruy Guerra)
1975: Gota
d'Água
1978: Ópera
do Malandro
1983: O
Grande Circo Místico
Filmes
1972: Quando
o carnaval chegar (coautor)
1980: Certas
Palavras
1983: Para
Viver um Grande Amor (coautor)
1985: Ópera
do Malandro
1995: O
Mandarim (ator)
Referências
↑ Ir para: a b c d e John
Dougan. Chico Buarque - biography (em português) Allmusic. Visitado em
04 de novembro de 2012.
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↑ Discografia de Chico
Buarque Chico Buarque. Visitado em 17 de dezembro de 2011.
↑ Ir para: a b HUNT, Jemima
(18 de julho de 2004). The lionised king of Rio
(em inglês)
The Guardian. Visitado
em 27 de março de 2012.
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↑
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/10/332991.shtm
Ir para cima
↑ Wilson H. Silva (junho
2004). Chico Buarque: múltiplo e singular (em português) Partido Socialista dos
Trabalhadores Unificado. Visitado em 04 de novembro de 2012.
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↑ Marieta Severo fala do
casamento com Chico Buarque 45 Graus (23 de janeiro de 2009). Visitado em 17 de
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↑ MASSON, Celso e LEITE,
Virginie (11 de novembro de 1998). [http://veja.abril.com.br/111198/p_200.html
Gotas de inspiração - Depois de cinco anos, Chico Buarque lança um disco que reflete sua
crise criativa] Veja. Visitado em 17 de dezembro de 2010.
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↑ Entrevista com Chico
Buarque sobre seu livro Leite Derramado.
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↑ Carlos Helíde Almeida (2 de dezembro
de 2012). Chico Buarque vai ganhar documentário com paralelo entre
carreira de cantor e compositor O Globo. Visitado em 3 de dezembro de 2012.
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↑ Lucas Salgado (3 de
dezembro de 2012). Diretor de Vinícius prepara documentário sobre Chico Buarque
AdoroCinema. Visitado em 3 de dezembro de 2012.
↑ Ir para: a b Página oficial
Ir para cima
↑ FOLHA ONLINE (30 de
dezembro de 2002). Saiba mais sobre Ricardo Kotscho, secretário de imprensa de
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Fonte:
Wikipédia
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