O evento
teve início na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia
Afro-Brasileira (Unilab - Redenção/Ceará), dia 21 de maio, no Anfiteatro do Campus
da Liberdade, em Redenção, seguindo com a programação pela Faculdade de Direito
da Universidade Federal do Ceará (UFC), como destacado pela Unilab:
A
conferência de abertura foi ministrada por Alfa Oumar Diallo, do Senegal, que
falará sobre o tema “União Africana: governança e desenvolvimento” e por Hari
G. Nair, da Índia, que abordará o assunto: “Unsettling European Epistemologies:
Mapping the contours of Paradigms from the South”.
Às
14h, o evento terá continuidade com o primeiro painel sobre o tema principal
“Democracia constitucional e soberania popular”, com a presença dos
palestrantes Raquel Coelho de Freitas (UFC), Alvaro Calix (Honduras), Tiberius
Barasa (Quênia) e Filomeno Moraes (Unifor). Em seguida, o segundo painel
discutirá sobre “Plurinacionalismo e alternativas democráticas do Estado”, com
a participação de Fernando Antonio de Carvalho Dantas (UFG), Godwin Onuoha
(Nigéria), Juan Ramos Mamani (Bolívia) e Germana de Oliveira Moraes (UFC).
O
evento prosseguirá no dia 22 de maio, no Anfiteatro da Faculdade de Direito da
UFC, às 09h, com a discussão no painel temático sobre “Cidadania e conquista de
direitos”, que será ministrado pelos professores Bas’Ilele Malomalo (Unilab),
Daniela Cademartori (UNILASSALLE), Sérgio Cademartori (UCS), João Luís Nogueira
Matias (UFC) e Marcos Leite Garcia (UNIVALI). No período da tarde, haverá
apresentação de trabalhos científicos e, a partir das 19h, será realizado o
segundo painel do dia sobre o tema “Equidade e harmonização das diferenças”,
com os professores Alfa Oumar Diallo (UFGD, Senegal), Dagoberto José Fonseca
(UNESP) e Monalisa Valente Ferreira (Unilab).
No
dia 23, às 09h, no Anfiteatro da Faculdade de Direito da UFC, ocorrerá o painel
“Emancipação democrática e descolonização”, em que ministrarão palestras os
convidados Gina Chávez (Equador), Hari G. Nair (Índia), Carlos Subuhana
(Unilab) e Vera Regina Rodrigues da Silva (Unilab). As conferências de
encerramento serão proferidas pelo professor Martônio Mont’Alverne Barreto Lima
(Unifor) sobre a temática “Constitucionalismo latino-americano: uma abordagem
possível da mudança teórica” e por Alberto Acosta (Equador) sobre “El Buen
Vivir como respuesta a la crisis democrática global”.
O
Congresso Internacional “Diálogos Sul Sul sobre os novos caminhos da
democracia: Plurinacionalismo e Equidade” é realizado em uma parceria entre a
Unilab e a UFC. (http://www.unilab.edu.br/noticias/2014/05/20/congresso-internacional-dialogos-sul-sul-sobre-os-novos-caminhos-da-democracia-iniciara-neste-dia-21-na-unilab/)
Professor Carlos Sousa (UNILAB) |
As teses selecionadas
foram apresentadas na tarde do dia 22 de maio nas salas, auditório e anfiteatro
da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará. Os autores terão seus
trabalhos publicados nos Anais do evento após a apresentação oral, na forma e
nos prazos previstos.
O Comitê
Científico foi composto pela Professora Doutora Germana de Oliveira Moraes (UFC),
pela Professora Doutora Raquel Coelho de Freitas (UFC), pela Professora Doutora
Jeannette Filomeno Pouchain Ramos (UNILAB), pelo Professor M.Sc. William Paiva
Marques Júnior (UFC) e pelo doutorando M.Sc. Álisson José Maia Melo (UFC).
Conforme o
Edital de Teses, os autores tiveram de enviar suas obras para prévia aprovação
mediante seleção de resumos expandidos, limitadas a uma por criador. A seleção
ficou a cargo do Comitê Científico que levou em consideração critérios de
mérito científico e prático criativo relacionados a profundidade da pesquisa ou
experiência; clareza, coesão e originalidade da argumentação; normalização e
adequação ao Edital; menção e diálogo crítico com os eixos temáticos.
