Popularmente
reconhecidas como o ponto máximo do exercício da democracia, as eleições tem
uma trajetória bem mais complexa do que possamos pensar. Atualmente, a escolha
de representantes políticos por meio do voto atinge somente a metade das
pessoas no mundo inteiro. Dessa forma, podemos compreender que esse tipo de
organização política não é comum ao estado de organização política de todos os
países e culturas.
Caso você
acredite ou tenha aprendido que as civilizações greco-romanas foram o berço
desse sistema representativo, saiba que alguns historiadores acreditam que o
período e o lugar de origem da votação foram outros. Algumas narrativas míticas
celtas e hindus falam sobre a participação dos druidas e sacerdotes na escolha
de seus líderes políticos. Quando a prática surgiu na cidade-Estado de Atenas,
no século 5 a.C., apenas cerca de um quinto da população poderia participar das
eleições.
Não só as
eleições, bem como o proferimento do voto foram alvo de algumas transformações.
Por volta do século II a.C., os romanos tiveram a ideia de criar uma urna onde
os votos fossem depositados. Antes disso, o voto era proferido publicamente, o que
poderia causar infortúnios diversos na condução de um processo eleitoral livre
de qualquer conchavo preexistente. Contudo, essa prática era recorrente entre
os príncipes do Sacro-Império Germânico, que decidiam coletivamente quem seria
o rei.
Até o século XIX, a compreensão do voto como um
direito estendido à maioria dos cidadãos era pouco difundida. Até mesmo nos
Estados Unidos da América, um dos mais importantes focos dos ideais de
liberdade e autonomia, seus partícipes acreditavam que a ampliação do voto era
uma medida que poderia prejudicar a condução de importantes questões nacionais. Nesse ponto, podemos
ainda salientar a luta das mulheres e analfabetos pelo direito ao voto.
Mesmo em
meio às diversas questões culturais, econômicas e políticas que impediam a
modernização do país, o Brasil teve um papel pioneiro no reconhecimento do voto
feminino. Durante o governo de Getúlio Vargas, o novo Código Eleitoral de 1932
permitiu que as mulheres fossem às urnas. O papel vanguardista do Estado
brasileiro pode ser comprovado quando posto em contraponto às leis de outras
nações europeias que somente nos anos de 1970 permitiram esse mesmo benefício.
A polêmica
sobre o voto dos analfabetos teve uma importante significação para a cultura
política contemporânea. Até poucas décadas atrás, o desconhecimento do mundo
letrado era usado como premissa para se atestar a incapacidade intelectual
mínima de um pretenso eleitor. Contudo, essa visão sectária perdeu terreno
paulatinamente. No Brasil, a constituição de 1985 permitiu o exercício
democrático dos analfabetos, que havia sido proibido pela antiga carta de 1889.
Fonte:
http://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/historia-das-eleicoes.htm
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