Reuniões por setores |
A luta das
30 horas, já vitoriosa na MEAC e no HUWC, avança, passo a passo, para alcançar
mais trabalhadores na UFC e os técnicos em Educação da Unilab e UFCA. A
flexibilização da jornada de trabalho foi pauta de reunião entre diretoria do
Sintufce e servidores da UFCA no último dia 17 de fevereiro, em Juazeiro do
Norte. O advogado Clóvis Renato, assessor Jurídico do Sintufce, acompanhou os
coordenadores Gerais Keila Camelo e José Raimundo na atividade. O objetivo do
encontro foi municiar os servidores de informações, argumentos jurídicos e todo
o apoio técnico e político do sindicato para que a conquista chegue ao Cariri.
Coordenação Geral do SINTUFCe e Assessor Jurídico Coletivo Clovis Reanto |
Na UFCA, a
implementação das 30 horas é possível. Diversos setores estão enquadrados nos
pré-requisitos apontados pelo decreto nº 4.836/2003. A legislação diz:
"Quando os serviços exigirem atividades contínuas de regime de turnos ou
escalas, em período igual ou superior a doze horas ininterruptas, em função de
atendimento ao público ou trabalho no período noturno, é facultado ao dirigente
máximo do órgão ou da entidade autorizar os servidores a cumprir jornada de
trabalho de seis horas diárias e carga horária de trinta horas semanais".
O Dr. Clóvis
Renato esclareceu, durante a reunião com os servidores, que a Constituição
Federal de 1988 traz como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil
a dignidade da pessoa humana. A leis são criadas a partir desse preceito e
visam a humanização do trabalho a qual estão submetidos todos os cidadãos.
"O trabalho desumaniza e aliena. Você é obrigado a vender a sua força de
trabalho. Não há como viver no capitalismo sem vender a força de trabalho. Você
está subordinado e não controla o processo. O trabalhador não é visto como
sujeito, sendo somente mais um tijolo no muro. Quando diminui a carga horária
de trabalho você humaniza e atende à Constituição, ao afastar a pessoa do
ambiente de alienação", esclareceu o advogado, destacando que há total
respaldo legal na flexibilização da jornada de trabalho.
MINUTA
Os
servidores da UFCA já construíram uma minuta para regulamentação da jornada de
trabalho e contam, agora, com a assessoria do Sintufce para os ajustes finais
antes da apresentação do documento à Reitora da universidade do Cariri. O
trabalho é fruto de um dos três Grupos de Trabalho (GTs) criados pela categoria
desde a greve de 2015. As principais lutas encaminhadas são pela redução da
carga horária; capacitação; e flexibilização da jornada dos técnicos de
laboratório, que são demandados até aos fins de semana.
A categoria
estava desmotivada acerca do potencial de ganhos nessa pauta local, mas Keila
Camelo, coordenadora Geral do Sintufce, relatou como se deu a conquista das 30
horas em todo o complexo hospitalar e deu aos servidores a real dimensão da
luta e do respaldo legal para a consolidação dessa nova realidade. "Na
Saúde, a Comissão das 30 Horas se debruçou nos trabalhos, reunindo sete
pessoas, sendo elas representantes da gestão do complexo hospitalar e do
sindicato. Houve o entendimento unânime de que o público atendido abrange o
interno e o externo - alunos, professores, técnico-administrativos e sociedade.
A UFC emitiu portarias por setores e, desde então, tivemos um salto de
qualidade no atendimento. Houve ampliação em mais duas horas no ambulatório,
que funciona, agora, até as 19 horas, e o número de pessoas beneficiadas com a
assistência à saúde aumentou", contou Keila Camelo.
"Um
trabalhador bem assistido também faz um trabalho melhor. Tivemos no hospital e
na maternidade a otimização da mão de obra e a produtividade, hoje, é bem
maior. As pessoas estão motivadas e mais satisfeitas", disse Keila.
Para Gilmaria
Gondim, servidora da UFCA na Progep, a informação sobre como a conquista se deu
no HUWC e na MEAC fortalece a mobilização no Cariri. "Estou muito feliz
pelo que estou escutando. Vem totalmente ao encontro do que vínhamos estudando.
Estou feliz pelas colocações que ouvi e por saber que temos precedentes a favor
(caso da Saúde)", compartilhou.
O Sávio
Ferreira, que trabalha no setor de Infraestrutura da UFC, conta que "a
reunião foi muito proveitosa". "Acabou esclarecendo os pontos de
dúvidas que a gente tinha e abriu espaço para novos encontros. Pra esse
momento, atendeu a nossa necessidade. No que a gente vem precisando, estamos
sendo atendidos pelo Sintufce. O que a
gente espera é que continue dessa forma nas outras coisas em que a gente
precisa avançar", disse.
A Márcia
Leite, lotada no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional
Sustentável, disse ter a expectativa de que o sindicato mantenha a constância
nesses encontros. "Foi muito válido e espero que mais programações que
envolvam toda a comunidade dos técnicos sejam realizadas. Nossas questões não
se encerram nas 30 horas", avisou.
A servidora
relata que já percebe-se uma "boa vontade, uma certa abertura", por
parte da administração superior, para "as questões mais humanas com relação
ao trabalho". Ela acredita que o GTs contribuíram para que os esforços
feitos durante a greve não se perdessem. "Há uma falta de consciência
política, de perceber que, coletivamente, a gente conquista mais coisas. O
sistema tem empurrado a gente a acreditar que cada vez mais só importa o
próprio lado. A noção do coletivo tem se perdido cada vez mais. Se não for a
gente que leve isso adiante, quem é que vai ser?", destacou Márcia.
Cristina
Santos, que trabalha no Instituto Interdisciplinar de Sociedade Cultura e Arte
da UFCA, compartilhou: "É muito válida a presença de vocês aqui". A
servidora contou que esses encontros inspiram a categoria "a se juntar e
se unir mais".
O
coordenador Geral do Sintufce José Raimundo reforçou, junto aos trabalhadores,
a importância do sindicato científico, que age de forma inteligente e
estratégica, avançando para conquistas concretas. "O movimento sindical
era muito político e pouco técnico, gerando um desvantagem em negociações com o
governo. A função sindical é congregar pessoas para melhorar a qualidade de
vida, reivindicando junto às instâncias. Desfiliar é retirar a capacidade de
luta. O Sintufce ajuda a lutar e a conquistar. O Sintufce tem estratégia,
assessoria técnica e pressão. E estamos empenhados em avançar nessas pautas
locais", finalizou.
Fonte:
Sintufce
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