BRASÍLIA
(Notícias da OIT) – A prevenção e a erradicação do trabalho escravo constituem
um imperativo ético, moral e de justiça social, disse a Diretora do Escritório
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, na
abertura do Seminário sobre Formas Contemporâneas de Escravidão: suas causas e
consequências, iniciado hoje, nesta cidade.
O Seminário
está sendo promovido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República e conta com a presença de Gulnara Shahinian, Relatora Especial sobre
Formas Contemporâneas de Escravidão do Alto Comissariado de Direitos Humanos da
ONU.
“Para a OIT,
este tema é absolutamente central”, disse Laís Abramo, acrescentando que “o
trabalho escravo é um grave atentado aos direitos humanos e aos direitos
fundamentais no trabalho. Ao lado do trabalho infantil, constitui a antítese
mais clara do trabalho decente”.
De acordo com
a Diretora da OIT, o problema está presente não apenas nos setores informais
dos países em desenvolvimento, mas também nos países centrais e nas cadeias
produtivas de grandes e modernas empresas atuantes no mercado internacional.
“Não se trata
de um fenômeno que ocorre apenas em modos de produção arcaicos ou já superados
historicamente, mas, infelizmente, tem crescido no contexto de um processo de
globalização inequitativo e que carece de mecanismos de governança mais
democráticos e equilibrados”, disse. Além disso, observou que a persistência da
crise econômica internacional, com a gravidade que a caracteriza, em especial
em algumas regiões do mundo, pode ser um fator de agravamento do problema.
A nova
estimativa global da OIT, divulgada em junho de 2012, é que existiriam
atualmente no mundo 20,9 milhões de pessoas vítimas de trabalho forçado. Na
América Latina, a estimativa é de 1,8 milhão de vítimas. Comparado com a
estimativa apresentada no Relatório Global da OIT de 2005, o número de vítimas
aumentou de 12,3 para 20,9 milhões.
Laís Abramo
destacou que o Brasil é hoje um país de referência no esforço internacional
pela prevenção e erradicação do trabalho escravo contemporâneo e todas as
formas de trabalho forçado ou obrigatório. “Vemos com grande satisfação a sua
presença como uma das prioridades da Agenda Nacional e do Plano Nacional de
Emprego e Trabalho Decente, assim como das agendas estaduais de trabalho
decente da Bahia e do Mato Grosso.
A liderança e
o fortalecimento da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo
(CONATRAE), e de todas as instituições e personalidades que a compõem, assim
como a existência de COETRAES em 9 estados da federação, são instrumentos
fundamentais dessa luta. Iniciativas como o Pacto Nacional contra o Trabalho
Escravo são experiências importantíssimas de aproximação e envolvimento do
setor privado nesse processo”, concluiu. Ela também mencionou a aprovação pelo
Congresso da Proposta de Emenda Constitucional que determina a expropriação das
terras onde for constatada a presença de trabalho escravo.
Em 2007, o
Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas estabeleceu o mandato sobre
formas contemporâneas de escravidão, incluindo suas causas e consequências, e
nomeou a senhora Gulnara Shiahinian como Relatora Especial. Durante seu
mandato, a Relatora Especial conduziu uma visita ao Brasil e teve acesso aos
programas do Governo na luta contra as formas contemporâneas de escravidão.
Em 2010, a
Relatora Especial apresentou relatório na 15ª Sessão do Conselho de Direitos
Humanos, o qual contém recomendações para fortalecer os esforços do governo no
combate ao trabalho forçado em áreas rurais e na indústria têxtil do Brasil. As
recomendações destacam as práticas e programas em três áreas temáticas comuns:
prevenção do trabalho forçado, fortalecimento das instituições nacionais no
combate ao trabalho forçado e acesso à justiça e soluções para as vítimas do
trabalho forçado.
Fonte: OIT
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