Apesar do
cenário ruim, interessados devem continuar estudando
Passada a
folia, é hora de tirar os planos do papel, já que para muitos o ano só começa
de verdade depois dos seis dias de Carnaval. E, como as previsões para 2015 não
são nada animadoras, é bom acelerar os passos, principalmente quem sonha em
ingressar no serviço público.
Dados do
Ministério do Planejamento, órgão responsável pela autorização das seleções
federais, revelam que o governo vai
apertar o cinto este ano. De acordo com o
Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa 2015), o governo pode contratar
até 24,8 mil servidores federais por concurso público este ano para ocupar
cargos que já existem e estão vagos ou para substituir terceirizados. Esse
número é menos que a metade do estipulado para 2014 (50,4 mil).
Vale
ressaltar que essa estimativa ainda precisa receber o sinal verde do Congresso
Nacional. Mas, se depender dos números atuais, o cenário de concursos será
nebuloso. Um levantamento feito pelo CORREIO com base nas notícias publicadas
no site do Ministério do Planejamento revela que nenhuma seleção pública
federal foi aberta em 2015.
Até agora, o
governo autorizou apenas um concurso para o Departamento Penitenciário Nacional
(Depen), com a oferta de 258 vagas (ver tabela ao lado). Para se ter uma noção
do arrocho, somente em janeiro de 2014 foram abertos sete concursos,
totalizando 2.871 oportunidades, além de mais 1.395 novos postos autorizados.
E, como a
dificuldade não bate na porta apenas do governo, muito provavelmente as
empresas privadas tenham que demitir para enxugar a folha e conseguir fechar as
contas. Resultado? Mais gente desempregada e menos concurso é igual a alta
concorrência.
Mãe solteira,
a secretária Cláudia Costa, 47 anos, está preocupada. "Meu filho depende
exclusivamente de mim. Não posso pagar para ver", desabafa. Cláudia, que
presta serviço como terceirizada para uma secretaria estadual, já começou a se
movimentar, estudando, em média, quatro 4 horas por dia.
"Sei
que a crise está feia para todo mundo, mas o que não posso é pagar para ver.
Optei em me apegar a uma coisa mais concreta, que só depende de mim", justifica.
A maior
concorrência não deve ser motivo para desistir. A diretora executiva da
Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), Maria Thereza
Sombra, declara que quase todos os órgãos federais estão com deficiência de
pessoal, alguns com necessidade de ampliar o efetivo em 50%.
De acordo
com ela, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por
exemplo, atua hoje com um terço dos funcionários necessários.
"A
Constituição de 1988 prevê a realização de concurso público para ingressar no
quadro de funcionários do governo. Por pior que seja a crise, a máquina não
pode parar. Não podemos esquecer dos servidores que se aposentam todos os
anos", destaca, informando que as expectativas para este ano, no que diz
respeito a novos editais, ainda são as melhores.
Nomeação
Para tentar
reduzir o impacto, Maria Thereza acredita que o governo possa reduzir o número
de vagas em vez de não realizar o certame. "Outra coisa que eles podem
fazer é realizar o concurso, mas não nomear neste ano. Só não há como fechar o
serviço público. Contratar terceirizado é mais caro do que contratar servidor,
já que o salário não tem muitos descontos", opina.
De acordo
com o levantamento da Anpac, 64 órgãos federais devem abrir 34 mil vagas este
ano (veja tabela abaixo). O concurso da Receita Federal, com a oferta de três
mil oportunidades para analista tributário e auditor, merece destaque. "O
orçamento ainda não foi aprovado... Vamos aguardar", justifica ela.
Assim como a
diretora executiva da Anpac, Charles Peterson, conhecido por treinar
concurseiros de todo o Brasil, não acredita que o governo irá desrespeitar a
Constituição, considerando que sua imagem está cada vez mais frágil. Para ele,
os candidatos não devem tirar conclusões precipitadas, uma vez que o cenário
político está sempre em movimento.
"Se
houver vontade política haverá muitos e muitos concursos. Se não houver haverá
poucos. Mas fato é que sempre haverá, salvo ocorra um golpe de Estado".
Ele garante que, até que se prove o contrário, haverá sim concursos. "Na
dúvida, é melhor estudar", opina ele, acrescentando que quem mantiver o
foco nos estudos sairá na frente de muitos que irão estudar somente após
divulgação do edital.
Oportunidade
O coach
ressalta ainda que, tanto para o mercado dos concursos quanto para o
empresarial, a disputa está cada vez maior. "A concorrência deve ser mais
um estímulo para que o candidato se prepare com seriedade, persistência e
paciência".
Para quem
está disposto a entrar na briga por uma vaga no serviço público, seja pela
estabilidade profissional ou pelos benefícios atrativos, a orientação de
Peterson é concentrar nos estudos e ficar atento às notícias e aos fatos.
"O que passa disso serve para aumentar a ansiedade e nada mais".
Segundo ele, não há que se preocupar com quantidade de vagas. "Há sim que
se preocupar em estudar e fazer a parte que cabe ao aluno. Estudar e estudar
corretamente, com planejamento e eficiência. O foco tem que ser nas soluções e
não nos problemas", finaliza.
Fonte: http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/governo-federal-preve-reducao-de-50-nas-vagas-de-concursos/?cHash=56bcaf264ad756f966bdb37cc0052be3
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