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domingo, 10 de junho de 2012

Transição para uma economia verde pode criar até 60 milhões de empregos


GENEBRA (Notícias da OIT) - A transição para uma economia mais verde poderia gerar entre 15 e 60 milhões de novos empregos em nível mundial nas próximas duas décadas e tirar dezenas de milhões de trabalhadores da pobreza, segundo um novo relatório produzido pela Iniciativa Empregos Verdes.(*)
O estudo "Rumo ao Desenvolvimento Sustentável: oportunidades de trabalho decente e inclusão social em uma economia verde", sustenta que o alcance destes objetivos dependerá da adoção de uma correta combinação de políticas.

"O atual modelo de desenvolvimento tem se mostrado ineficiente e insustentável, não só para o ambiente, mas também para as economias e sociedades", disse o diretor geral da OIT Juan Somavia. "Precisamos urgentemente seguir por um caminho de desenvolvimento sustentável, com um conjunto coerente de políticas em que as pessoas e o planeta desempenhem um papel central".
"A próxima  Conferência Rio + 20 das Nações Unidas será um momento decisivo para garantir que o trabalho decente e a inclusão social sejam partes integrantes de qualquer estratégia de desenvolvimento futuro", acrescentou.
Achim Steiner, diretor executivo do Programa Ambiental da ONU (Unep), disse: "Este relatório surge na véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente em 5 de Junho cujo lema é: Economia Verde: Isso inclui você?".
As conclusões do relatório mostram que a economia verde pode incluir milhões de pessoas, ajudando-as a superar a pobreza e proporcionando melhores condições de vida para esta e futuras gerações. É uma mensagem positiva, plena de oportunidades frente aos atuais desafios globais que estamos divulgando no mundo inteiro enquanto os líderes se preparam para a Cúpula da Rio + 20”, acrescentou Steiner.
O relatório - publicado quase quatro anos após o primeiro estudo da Iniciativa Empregos Verdes - analisa o impacto que a “ecologização” da economia pode ter sobre o emprego, a renda e desenvolvimento sustentável em geral.
Pelo menos metade da força de trabalho mundial - o equivalente a 1,5 bilhão de pessoas - será afetada  pela transição para uma economia verde. Embora as mudanças devam ser sentidas por toda a economia, oito setores-chave deverão desempenhar um papel central e ser os mais afetados: agricultura, silvicultura, pesca, energia, indústria manufatureira, reciclagem, construção e transporte.
Dezenas de milhões de empregos já foram criados por esta transformação. Por exemplo, o setor de energia renovável ​​já emprega cerca de 5 milhões de trabalhadores, mais do que o dobro do número de empregos entre  2006 e 2010. A eficiência energética é outra importante fonte de empregos verdes, particularmente na indústria da construção, o setor mais afetado pela crise econômica.
Nos Estados Unidos, três milhões de pessoas têm empregos relacionados com produtos e serviços ambientais. Na Espanha, existem atualmente mais de meio milhão de empregos neste setor.
É possível obter ganhos líquidos na taxa de emprego entre  0,5 e 2 por cento do emprego total. Nas economias emergentes e países em desenvolvimento, os ganhos tendem a ser mais elevados do que nos países industrializados, porque os primeiros podem passar diretamente para a tecnologia verde em vez de substituir a infraestrutura obsoleta. O Brasil já criou cerca de três milhões de empregos, respondendo por cerca de 7% do emprego formal.
 Não existem benefícios sem políticas adequadas
Esses bons resultados têm uma coisa em comum: o reconhecimento de que os desafios ambientais e sócio-econômicos precisam ser enfrentados de uma forma abrangente e complementar.
Em primeiro lugar, isso significa promover e implementar processos de produção sustentáveis ​​ao nível das empresas, especialmente entre as pequeno e médias empresas nos setores fundamentais mencionados acima.
Em segundo lugar, a extensão da proteção social, programas de suplementação de renda e medidas de capacitação profissional são fundamentais para assegurar que os trabalhadores possam tirar proveito dessas novas oportunidades.
