Pesquisa
da Contraf e Dieese a partir de dados do Caged mostra que banqueiros seguem na
contramão da economia brasileira
Os bancos
privados que operam no país fecharam 6.977 postos de trabalho entre janeiro e
setembro de 2013, andando na contramão da economia brasileira, que gerou 1,323
milhão de novos empregos no mesmo período. Além dos cortes, o sistema
financeiro manteve a prática de rotatividade de mão de obra alta, mecanismo
perverso que os bancos usam para reduzir despesas de pessoal.
Os dados
constam na Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) divulgada nesta terça-feira (29)
pela Contraf-CUT, que faz o estudo em parceria com o Dieese, com base nos
números do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE).
Veja os gráficos e tabelas da pesquisa na página do DIEESE.
"Apesar
dos lucros bilionários e da mais alta rentabilidade do sistema financeiro
internacional, os bancos brasileiros, principalmente os privados, seguem
demitindo trabalhadores, cortando postos de trabalho e usando a rotatividade
para reduzir a massa salarial", aponta Carlos Cordeiro, presidente da
Contraf-CUT. "Por isso vamos continuar lutando contra as demissões, por
mais contratações e pelo fim da rotatividade, como forma de proteger e ampliar
o emprego."
Segundo o
Caged, os bancos brasileiros contrataram 30.417 bancários entre janeiro e
setembro e desligaram 33.177. No total do sistema financeiro, foram fechados
2.760 postos de trabalho. O Caged não discrimina a evolução do emprego por
empresa; apenas por setor.
Considerando
que a Caixa Econômica Federal apresentou um saldo positivo de 3.982 empregos
nos primeiros nove meses do ano e como o Banco do Brasil e demais bancos
mantiveram quadros de funcionários estáveis no período, fica evidente que os
cortes nos postos de trabalho se concentraram mais uma vez nos bancos privados.
Rotatividade
diminui salários
A pesquisa
mostra que o salário médio dos admitidos pelos bancos entre janeiro e setembro
foi de R$ 2.914,63, contra salário médio de R$ 4.594,83 dos desligados. Ou
seja, os trabalhadores que entram no sistema financeiro recebem remuneração
36,6% inferior à dos que saem. Com isso, os bancos buscam reduzir suas
despesas.
"Isso
explica por que, embora com muita mobilização os bancários tenham conquistado
18,3% de aumento real no salário e 38,7% de ganho real no piso salarial desde
2004, a média salarial da categoria diminuiu. Esse é o mais cruel mecanismo de
concentração de renda, num país que tem feito um grande esforço para se tornar
menos injusto, mas permanece sendo muito desigual", ressalta Carlos
Cordeiro.
Maior
concentração de renda nos bancos
No Brasil,
os 10% mais ricos no país, segundo estudo do Dieese com base no Censo de 2010,
têm renda média mensal 39 vezes maior que a dos 10% mais pobres. Ou seja, um
brasileiro que está na faixa mais pobre da população teria que reunir tudo o
que ganha durante 3,3 anos para chegar à renda média mensal de um integrante do
grupo mais rico.
No sistema
financeiro, a concentração de renda é ainda maior. No Itaú, por exemplo, os
executivos da diretoria receberam em 2012, em média, R$ 9,05 milhões por ano, o
que representa 191,8 vezes o que ganha o bancário do piso. No Santander, os
diretores embolsaram R$ 5,62 milhões no ano passado, o que significa 119,2
vezes o salário do caixa. E no Bradesco, que pagou R$ 5 milhões no ano aos seus
diretores, a diferença é de 106 vezes.
Ou seja,
para ganhar a remuneração mensal de um executivo, o caixa do Itaú tem que
trabalhar 16 anos, o caixa do Santander 10 anos e o do Bradesco 9 anos.
Luta por
crescimento com desenvolvimento
"As
manifestações de junho e as mobilizações dos trabalhadores deixam claro a
necessidade de mudanças profundas na sociedade brasileira e uma delas é a
regulamentação do sistema financeiro. Não é possível que os bancos continuem
com essa política nociva de reduzir custos e cobrar juros e tarifas
escorchantes para lucrar ainda mais, sem olhar para o impacto nos
trabalhadores, nos clientes e na economia do país", defende Carlos
Cordeiro.
"Precisamos
transformar o crescimento em desenvolvimento econômico e social, o que passa
por melhoria de salário e mais emprego, como forma de valorizar o trabalho,
distribuir renda e melhorar a qualidade de vida da população", conclui o
presidente da Contraf-CUT.
Escrito
por: Contraf-CUT com Dieese
Fonte:
http://www.contracs.org.br/
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