A eleição para a diretoria do Sindicato dos Vigilantes do
Estado do Ceará (SINDVIGILANTES) foi concluída com a apuração na tarde do dia
27 de janeiro de 2014, na Sede do Ministério Público do Trabalho (MPT) no Ceará
(PRT-7ª Região).
Parte do grupo que estava viabilizando a saída das urnas nos dias 24 e 25 |
Nos dias 24 e 25 de janeiro houve a coleta de votos em 48 (quarenta
e oito) urnas que circularam por todo o Estado do Ceará, envolvendo 96
mesários, dezenas de motoristas e sindicalistas de todo o Brasil que vieram em apoio
às chapas.
Comissão Eleitoral: Eduardo Veríssimo, Ítalo Bezerra, Clovis Renato |
Urnas e material para apuração |
Atentou-se para que fosse atingido o quórum (30%+1), com
grande cautela em face da imprecisão dos dados apresentados pela Secretaria do
SINDVIGILANTES/CE com relação à lotação dos eleitores. O que se agrava pelas
peculiaridades da categoria, repleta de vigilantes terceirizados que trabalham
em diversos pontos nos órgãos e empresas distribuídos no estado, fazendo com
que a coleta seja predominantemente em urnas itinerantes passando de ponto a
ponto, percorrendo, paulatinamente, os postos de trabalho. Assim, tiveram de
ser elaboradas 48 listas iguais, com 2980 (dois mil novecentos e oitenta)
nomes.
Para evitar campanhas que objetivassem a multiplicidade de
votos por eleitores, diante da similaridade das 48 listas, foi consensuado
pelas chapas e acatado pela Comissão Eleitoral que, caso surgissem situações de
eleitores que votassem mais de uma vez, tais votos seriam identificados pelas
listas, somados e, por ocasião da apuração, haveria sorteio entre as urnas para
eliminar, sem identificar, o número total. Algo que surtiu efeito, de modo que
somente foram contabilizados 45 votos em tal situação, os quais foram debitados
na apuração, de forma igualitária do total de cada uma das chapas, fato que
constou na ata de apuração.
Utilizou-se o sistema eletrônico de coleta de votos
desenvolvido pela PRT-7ª Região, em notebooks, para Fortaleza/Zona
Metropolitana, e, no interior do Ceará, urnas de lona, com voto convencional em
cédula.
As urnas da capital e Zona Metropolitana, no intervalo dos
dias 24 para o dia 25 de janeiro, foram recebidas na Sede do Sindvigilantes,
quando tiveram os materiais conferidos pela Comissão Eleitoral e houve o trancamento
e lacre da sala para segurança do pleito, quando cada uma das chapas designou
um representante para passar a noite velando a entrada da sala mencionada. Tais
representantes foram acomodados diante da sala, passaram a noite em claro e foi
vedado o acesso total às dependências do sindicato até a chegada dos membros da
comissão na madrugada do dia 25.
Estiveram presentes na apuração os membros da Comissão
Eleitoral, Clovis Renato Costa Farias (Presidente), Ítalo Sérgio Alves Bezerra
e Eduardo Helder Andrade Veríssimo, bem como o Procurador Regional do Trabalho
Dr. Gérson Marques, o Técnico em Informática da PRT Francisco Lima de Medeiros
e os representantes das Chapas 01 (situação) e 02 (oposição), Iran Marcolino
Vitor (Chapa 01), Murilo Domingues Souza (Chapa 01), Francisco de Assis Chaves
Fragoso (advogado/Chapa 01), Daniel Borges da Silva (Chapa 02), Jonas Rodrigues
de Moura (Chapa 02), Eliana Lúcia Ferreira (advogada/Chapa 02), Francisco Hélio
Moreira (advogada/Chapa 02), Carlos Eudenes Gomes da Frota (advogada/Chapa 02).
