O relatório
Panorama Laboral 2014 lançado na última quinta-feira (11) pelo Escritório
Regional da OIT para a América Latina e o Caribe, revela que a desaceleração
econômica começou a impactar o mercado de trabalho na região. "Existem
sinais de alerta", disse a Diretora Regional da OIT, Elizabeth Tinoco,
durante a apresentação do relatório no México.
A
Organização Internacional do Trabalho (OIT) informou que a taxa de desemprego
urbano na América Latina e no Caribe se comportou de forma "atípica"
em 2014, ao continuar caindo apesar da desaceleração econômica, mas alertou que
o crescimento lento já começou a ter um impacto sobre o mercado de trabalho.
"A
maior preocupação é que menos empregos estão sendo criados", disse a
Diretora Regional da OIT para a América Latina e o Caribe, Elizabeth Tinoco,
destacando que os indicadores do mercado de trabalho estão enviando
"sinais de alerta", embora o desemprego continue baixo.
Tinoco
apresentou na Cidade do México a edição de 2014 do relatório Panorama Laboral
para a América Latina e o Caribe, que revela que a taxa de desemprego urbano no
terceiro trimestre de 2014 era de 6,2%. Ao final do ano a taxa será de 6,1%,
abaixo dos 6,2% registrados em 2013. "Estamos falando de quase 15 milhões
de pessoas desempregadas”.
O relatório
anual da OIT destaca que as previsões de crescimento econômico para 2014 foram
revisadas para baixo até o nível de 1,3% para toda a região (de acordo com o
FMI) e 0,3% para o Brasil, enquanto que em 2015 deveriam subir moderadamente
para 2,2%, em nível regional, e um estimado 1,4% para o Brasil.
Embora o
desemprego não tenha aumentado devido à desaceleração do crescimento este ano,
foi observada uma forte redução na geração de emprego refletida na taxa de
ocupação, que caiu 0,4 pontos percentuais em nível regional para 55,7% no
terceiro trimestre 2014. "Estamos falando de pelo menos um milhão de
postos de trabalho que deixaram de ser criados", disse a Diretora da OIT,
em relação à região da América Latina e o Caribe. No Brasil, o desemprego caiu
0,7 pontos percentuais no terceiro trimestre de 2014, segundo o relatório.
O
comportamento atípico do desemprego, que caiu ao invés de subir, foi explicado
pelo relatório da OIT como uma consequência da saída de pessoas da força de
trabalho, o que se refletiu numa queda na taxa de participação e permitiu que
os efeitos da queda na geração de empregos fossem mais suaves. A taxa de
participação caiu 1,2 pontos percentuais no Brasil de janeiro a setembro de 2013
e janeiro a setembro de 2014.
Embora a
participação laboral tenha aumentado na maioria dos países da região, a média
regional caiu devido às importantes reduções no Brasil, no México e na
Argentina, que juntos representam cerca de 65% da população economicamente
ativa urbana total. Esta baixa taxa de participação significa que "muitas
pessoas, na maioria mulheres e jovens, deixaram de receber renda para suas
famílias".
A taxa de
participação não cairá mais, segundo a previsão da OIT. No próximo ano, quando
a participação voltar a aumentar no contexto de fraco crescimento, o desemprego
poderá subir na região.
De acordo
com a OIT, em 2015 a taxa de desemprego urbano subirá até dois décimos, podendo
chegar a 6,3%, o que significa que haverá cerca de 500 mil desempregados a mais
na América Latina e no Caribe.
"Muitas
das pessoas que deixaram o mercado de trabalho temporariamente em 2014 voltarão
a procurar um novo emprego no próximo ano, além dos jovens que irão ingressar
no mercado de trabalho. A região precisa criar quase 50 milhões de empregos nos
próximos 10 anos apenas para compensar o crescimento demográfico", disse
Tinoco.
Em 2014
também foi observada uma queda na taxa de crescimento dos salários, assim como
da população assalariada. No entanto, o Brasil está entre os países da região
que contaram com um aumento nos salários reais formais nesse período.
Esse cenário
de incerteza se apresenta após uma década durante a qual a região teve um
crescimento econômico relevante, que permitiu reduzir a taxa de desemprego para
níveis recordes e registrar avanços na qualidade dos empregos.
As previsões
atuais de que o crescimento poderia continuar fraco por vários anos levanta
"preocupações com a possibilidade de que não seja possível seguir
avançando ou até mesmo de que algumas das conquistas alcançadas sejam
revertidas".
Além disso,
num contexto de crescimento moderado será ainda mais difícil enfrentar os
desafios pendentes, especialmente em termos de qualidade do emprego, numa
região onde 47% dos trabalhadores urbanos trabalham em condições de
informalidade.
"Isso
nos traz o desafio de repensar estratégias para estimular o crescimento e a
transformação produtiva, impulsionando a inclusão econômica e social através do
mercado de trabalho. Esta é uma tarefa de grandes dimensões", disse
Tinoco.
A OIT pediu
aos países da região para se prepararem para um possível cenário de mercado de
trabalho no qual seja necessário tomar medidas específicas para estimular o
emprego e proteger a renda das pessoas.
Fonte: OIT
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