“Os governos
legítimos (bajulentos como quisermos) não são mais um mito pagão. Não são tão
baratos ou tão magníficos [...]. São, na verdade, ‘Deuses a punir’, mas sob
outros aspectos são ‘homens com as nossas fraquezas’. [...] O vinho que bebem é
feito de uva: o sangue que derramam é dos seus súditos; as leis que fazem não
são contra eles; os impostos que votam logo a seguir devoram. Têm as mesmas
necessidades que nós; e, tendo a escolha, muito naturalmente em primeiro lugar
ajudam-se a si mesmos, com os fundos comuns, sem pensar que depois deles virão
outros. (...) Nossos dirigentes –do-Estado põem a mão em todos os pratos, e
todos os dias se tratam suntuosamente. Vivem em palácios e se refestelam em
carruagens. Apesar do Sr. Malthus, suas coudelarias consomem o produto dos nossos campos, seus canis se
empanzinam com a comida que manteria os filhos dos pobres. Eles nos custam
muito por ano com roupas e mobílias, muito com estrelas e jarreteiras, faixas
azuis e grã-cruzis – muito em jantares, desjejuns e ceias, e muito em ceias,
desjejuns e jantares. Esses heróis do Imposto de Renda, Merecedores da Lista
Civil de Rendimentos, Santos do calendário da Corte (compagnons du lys), têm suas coisas naturais e não-naturais, como o
resto do mundo, mas a um preço mais alto. (...) Você acharia mais fácil
aguentá-los por uma semana que por um mês; e, ao cabo, ao acordar do doce sonho
da Legitimidade, diria com Calibã: ‘Sim, que tolo fui de tomar esse monstro
bêbado por um Deus’.”
Halzlitt (O que é o Povo?, de Political Essays - 1819, em Works. VII. p. 263)
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