Os Eixos
Temáticos estavam divididos em cinco grupos:
1. Democracia constitucional e soberania popular
Constitucionalismo
e democracia são conceitos considerados distintos, porém intrínsecos na relação
que reflete o movimento de construção de ambos no Estado Moderno. Neste
sentido, o Constitucionalismo reflete um conjunto de normas jurídicas e
políticas públicas tendentes a reforçar e efetivar formas determinadas de
soberania popular, aptas a se acomodarem ao projeto ideológico de cada texto
constitucional. Tem-se, assim, uma relação direta entre Constitucionalismo e
democracia, facilmente identificada no Constitucionalismo Liberal e Social dos
dois últimos séculos passados, que resultou na construção do Estado Democrático
de Direito, compreendido na perspectiva de “quem decide (fonte do poder), como
decide (procedimento adequado) e o que pode e não pode ser decidido (conteúdo
das obrigações negativas e positivas dos órgãos de poder)”.
2. Cidadania e a conquista social dos direitos
Para
o novo constitucionalismo, o conteúdo da Constituição deve ser coerente com a
sua fundamentação democrática, isto é, deve gerar mecanismos para a direta
participação política da cidadania, gerando regras que limitem os poderes
políticos, sociais, econômicos e culturais, de modo a enfatizar o fundamento
democrático da vida social e os direitos e liberdades da cidadania. Este novo
constitucionalismo, além de pretender garantir um real controle sobre o poder
por parte dos cidadãos, busca solucionar o problema da desigualdade social.
Como estas sociedades não chegaram a vivenciar o Estado Social é possível
perceber as lutas sociais como sendo a razão para a aparição de novos direitos
a serem implementados.
3. Emancipação democrática e descolonização
Faz-se
necessário aqui dialogar formas de governo que verdadeiramente se sustentem na soberania
popular. Um governo em que a sua constituição se legitime no ideal de democracia
e identidade do povo, e não necessariamente, em padrões externos ocidentais que
não guarde correspondência com a cultura genuinamente latino-americana nem
esteja em compasso com o sentimento do povo. Neste sentido, o Novo
Constitucionalismo na América Latina pode ser compreendido como uma bússola que
aproxima mais ainda o povo do poder político democrático na busca e na construção
do seu bem viver. Esse novo tipo de democracia promove a participação direta do
povo na elaboração e aprovação da constituição, como também no controle dos
poderes estatais e das decisões tomadas pelos representantes políticos. Outros modos
de descolonização na África e Ásia também precisam ser discutidos para o fortalecimento
democrático nos três Continentes.
4. Equidade e harmonização das diferenças
Recentemente,
com o Novo Constitucionalismo Democrático Latino-Americano, foi inaugurado um
novo ciclo de reconhecimento e legitimação de direitos sociais, como é o
direito à educação, fruto dos movimentos sociais de reivindicação popular desde
a década de 1980. Esse novo modelo de direito cobra, necessariamente, a
substituição de políticas universalistas por critérios mais voltados à
diferenciação e emancipação dos grupos excluídos, no caso, os indígenas e
afrodescendentes. Em sociedades cuja distribuição de bens e direitos já tem um
perfil homogêneo, qualquer redistribuição universal torna-se uma política
possível e eficaz. No entanto, em sociedades muito desiguais, como são os casos
do Equador e da Bolívia, esta de forma mais agravada, as demandas trazidas
pelos grupos excluídos apenas confirmavam a teoria de que políticas universais
redistributivistas de cunho liberal somente tendiam a perpetuar as desigualdades
já distribuídas, politica incompatível com as propostas de harmonização de
diferenças econômicas e sociais nos três Continentes representados nesta
proposta de evento.
5. Plurinacionalismo e alternativas democráticas do Estado
Nas
Constituições do Equador de 2008 e da Bolívia de 2009, o status de cidadania
plena aos grupos dantes excluídos, combinado com a construção do Estado
Plurinacional, novas práticas democráticas de participação popular e a
implementação da politica do Bem Viver e de proteção do meio ambiente,
justificou-se tanto em respeito à identidade de grupos historicamente
discriminados ou mais vulneráveis à discriminação, quanto sobre grupos cuja
situação de intolerável desigualdade social, ou sub-representatividade política,
reclamavam meios e prerrogativas político-institucionais capazes de lhes dar condições
de vida mais igualitárias no contexto social. A demanda por valorização cultural,
socioeconômica, e de redefinição da identidade desses grupos foi fundamental para
que o Estado pudesse definir o tipo de resposta a oferecer. Em Estados Nações Africanos
e Asiaticos, que subsistem com realidades plurinacionais internas, mesmo sob o
signo opressivo de um Estado para uma Nação, o conhecimento das inovações político-institucionais
pode ser de alta relevância para uma refundição desses estados.