Em terceiro lugar,  as normas internacionais do trabalho e dos direitos dos trabalhadores podem fornecer um quadro jurídico e institucional, bem como orientações políticas  para o trabalho em uma economia mais verde e sustentável, especialmente quando se trata de qualidade dos empregos e segurança e saúde no trabalho.
Finalmente, o diálogo social eficaz envolvendo empregadores e os sindicatos é fundamental para a governança do desenvolvimento sustentável.
"A sustentabilidade ambiental não contribui para eliminar postos de trabalho, como às vezes é alegado. Pelo contrário, se for administrada de maneira adequada, pode contribuir com a criação de  mais e melhores empregos, redução da pobreza e inclusão social ", disse o diretor da OIT.
Outras conclusões importantes do relatório:
• Apenas na União Européia, existem 14,6 milhões de empregos diretos e indiretos na proteção da biodiversidade e recuperação dos recursos naturais e florestas.
• Os investimentos internacionais de 30 bilhões  de dólares / ano em redução de desmatamento e degradação das florestas poderiam sustentar até 8 milhões de empregos adicionais em tempo integral nos países em desenvolvimento.
• As experiências de Colômbia, Brasil e outros países mostram que a formalização e organização de entre  15 e 20 milhões de catadores informais podem ter significativos benefícios econômicos, sociais e ambientais.
• O programa de renovação de prédios para melhorar a eficiência energética na Alemanha é um exemplo de possíveis resultados positivos: este programa tem mobilizado 100 bilhões de euros em investimentos; ele tem contribuído para reduzir contas de energia, evitando emissões e contribuindo para a criação de cerca de 300.000 empregos diretos por ano.
• O uso excessivo dos recursos naturais já provocou grandes perdas, incluindo mais de um milhão de empregos para os trabalhadores florestais, principalmente na Ásia, devido a   práticas inadequada de gestão sustentável ​​das florestas.
• O setor de pesca deverá enfrentar um grande desafio, embora temporário, para os trabalhadores, devido à sobrepesca. Reduções temporárias de captura podem ser necessárias em muitas locais, para permitir uma recuperação dos estoques. Particularmente preocupante é o fato de que 95 por cento dos 45 milhões de trabalhadores empregados na pesca são frequentemente pescadores artesanais em países em desenvolvimento.
• Em grande parte da Ásia, África, América Latina e partes da Europa, a proporção de despesas com energia por parte das famílias pobres é três vezes - e pode ser 20 vezes - que das famílias mais ricas.
• A Lei Nacional de Garantia de Emprego Rural na Índia e na habitação social e os programas de "bolsas verdes 'no Brasil são bons exemplos de políticas de proteção social que contribuem para o desenvolvimento sustentável.
• As mulheres podem estar entre os principais beneficiários de uma economia mais verde, mais inclusiva, com melhor acesso a oportunidades de emprego, por exemplo em energia renovável, obtendo crescimento de renda, particularmente na agricultura, a formalização do emprego, especialmente entre os 15-20 milhões trabalhadores de reciclagem. Poderiam ser reduzidas muitos dos encargos que pesam sobre eles graças, entre outras medidas ao acesso a energia limpa, o reforço da segurança alimentar, e habitações que façam uso eficiente da energia e da água.
• Somente entre 8 e 12 por cento da força de trabalho nos países industrializados, por exemplo, é empregada nas10-15 indústrias responsáveis por 70-80 por cento das emissões de CO2. Uma parte dessas pessoas pode perder seus empregos se não forem adotadas políticas adequadas para promover os empregos verdes.
(*)
A Iniciativa Empregos Verdes é uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização Internacional de Empregadores (OIE) e a Confederação Sindical Internacional (CSI). A iniciativa foi lançada a fim de promover oportunidades, a igual e transições equitativas, parda incentivar os governos, os empregadores e trabalhadores a participar no diálogo sobre políticas coerentes e programas eficazes, com o objetivo de criar uma economia favorável ao meio ambiente com empregos verdes e trabalho decente para todos.
Veja a íntegra do estudo: http://www.oit.org.br/node/844
Fonte: OIT

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