Lançado em
abril de 2013, o Programa de Mestrado Profissional em Letras (Profletras) é a
segunda experiência de pós-graduação stricto sensu semipresencial no país (sendo o Profmat o primeiro mestrado
profissional em rede nacional). Com 13 mil candidatos de todo o Brasil
interessados na primeira seleção, a experiência já tem demonstrado a
importância e a carência na formação de professores de letras no país. Em
Brasília, para a realização da Avaliação Trienal 2013, o coordenador da área de
Letras/Linguística, Dermeval da Hora Oliveira, conta sobre os desafios e
realizações do novo programa.
História
Segundo
Demerval Oliveira, o Profletras surge de uma mudança na concepção da área de
letras. "Em 2002 e 2003, o consenso é que não éramos uma área que tinha
relação com o mestrado profissional", afirma. Essa concepção mudou dez
anos depois, com a necessidade de capacitar os professores da educação básica.
"No início de 2012, reunimos cerca de 70 programas do Brasil e entendemos
que era importante encaminhar uma proposta de mestrado profissional em rede
nacional. Eu coordenei a proposta com mais 12 professores indicados pelos
colegas como representantes de todas as regiões do Brasil e, em abril,
encaminhamos a proposta de curso novo", relembra. O curso foi aprovado com nota 4 pelo Conselho Técnico-Científico da
Capes e o primeiro processo seletivo aconteceu em 2013.
Números
A área de
Letras possui hoje 140 programas de pós-graduação, sendo 50 desses com linhas
de pesquisa voltadas para o ensino. Como o coordenador explica, o Profletras
mobiliza grande parte dessa área em dimensões nacionais. "Temos 39
instituições de ensino superior envolvidas, participam 280 professores e temos
representantes de todas as regiões do país. Nós tivemos, para se ter ideia da
repercussão, na primeira seleção a inscrição de 13 mil candidatos concorrendo a
850 vagas, que foram todas preenchidas", afirma. O Profletras agora está
em funcionamento com a primeira turma.
Desenvolvimento
Com o
início das atividades, Demerval explica que é possível fazer as primeiras
análises. "Interessante é que, como tenho viajado muito para visitar
cursos acadêmicos, sempre encontro com colegas coordenadores do Profletras. A
informação que temos é que as turmas têm aceitado muito bem a proposta e os
professores têm se revelado excelentes alunos", conta.
Estigma
A
qualidade dos programas envolvidos também é destacada pelo coordenador.
"Temos na coordenação do Profletras programas que possuem na modalidade
acadêmica notas 6 e 7, programas de excelência", afirma. Segundo o
professor, essa qualidade ajuda a diminuir preconceitos que poderiam haver
sobre o mestrado profissional semipresencial. "O que observamos é que essa
nova modalidade de formação está sendo menos estigmatizada do que era. Havia
uma resistência ao mestrado profissional, mas a gente tem quebrado muito isso.
Há uma preocupação dos alunos que o curso profissional e semipresencial tenha a
mesma qualidade de um mestrado acadêmico. Temos conversado sobre isso em
diferentes fóruns que participamos em todo o país e a gente tem certeza que o
curso vai dar um resultado muito bom", explica.
Coordenador
da área de Letras/Linguística, Dermeval da Hora Oliveira (Foto: Edson Morais -
CCS/Capes)
Desafios
Os
objetivos a serem alcançados com o Profletras são bastante claros, afirma o
professor. "O que a gente espera com esse mestrado profissional é
minimizar um problema que temos na área de letras, principalmente em relação
aos alunos do ensino fundamental que têm índices baixíssimos nas várias
avaliações que são feitas quando se trata da questão de leitura e de escrita. O
Profletras tem esse foco no ensino fundamental", explica.
A
preocupação com a educação básica está inclusive presente no documento de área
que norteia as ações da área de letras e linguística. "Sabemos o quanto é
importante para a formação dos alunos o uso da língua, seja na forma escrita,
na forma de leitura. Isso é o que vai definir o sucesso de um profissional,
independente da área que ele escolher no futuro. Acredito que o resultado vai
ser proveitoso para o país como um todo", afirma.
Futuro
Para os
próximos anos do Profletras, Demerval Oliveira já aponta algumas tendências,
como a expansão do público de professores a serem considerados. "Nesse
primeiro momento contemplamos apenas professores de letras, esperamos que em
breve possamos abrir para os professores da área de educação, da pedagogia,
responsável pelo ensino nas séries iniciais da educação básica", conta.
O
coordenador já enxerga a possibilidade de aumentar a oferta de vagas num futuro
próximo. "Agora, o curso já está chamando atenção de outras pessoas,
mobilizando setores da área de letras, e há muitas instituições querendo
aderir. Acredito que se a Capes abrir um edital no próximo ano para novas
adesões teremos um salto em termos numéricos. Tenho certeza que o Profletras
pode dobrar de tamanho e capacidade", prevê.
Pedro
Matos
Fonte:
CAPES
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