Todo ou
quase todo sindicato tem oposição. Isso é normal. Eventualmente, uma diretoria
sindical é flagrada em alguma prática administrativa ou etica questionável, e
perde o mandato. Mas derrubar uma diretoria sindical por questões políticas, e
com ajuda da Globo, isso me parece um atropelamento da democracia.
Sabemos
que todo golpe busca se legitimar juridicamente. Castelo Branco, o primeiro
ditador do regime militar pós-64 foi “eleito” indiretamente por um Congresso
Nacional emasculado.
Golpe é
uma figura de linguagem, portanto, que significa tomada de poder através da
força.
É o que
estão tentando fazer no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de
Janeiro, presidido pela valente Paula Mairán.
A
administração e a ética da diretoria são impecáveis e inatacáveis.
A atuação
propriamente sindical também é exemplar. Foi o sindicato no Rio que, em menos
tempo, mais conseguiu vitórias concretas em termos de ganhos salariais e
direitos trabalhistas nas redações cariocas.
Após as
grandes manifestações que ocorrem desde o ano passado, com muita frequência, no
Rio de Janeiro, a entidade tem sido uma das vozes mais presentes na denúncia de
agressão contra jornalistas, sobretudo por parte do poder público.
Além
disso, a gestão atual abriu as portas para os movimentos sociais populares da
cidade, num gesto democrático que se coaduna brilhantemente com o exercício do
jornalismo.
Se a Globo
e seus profissionais querem emplacar outra diretoria, que esperem a próxima
eleição e trabalhem para vencê-la.
Abaixo, o
texto do Barão de Itararé RJ, do qual eu faço parte, divulgado nesta
terça-feira (5), que faz uma defesa democrática do Sindicato de Jornalistas
Profissionais do Rio de Janeiro.
Carta
aberta à esquerda carioca
A luta
pela democratização dos meios de comunicação, que constitui trilho irremovível
de atuação do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, não se
resume apenas à implementação de determinadas políticas públicas. Nossa luta
passa também pela construção e defesa cotidiana de entidades do setor que sejam
solidamente democráticas, transparentes e populares.
Neste
sentido, o Barão de Itararé faz um alerta ao conjunto das forças democráticas e
populares do Rio de Janeiro. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do
Município do Rio de Janeiro, uma das poucas entidades que mantém uma postura
sempre firme de diálogo e solidariedade com os movimentos sociais atuantes em
nossa cidade, corre o risco iminente de sofrer um golpe.
Como é
sabido, a ação vem sendo orquestrada de dentro das redações da mídia
corporativa. Em 29 de julho surgiu o primeiro sinal: matéria com grande espaço
no jornal O Globo abriu as portas para a mobilização de um abaixo-assinado pela
destituição da atual diretoria do sindicato. O argumento central da acusação é
o de que o sindicato estaria contra os interesses dos jornalistas ao dar espaço
para os movimentos sociais em sua sede.
O Barão de
Itararé posiciona-se ao lado da democracia e conclama o conjunto de movimentos
sociais e organizações da sociedade civil a defenderem o Sindicato dos
Jornalistas desse golpe comandado por patrões contra trabalhadores. Se estão
insatisfeitos com a atuação da atual direção, o que é politicamente legítimo,
então que disputem as eleições nas urnas. Golpe, não!
Barão de
Itararé RJ,
Rio de
Janeiro, 5 de agosto de 2014.
Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia/247053-6
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