A Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), uma instituição pública, mas de
caráter privado, assinou contrato com a Universidade Federal do Pará (UFPA)
para assumir a gestão do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB)
e Hospital Universitário Bettina Ferro de Sousa (HUBFS).
O ato do
reitor da UFPA, Carlos Maneschy, ocorreu no dia 13 de outubro, mas foi
encaminhado sem passar pelo Conselho de Administração (Consad), como prevê o
Regimento Geral da UFPA quando se trata de ceder bens móveis e imóveis da universidade.
A decisão do dirigente máximo da instituição também foi tomada sem que se desse
conhecimento para a comunidade acadêmica, da forma como se fazem coisas muito
questionadas pela sociedade.
Em
entrevista para o portal da UFPA, Maneschy cria uma falsa ilusão de que os HUs
poderão ser reestruturados e irão melhorar seus serviços com a administração da
Ebserh, como se o problema fosse de gestão e não de recursos.
“Agora,
caminhamos em direção à formatação da estrutura que essa gestão passará a ter a
partir do momento em que a Empresa vier a se constituir definitivamente no
Estado. Temos certeza de que esse será um marco, o qual vai dividir, de fato, a
história dos hospitais universitários, com a convicção de que a situação,
administrativamente e institucionalmente falando, dessas unidades será muito
melhor”, avaliou.
Na opinião
do diretor de saúde da Fasubra (Federação nacional dos TAEs) e um dos
organizadores do Encontro Nacional dos HUs, Pedro Rosa, os exemplos mostram o
contrário.
“A lógica da
Ebserh e o discurso do governo Dilma e dos reitores é de que os problemas dos
HUs são de gestão e não de falta de recursos, e que por isso uma gestão privada
como a deste empresa melhorariam as coisas. No entanto, os resultados de mais
de dois anos de imposição da Ebserh já são suficientes para desmascarar seu
discurso. Vários HUs geridos pela empresa suspenderam cirurgias, transplantes,
quimioterapia com os cortes de verbas. O Hospital Universitário Walter
Cantídio, da UFC, era referência nacional em transplantes e cancelou todos.
Eram 190 leitos e fecharam 95”, disparou.
A Reitoria
da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) anunciou no início de
dezembro que todas as cirurgias eletivas estavam suspensas no Hospital das
Clínicas ligado à instituição e gerido pela Ebserh.
No Hospital
Universitário Cassiano Antonio de Moraes (Hucam), ligado à Universidade Federal
dos Espírito Santo e também gerido pela Ebserh segue a falta de materiais
básicos para atender os usuários.
“Quando a
Ebserh entrou aqui tivemos um problema muito grande em relação à falta de
materiais, e ainda estamos sem medicamentos. Sempre está faltando alguma coisa.
O que eles justificam é que há problemas na transição, nos contratos, que o
Ministério não liberou recursos e estão usando o fundo do Hospital, mas o
dinheiro já chegou e para nós trabalhadores não teve mudança nenhuma”, destacou
Alvaléria Cuel, servidora da instituição.
CAOS
PLANEJADO PARA PRIVATIZAR
A situação
dos Hospitais Universitários João de Barros Barreto (HUJBB) e Bettina Ferro de
Souza (HUBFS) causa muita tristeza. O HUJBB, que é a maior referência da Região
Norte em doenças infectocontagiosas e no atendimento de alta e média
complexidade, teve todo serviço de vigilância armada e mais de 80 trabalhadores
da FADESP demitidos nos últimos meses (e novas demissões virão a partir de
2016); cerca de 30% dos leitos estão sendo fechados; cortaram a alimentação dos
plantonistas; falta material básico como seringa e agulhas, existem muitas
denúncias de corrupção, furtos não punidos, fraude no APH... No HUBFS também
vem ocorrendo demissões de fundacionais e falta material, serviços foram
fechados (endoscopia, mamografia, ultrassom) e não há servidores de carreira
nos cargos de gestão. E, para piorar, nos dois HUs estão tentando acabar com a
jornada de 30hs dos trabalhadores, conquistada com muita luta!
VAMOS BARRAR
A EBSERH
O
Sindtifes-PA segue na luta para barrar a Ebserh, defender mais recursos para os
HUs para que serviços de qualidade possam ser prestados ao povo trabalhador,
para que nenhum trabalhador da Fadesp seja demitido.
Em sua
primeira reunião, a nova direção do Sindtifes-PA para o biênio 2015-2017,
gestão Sindicato é pra Lutar, definiu a luta por “Nenhuma demissão! Revogação
da Ebserh, já!” como uma das prioridades para o início de 2016.
“A votação
da nossa chapa no HUJBB mostrou que a maioria dos servidores está contra a
entrada da Ebserh no hospital e quer melhorias urgentes com mais recursos e não
com privatização da gestão. Vamos lutar com tudo contra esse ataque aos nossos
direitos”, garantiu Zila Camarão, coordenadora de comunicação social do
Sindtifes-PA e servidora do Barros Barreto.
A
coordenadora geral do sindicato Ângela Soares avalia a importância dessa pauta
para a categoria. “A luta contra a Ebserh e contra as demissões será uma
prioridade para a nova gestão do sindicato. Vamos organizar uma grande campanha
contra a privatização dos HUs”, defendeu.
(Felipe
Melo/Ascom Sindtifes-PA)
Fonte:
http://www.sindtifes.org.br/index.php?option=com_categoryblock&view=article&Itemid=300147&id=1143
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