Ação civil
pública é contra violações a leis trabalhistas que abrangem infrações cometidas
contra trabalhadores e ex-trabalhadores da rede em todos os estados
Entidades
sindicais protocolaram ontem (23) na Justiça do Trabalho, em Brasília, uma ação
civil pública contra a rede de fast-food McDonald's no Brasil e sua
franqueadora Arcos Dourados Comércio e Serviços, por violações a leis
trabalhistas que abrangem infrações cometidas contra trabalhadores e ex-trabalhadores
da rede em todos os estados. A ação sustenta que, com o desrespeito às ações trabalhistas, o McDonald's concorre deslealmente
e obtêm vantagem no mercado em que atua.
A ação marca
o início da Campanha Internacional do Trabalho Decente Mc Donald's, alertando a
sociedade e a Justiça para a prática de jornada móvel variável, acúmulo de
funções sem a devida remuneração, o não reconhecimento à insalubridade de
algumas funções, pagamento com valores inferiores ao mínimo estabelecido pela
lei, horas extras habituais não remuneradas, supressão de intervalos para
descanso e refeições, indícios de fraudes nos holerites e no registro de horas
trabalhadas, bem como utilização de mão de obra de menores de idade em
atividades proibidas à faixa etária.
O presidente
da Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh), Moacyr Roberto Tesch
Auersvald, ressaltou que desde 1990 o
sindicato está mobilizado, entrando com ações contra o McDonald's. “O Mc
Donald's pensa que o Brasil é uma terra sem lei. Qualquer empresa tem que ter
contrato social formal e outro com a sociedade. Se essa empresa não tem
responsabilidade social com o trabalhador brasileiro, não está cumprindo suas
obrigações”, ressaltou.
Moacyr disse
ter convicção de que, com as ações, é possível que o McDonald's se enquadre na
legislação brasileira e regularize a situação dos funcionários. “Ou então, que fique proibida de abrir novas
lojas no país para simplesmente massacrar e trazer um trabalho similar à
escravidão. Nós precisamos de trabalho decente”, disse.
Os advogados
que atuam na ação destacam a existência
de briga judicial com o McDonald's, há mais de 20 anos, para que a empresa se
adeque e cumpra a lei trabalhista. “Nós
temos uma série de acordos firmados e termos de ajustamento de conduta que não
foram cumpridos pela empresa. Nós temos uma série de novas violações contra os
trabalhadores. A grosso modo, são mais de 400 nacionalmente”, reforçou o
advogado João Piza.
A
ex-funcionária do McDonald's Mônica Carolina disse que entrou na empresa quando ainda era menor de idade (14 anos) e tinha
o sonho da independência financeira. Entretanto, ao começar a trabalhar
descobriu que a realidade era diferente para os trabalhadores da lanchonete.
“Eu fazia jornadas excessivas de
trabalho. Meu período era de seis horas e eu trabalhava dez horas seguidas não
remuneradas. Entrava em áreas restritas para menores de idade, como as câmaras
frias. Manuseava objetos de risco também proibidos para menores”.
Segundo nota
da assessoria de imprensa do McDonald's, a empresa ainda não foi notificada
oficialmente sobre a ação. No entanto, a companhia reforça absoluta convicção
de suas práticas laborais e do cumprimento das normas e legislações às quais
está sujeita nos locais em que atua. “Reafirmamos cumprir todos os acordos
firmados com o Ministério Público, em todo o país. Todos os empregados da
companhia são registrados de acordo com a legislação, e recebem remuneração e
benefícios conforme as convenções coletivas validadas pelos diversos sindicatos
que regem a categoria no país”, diz a nota.
Fonte: http://economia.ig.com.br/2015-02-24/entidades-sindicais-acionam-o-mcdonalds-na-justica-do-trabalho.html
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