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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Reflexão: O TRABALHO É A ACTIVIDADE DE HOMENS PRIVADOS DE AUTODETERMINAÇÃO

A identidade entre trabalho e ausência de autodeterminação demonstra-se, não apenas factual, mas também conceptualmente. Não há muitos séculos, a conexão entre o trabalho e a coerção social estava inteiramente presente na consciência das pessoas. Na maior parte das línguas europeias, o conceito «trabalho» refere-se originariamente apenas à actividade do homem sem autodeterminação, do indivíduo dependente, do servo ou escravo. No espaço linguístico alemão, «Arbeit» significava o trabalho servil de uma criança órfã ou abandonada, e por isso caída na servidão. No latim, «laborare» significava algo como «cambalear sob uma carga pesada», e em sentido geral designava o sofrimento e o vexame do escravo. As palavras românicas «trabalho», «travail», «trabajo», etc., derivam do latim «tripalium», uma espécie de jugo utilizado para torturar e castigar escravos e outros indivíduos destituídos de liberdade. Na expressão idiomática alemã «Joch der Arbeit» («jugo do trabalho») ecoa ainda esse sentido.
Ou seja, também na sua origem etimológica «trabalho» não é sinónimo de uma actividade humana autodeterminada, antes designa um destino social infeliz. É a actividade daqueles que perderam a liberdade. Assim, a extensão do trabalho a todos os membros da sociedade não é mais do que a generalização da dependência servil, e a moderna adoração do trabalho é a mera exaltação para-religiosa deste estado.

Esta relação só pôde ser recalcada com êxito e a respectiva exigência social interiorizada, porque a generalização do trabalho foi acompanhada pela «objectivação» do moderno sistema de produção de mercadorias: a maior parte dos indivíduos não está debaixo do chicote de um senhor, individualizado como pessoa. A dependência social tornou-se uma conexão abstracta interna do sistema - e por isso mesmo tornou-se total. Ela pode ser detectada em toda a parte, mas por isso mesmo é praticamente inapreensível. Quando todos se tornam escravos, todos se tornam simultaneamente senhores - traficantes de escravos e fiscais, mas traficando-se a si próprios e fiscalizando-se a si mesmos. Todos obedecem ao ídolo invisível do sistema, o «Grande Irmão» da valorização do capital, que os mandou para o «tripalium».
Fonte: Manifesto conta o Trabalho - Grupo Krisis

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