Guardas da sala com o material da eleição entre os dias 24 e 25 |
Os concorrentes procuraram,
voluntariamente, o Ministério Público do Trabalho (MPT) para mediar os
conflitos com relação ao processo eleitoral que se aproximava já em novembro de
2013. Tal busca tem sido recorrente em face de dificuldades na condução
democrática dos processos democráticos no movimento sindical, de forma plena,
pelos próprios integrantes das categorias. O que se agrava quando há forte
disputa e histórico de violência em processos anteriores, como, por exemplo, já
ocorrera em pleitos antigos dos vigilantes, quando, inclusive, a sede do
sindicato chegou a ser incendiada para
eliminar urnas e houve extravios de material essencial à apuração.
Lacres rubricados pela Comissão e representantes |
Sala trancada e lacrada |
Diante da conflituosidade histórica da categoria nos
processos eleitorais, os integrantes, também, procuraram o MPT em 2010 para que
realizasse a eleição (24 e 25/02/2011), quando foi mediado o conflito e
consensuada a composição da Comissão Eleitoral, esta tocou o processo e fez a
apuração que reconduziu a chapa da situação ao Poder, sob a presidência de
Geraldo Cunha e vinculada à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Os
desdobramentos de tal pleito foram noticiados, como se segue:
“O
presidente do Sindicato dos Profissionais Vigilantes e Empregados em Serviços
de Segurança, Vigilância e Transporte de Valores Outros do Estado do Ceará
(Sindvigilantes), Geraldo da Silva Cunha, 48, foi reeleito para cumprir um
quarto mandato consecutivo à frente da entidade. Com 50,7% dos votos (935), ele
venceu os adversários que encabeçavam as chapas 2 (Jonas Rodrigues de Moura,
27,4%, equivalente a 507 sufrágios) e 3 (Daniel Borges da Silva, 20,9%,
correspondente a 385 votos), no pleito que teve a assistência do Ministério
Público do Trabalho (MPT).
A
apuração começou às 9h30 da manhã de ontem (27) e foi encerrada às 3 horas
desta segunda-feira, 28. Segundo o procurador regional do Trabalho Francisco
Gérson Marques de Lima, a demora se deu porque o processo foi totalmente manual
(uso de cédulas em papel, depositadas em urnas tradicionais). Ele acrescenta
que o grande número de votantes (1.845 trabalhadores, do total de 3.590 aptos)
e de urnas (43) instaladas por todo o Estado também fez com que o trabalho de
apuração fosse estendido. O quórum exigido pelo estatuto do Sindicato era de
1/3 dos eleitores aptos (1.197 votantes).
Conforme
o procurador do Trabalho Cláudio Alcântara Meireles, que também representou o
MPT cearense em todo o processo de apuração, o trabalho da Comissão Eleitoral
foi norteado pelo rigor na conferência dos dados de cada lista de votantes com
o número de cédulas encontradas nas respectivas urnas. Ele menciona, ainda, o
acompanhamento de representantes de cada uma das três chapas concorrentes na
contagem voto a voto. “Mais do que a pressa em concluir a apuração, motivou-nos
o cuidado de assegurar total lisura e transparência ao processo, tanto que
conseguimos diagnosticar onze ocorrências de votos em duplicidade e, por isso,
anulamos onze votos”, enfatiza.
