Mesmo com
campanha salarial em andamento, centrais sindicais têm encontrado resistência
das montadoras para reajuste de salários – não querem corrigir nem a inflação
Em um
aspecto, montadoras, autopeças e metalúrgicos concordam: faz mais de dez anos
desde que viram, pela última vez, um cenário tão crítico para o setor. No
entanto, as concordâncias param por aí. Diante da resistência de montadoras e
outras empresas da cadeia produtiva automobilística em corrigir os salários,
centrais sindicais se preparam para unir forças para pressionar as empresas.
A
iniciativa partiu da Força Sindical, que pleiteia apoio para a sua campanha
salarial, com data-base em 1º de novembro. Na terça-feira (26), o presidente da
Força Sindical, Miguel Torres, ofereceu suporte para a dura campanha salarial
da CUT. “Este é o momento de nos unir. O trabalhador pode sair prejudicado e
não podemos deixar a política partidária interferir na luta sindical”, explica.
A
preocupação de Torres faz sentido. Atualmente, a cadeia automotiva emprega 1,3
milhão de trabalhadores, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio. No front de venda, a coisa vai mal – a queda na venda de
veículos, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea), já chega a 17% neste ano.
Produção
de veículos cai 20,5% em um ano, aponta Anfavea
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carros de luxo no Brasil deve crescer 30% em 2014, diz Mercedes-Benz
Com uma
queda tão grande nas vendas, é natural que as negociações salariais estejam
travadas – e isso é o que mais preocupa Torres. “Os metalúrgicos ligados à CUT
já tomaram muito balde de água fria. Estamos preocupados”, diz Torres.
Com a
data-base para o acordo coletivo marcada para o 1º de setembro, os sindicatos
ligados à Central Única dos Trabalhador (CUT) ainda não receberam sequer uma
proposta econômica das empresas.
Segundo o
presidente da Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos da CUT, Valmir Marques
da Silva, o Biro-Biro, as negociações estão muito atrasadas. “As empresas estão
com dificuldade de chegar a um acordo entre elas mesmas para propor o acordo”,
explica.
O
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, é um dos que enfrenta um
cenário pouco favorável. A Mercedes-Benz, fabricante de caminhões, já tem 1,2
mil funcionários com contratos de trabalho suspensos. Atualmente a empresa
negocia possibilidades de redução de salário e corte de pessoal. Procurada pelo
iG, a Mercedes não disponibilizou porta-voz.
Na
terça-feira (26), Biro-Biro esteve com o Grupo 8 (de empresas de siderurgia), o
Grupo 2 (de empresas de máquinas e eletrônicos) e o Grupo de Estamparia.
Nenhuma das três reuniões rendeu um acordo. “No ano passado, a essa altura a
gente já estava negociando e assinando os documentos”, lamenta.
Pelo andar
das negociações, neste ano os metalúrgicos não conseguirão aumento real – bem
longe do que pleiteiam. Com as reduções de pessoal, férias coletivas, cortes e
demissões, a sobrecarga já é uma reclamação. Segundo o sindicalista, os
trabalhadores pedem aumento proporcional ao adicional de serviço. “As empresas
estão com dificuldade de repor até a inflação”, comenta Biro-Biro, que não
descarta o apoio da Força para a reta final de sua campanha. “Essa colaboração
pode sim acontecer”, diz.
Embora não
tenha ainda sido convidada para participar do “mutirão sindical”, a
CSP-Conlutas também defende a união de forças. “Mais do que nunca precisamos de
todos os metalúrgicos unidos. Se não nos juntarmos, não vamos ter outra saída
além de aceitar acordos como o da GM em São José dos Campos”, diz Atnágoras
Lopes, secretário geral do CSP-Conlutas. Por lá, mais de 900 funcionários da GM
concordaram com o lay-off – ficarão até fevereiro sem trabalhar, recebendo
salários reduzidos complementados com o suporte do Fundo de Apoio ao
Trabalhador (FAT).
Fonte: http://www.midianews.com.br/conteudo.php?sid=2&cid=208184
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