Ao todo,
foram aprovadas 32 teses de autores de vários países, algumas em coautoria, destacando-se
no Eixo 1, Elaina Cavalcante Forte,
Francisco Tarcísio Rocha Gomes Júnior, Tonny Italo Lima Pinheiro, Victor
Augusto Lima de Paula, Taliana Rodrigues Veras; no Eixo 2, Animata Mendes, Clovis Renato Costa Farias, Débora Bezerra
de Menezes Serpa Maia, Edgar Manuel Bernardo, Graziella Bech Kroland Pinto,
Insala Armando Cá, Jorge Arthur Cabinda, Luís Carlos Silva de Sousa, Maria do
Rosário de Fátima Portela Cysne, Rosalina Semedo de Andrade Tavares, Carlos
Mendes Tavares, Adriana Nóbrega da Silva, Patrícia Oliveira Gomes, Rafael
Barreto Souza; Eixo 3, Alga Oumar
Dialo, Fernando Basto Ferraz, Francisco Yrallyps Mota Chagas, William Paiva
Marques Júnior; Eixo 4, Allana Elena
Mota de Moraes Marques, Bas’llele Malomalo, Danilo Nascimento, Ismênia
Policarpo, Jana Maria Brito Silva, José Albenes Bezerra Júnior, Maria Cristina
Vidotte, Rogério Fernandes Rocha; Eixo 5,
Henrique Weil Afonso, Julianne Melo dos Santos, Lara Carneiro Sampaio, Lara Ferreira
Sampaio, Laura Ribeiro Maciel, Rakel Lobo, Sebastião André Alves de Lima Filho,
Vitor Sousa Freitas.
Edgar Bernardo (Moçambique/África) |
Uma das
apresentações marcantes foi a de Edgar Manuel Bernardo (Moçambique) ao
apresentar diversas nuances sobre a democracia e seus caminhos, com base nos
momentos vividos por seu país, colonizado até os anos 70, independente, com fortes
guerras civis pelo poder, transitando entre profundas e radicais discussões
sobre capitalismo, socialismo e democracia (‘Democracia, participação política
e paz em Moçambique: tríade necessária?’).
Débora Maia - Mestrado em Direito UFC (Brasil) |
Débora
Bezerra de Menezes Serpa Maia, do Programa de Pós Graduação em Direito da
UFC/Mestrado, ressaltou ‘A importância da cidadania fiscal como mecanismo
de efetivação da participação direita no Brasil e na América Latina’.
Clovis Renato - Doutorado em Direito UFC (Brasil) |
Clovis
Renato Costa Farias, do Programa de Pós
Graduação em Direito da UFC/Doutorado, buscou alertar sobre as
possibilidades e novos paradigmas da Democracia, reavaliando a trajetória
histórica do instituto, que se distancia em muito, em essência, da ‘democracia
representativa’, com a tese ‘O resgate da democracia sufocada pela
tradição hegemônica: as estratégias que garantiram o domínio da ‘democracia
representativa’ sufocando a participação do ‘povo’ e as possibilidades de
reversão constitucional benéfica’.
Animata Mendes |
As trocas
entre os vários conceitos e experiências de diferentes continentes, em
especial, europeu, africano e latino americano, trouxeram grande valia para o
desenvolvimento do pensamento acadêmico com fins a transformação da sociedade e
da conscientização social, partindo da Universidade.
Clovis Renato Costa
Farias
Doutorando em Direito pela Universidade
Federal do Ceará (UFC)
Bolsista da CAPES
Membro do GRUPE e da ATRACE
Advogado e Professor Universitário
Vice Presidente da Comissão de Direito
Sindical da OAB/CE
Páginas:
Vida, Arte e Direito
(vidaarteedireito.blogspot.com)
Periódico Atividade
(vidaarteedireitonoticias.blogspot.com)
Canal Vida, Arte e Direito (www.youtube.com/user/3mestress)
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