“[...] as
coisas tão tão esquisitas hoje em dia, que a gente... incrível. A gente anda
ressabiado de dizer que gosta das pessoas. Então, a gente inventa coisa. A
gente inventa que é tímido e que não encontra jeito de dizer. A gente inventa
que tá ocupado e que, um dia vai, sei lá, vai ter tempo de sentar e conversar.
Ai, de repente, você se toca que não tem mais nada pra ser feito. É tarde paca.
Quer dizer, eu não acho que seja tarde, porque eu acho que as coisas não se acabam aqui, isso aqui é uma passagem,
entende? A gente vem pra cá porque tem que melhorar, entende? A gente vem pra
cá pra isso mesmo, pra ficar um tempo aqui, fazendo coisas, acrescentando uma
bagagem grande, a gente e as pessoas, pra depois ir pra uma outra, entende? E
transar uma vida melhor, porque, realmente, só essa, eu acho que não tinha
sentido, se fosse só isso não tinha sentido, entende? Eu acredito que não é só
isso. De qualquer forma é muito
triste, as pessoas só saberem que a gente gosta delas depois que elas se foram.
[...]”
(Elis
Regina, Programa Ensaio de 1973. TV Cultura)
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