“[...] O
que fazer diante dessa tendência de desequilíbrio crescente, tanto interno
quanto externo? [...] Houve industrialização, mas o desemprego aumentou, a deterioração do meio ambiente aumentou o
clima social na comunidade sem dúvida alguma se deteriorou.
A
aposta nos investimentos externos é falaciosa, ela não funciona, porque afinal
toda a experiência mostra que quando ele vem, vem com imposições para setores e
para atividades que não são de maior interesse nacional. E somente quando o
governo for suficientemente forte, apoiado pela população, é que poderia dizer:
esse não, esse se vier tem que ir para esse setor e nessas condições, e não
simplesmente ceder a todas as pressões e injunções dos investidores. A questão do
investimento externo tem de ser descartada, muito embora seja essa a política
do governo brasileiro no momento que proclama: nós precisamos demonstrar
seriedade, cumprir o ajuste fiscal, o equilíbrio das contas externas,
controlamos a inflação, porque assim vamos atrair os investimentos
estrangeiros. Ora, é uma grande ilusão, porque os investimentos estrangeiros oscilam
ao sabor de informações semeadas muitas vezes de propósito pela imprensa e por
veículos apropriados para fazer subir ou descer o risco Brasil, a taxa cambial
e, portanto, a propensão do capital de ficar no país.
Então, daí vem uma questão
quase natural: por que não há investimento interno, onde é que ele está? Por
que nós, país rio, no berço esplêndido, temos que apostar em investimento
estrangeiro?”[1]
(Henrique Rattner)
[1] RIGOTTO,
Raquel Maria. Desenvolvimento,
Ambiente, Saúde: implicações da
(des)localização industrial. Prefácio: Henrique Rattner. Rio de Janeiro:
Editora Fiocruz, 2008. p. 13.
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