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domingo, 19 de janeiro de 2014

O Estado e os políticos (percepção em 1819 na Inglaterra)

“Os governos legítimos (bajulentos como quisermos) não são mais um mito pagão. Não são tão baratos ou tão magníficos [...]. São, na verdade, ‘Deuses a punir’, mas sob outros aspectos são ‘homens com as nossas fraquezas’. [...] O vinho que bebem é feito de uva: o sangue que derramam é dos seus súditos; as leis que fazem não são contra eles; os impostos que votam logo a seguir devoram. Têm as mesmas necessidades que nós; e, tendo a escolha, muito naturalmente em primeiro lugar ajudam-se a si mesmos, com os fundos comuns, sem pensar que depois deles virão outros. (...) Nossos dirigentes –do-Estado põem a mão em todos os pratos, e todos os dias se tratam suntuosamente. Vivem em palácios e se refestelam em carruagens. Apesar do Sr. Malthus, suas coudelarias consomem  o produto dos nossos campos, seus canis se empanzinam com a comida que manteria os filhos dos pobres. Eles nos custam muito por ano com roupas e mobílias, muito com estrelas e jarreteiras, faixas azuis e grã-cruzis – muito em jantares, desjejuns e ceias, e muito em ceias, desjejuns e jantares. Esses heróis do Imposto de Renda, Merecedores da Lista Civil de Rendimentos, Santos do calendário da Corte (compagnons du lys), têm suas coisas naturais e não-naturais, como o resto do mundo, mas a um preço mais alto. (...) Você acharia mais fácil aguentá-los por uma semana que por um mês; e, ao cabo, ao acordar do doce sonho da Legitimidade, diria com Calibã: ‘Sim, que tolo fui de tomar esse monstro bêbado por um Deus’.” 

Halzlitt (O que é o Povo?, de Political Essays - 1819, em Works. VII. p. 263)

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