O
MPT assumiu a assistência do processo eleitoral para a entidade no final de
2010 a pedido dos próprios trabalhadores. A votação ocorreu na quinta-feira,
24, e sexta-feira, 25, em vários pontos do Estado, razão pela qual a apuração
começou apenas no domingo, após recolhidas todas as urnas. A Comissão Eleitoral
foi formada pelo advogado e professor Clóvis Renato Costa Farias (presidente),
pela policial federal Joyce Cabó Maia e pelo gráfico José Rogério de Andrade
Silva, com a assessoria do advogado sindicalista Carlos Chagas. Cada chapa
indicou um membro para acompanhar os trabalhos. As decisões no pleito foram
tomadas mediante consenso entre representantes das três chapas. Segundo dados
da Polícia Federal, o Ceará tem cerca de 12 mil vigilantes legalizados, dos
quais quatro mil sindicalizados.”[i]
Aneci, Deputado Chico Vigilante (DF), Presidente da Comissão Eleitoral Clovis Renato, Geraldo Cunha, Iran Vitor (CNTV), Pedro |
Partindo-se de tal histórico e da experiência positiva da
categoria com a atuação mediadora do Ministério Público do Trabalho (MPT), os
vigilantes novamente buscaram ajuda no Parquet
para que pudesse evitar o surgimento de conflitos mais graves, o que foi
prontamente atendido. Reconhecimento que foi, inclusive, relatado pelos
concorrentes em 2011:
“O
presidente reeleito do Sindvigilantes, que desde 1999 passou a integrar a
direção da entidade e se elegeu presidente pela primeira vez em 2002 (com
reeleições em 2005, 2008 e 2011), afirma que, embora defenda a autonomia
sindical, compreende que o MPT contribuiu para o aperfeiçoamento do processo
democrático. “Minha avaliação deste processo é positiva”, enfatiza. “A
participação do MPT foi fundamental para que o processo eleitoral ocorresse sem
atritos e para que a chapa eleita o seja pelo voto e não por manobras. A
presença da Instituição foi essencial para que tivéssemos um processo normal e
transparente”, avaliou o candidato da Chapa 2, Jonas Rodrigues.”
Advogada, apoiadores, membros da Chapa 02 e o Presidente da Comissão Eleitoral Clovis Renato |
Neste passo, o MPT cumpriu seu papel atendendo às
solicitações dos trabalhadores, especialmente por compreender que a democracia
interna das entidades viabiliza seu fortalecimento para o enfrentamento dos
problemas ostensivos das relações de trabalho.
Comemoração diante da PRT |
Reconhece-se as liberdades sindicais, nos termos da Convenção
n º 87 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de modo que tal
convenção reconhece que “as organizações
de trabalhadores e de empregadores têm o direito de redigir seus estatutos e
regulamentos administrativos, o de eleger livremente seus representante, o de
organizar sua administração e suas atividades e o de formular seu programa de
ação”. Assim, diante da procura pelos próprios interessados, o MPT não vem intervir
para limitar tais direitos ou entorpecer seu exercício legal, mas, quando
procurado, busca os consensos entre os interessados para benefício da categoria
representada, certamente, ampliando e
aprimorando o referido exercício democrático, como tem ocorrido no caso da
presente eleição.
Apoiadores de várias categorias de trabalhadores (Confecção, Rodoviários, Construção Civil, Vigilantes) |
Em 2014, a alteração estatutária pela atual gestão do
Sindvigilantes/CE (ora concorrente pela Chapa 01), registrada em 05 de janeiro
de 2012, acirrou mais os ânimos. Em tal aditivo do Estatuto do Sindicato dos
Vigilantes modificou-se, dentre outros dispositivos, os relativos aos
requisitos para votar e ser votado, impondo o mínimo de 180 (cento e oitenta)
dias, ininterruptos, de filiação ao sindicato, ampliando-se muito o
anteriormente proposto. Na conjuntura da eleição anterior (2011), conforme o art.
692 (Estatuto de 11/01/1999), bastava que o candidato tivesse mais de 3 (três)
meses de filiado ao quadro social do sindicato. Situação que inviabilizou a
participação de centenas de eleitores e alguns candidatos que tiveram, por
força da norma estatutária, de ser rejeitados pela Comissão Eleitoral em
parecer devidamente fundamentado e publicizado.
Aumentou-se, ainda, a duração da gestão de 3 (três) para 4
(quatro) anos e houve a criação de novos quesitos para a aferição da inelegibilidade
dos candidatos.
Como consequência, o conflito foi tomando corpo às vésperas
da publicação do edital de chamamento das eleições, impresso em jornal de
grande circulação no dia 31 de outubro de 2013.
Diante dos acontecimentos, logo no início de novembro, os
sindicalistas acorreram à PRT-7ª Região/MPT, quando o Coordenador Nacional da Coordenadoria Nacional de
Liberdades Sindicais do MPT (CONALIS), Dr. Gérson Marques, os recebeu tentando
mediar o conflito para que as partes pudessem tocar livremente seu processo
eleitoral.
A solução possível, acordada de forma unânime pelos
concorrentes, foi o acompanhamento da eleição pelo MPT. Tudo foi materializado
em Ata, assinada pelas partes e pelo Procurador Regional, em 28 de novembro de
2013. Firmaram a referida ata os senhores Geraldo da Silva Cunha (Presidente do
SINDVIGILANTES e concorrente pela pretensa Chapa 01), Francisco Dias Jacaúna (dirigente
do SINDVIGILANTES e concorrente pela pretensa Chapa 01), Carlos Antonio Chagas
(advogado do SINDVIGILANTES), Daniel Borges da Silva (pretenso concorrente da
chapa de oposição), Jonas Rodrigues de Moura (pretenso concorrente da chapa de
oposição), Airton Silva da Costa (pretenso concorrente da chapa de oposição),
José Boaventura Santos (Presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes –
CNTV), Frank Romero do Nascimento (Presidente da Federação Profissional dos
Vigilantes do Norte e Nordeste).
Contagem das cédulas nas urnas físicas - Eduardo Veríssimo, Gérson Marques, Clovis Renato |
Logo no dia 02 de dezembro de 2013, houve o consenso com
relação aos componentes da Comissão Eleitoral que tocaria o processo, quando foram
unanimanente acordados os nomes de Clovis Renato Costa Farias (Presidente),
Ítalo Sérgio Alves Bezerra (membro) e Eduardo Helder Andrade Veríssimo (membro).
Tais integrantes, de forma diligente e compromissada, conduziu até a apuração o
pleito, que restou, daí por diante, sem grandes conflitos.
Ao final, computando-se todos os votos das urnas eletrônicas
e físicas, foram apurados 764 (setecentos e sessenta e quatro) votos para a
Chapa 01 (situação – ‘Não troque o Certo pelo Duvidoso’ ligada à CUT) e 959
(novecentos e cinquenta e nove) votos para a Chapa 02 (‘Alternativa
Independente’ ligada à CSP-Conlutas), ainda nove votos nulos e cinquenta e um
votos em branco. Resultado que materializou a vitória da Chapa 02 – ‘Alternativa
Independente’ (oposição ligada à CSP-Conlutas), a qual tomará posse para a
direção do Sindicato dos Vigilantes no Estado do Ceará no dia 28 de março de
2014, com gestão até março de 2018.
A Avenida Padre Antônio Tomás, diante da PRT, estava lotada durante
toda a apuração, das 08 às 17h, com apoiadores de ambas as chapas. Quando o
resultado foi divulgado, os da Chapa 02 soltaram fogos, cantaram, dançaram e
balançaram suas bandeiras alegremente, seguindo em carreata para a sede do
Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários (SINTRO), apoiador, para comemorar.
Clovis
Renato Costa Farias
Doutorando em Direito pela Universidade
Federal do Ceará
Bolsita da CAPES
Membro do GRUPE (Grupo de Estudos e
Defesa do Direito do Trabalho e do Processo Trabalhista)
Autor da obra ‘Desjudicialização:
conflitos coletivos do trabalho’
Páginas:
Página
Vida, Arte e Direito (vidaarteedireito.blogspot.com)
Periódico Atividade
(vidaarteedireitonoticias.blogspot.com)
Canal
Vida, Arte e Direito (www.youtube.com/user/3mestress)
[i]
MUNIZ, Valdélio. Vigilantes reelegem
presidente de Sindicato com 50,7% dos votos válidos. Procuradoria Regional
do Trabalho da 7ª Região. Net: http://www.prt7.mpt.gov.br/noticias/2011/fevereiro/28_02_11_MPT_vigilantes_reelegem_presidente_sindicato.html. Acesso em 01de fevereiro de 2014.
Muito boa a colaboração do MPT nesta eleição. Melhor ainda foi o resultado. O Sindicato volta às mãos da categoria.
ResponderExcluirParabéns, Doutor.