Enfrentamento
começou quando grupo seguiu para o Estádio Mané Garrincha e foi bloqueado por
policiais
PM foi
flechado na perna, mas passa bem
Exposição
da taça da Copa do Mundo é suspensa
Declarações do Deputado que geraram a manifestação:
Declarações do Deputado que geraram a manifestação:
BRASÍLIA -
Indígenas e manifestantes do Comitê Popular da Copa entraram em confronto com
policiais em Brasília, durante manifestação nesta terça-feira.
Depois de
participarem de ato no Congresso, os índios se deslocaram pela Esplanada dos
Ministérios e seguiram em direção ao Estádio Nacional Mané Garrincha. Outros
manifestantes se juntaram ao grupo na Rodoviária do Plano Piloto. O embate começou quando eles foram
impedidos pela Polícia Militar de seguir para mais perto do estádio. Os PMs
usaram bombas de gás lacrimogêneo.
A taça da Copa do Mundo, que está exposta em um
galpão montado ao lado do estádio, teve sua exibição suspensa. A PM informou que um
policial foi atingido por uma flechada na perna, mas recebeu tratamento e passa
bem. A polícia também informou que um índio foi preso durante a manifestação.
Segundo o
Cimi, quatro indígenas se machucaram no confronto com os PMs. A entidade acusa a polícia de ter começado
a confusão. Participantes do ato afirmaram que um integrante do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST) foi preso.
Os
manifestantes relataram que atiraram pedras contra a polícia, que revidou com
bombas de gás lacrimogênio. Eles também tentaram impedir a passagem de um carro
do Corpo de Bombeiros, o que levou a PM a jogar mais bombas contra os
manifestantes. O trânsito no Eixo
Monumental, via onde estão o estádio e os ministérios, foi bloqueado nos dois
sentidos, mas por volta das 17h50 o grupo liberou a via e começou a voltar para
a rodoviária. Às 18h, um grupo de indígenas ocupava o canteiro de uma das
vias e fazia danças, sem atrapalhar o trânsito.
Em nota, o
governo do Distrito Federal (GDF) informou que a Secretaria de Segurança
Pública "agiu estritamente dentro do protocolo previsto em casos de
manifestações". Segundo o GDF, a operação foi eficiente, preservou a
integridade física dos manifestantes e protegeu o grande público,
"especialmente crianças, estudantes e idosos que estavam no evento de
visitação à Taça da Copa do Mundo". Informou ainda que a manifestação
"teve de ser contida no limite estabelecido para segurança dos
visitantes". De acordo com o GDF, os policiais não usaram armas letais.
Segundo o
MTST, que participa do Comitê Popular da Copa, o ato era para protestar contra
“violações e crimes da Copa, cometidos pela Fifa, pelos governos federal e do
Distrito Federal e pelos patrocinadores e empreiteiros contra a população
brasileira”.
Mais cedo,
por cerca de meia hora, a marquise do Congresso foi ocupada por cerca de 300
indígenas. Durante o protesto, eles manifestaram contra a atuação do governo na
questão fundiária. Deixaram o local de forma pacífica e seguiram em direção do
Ministério da Justiça.
Os
indígenas também protestaram em frente ao Palácio do Planalto. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
(APIB), um índio ficou levemente ferido após entrar em atrito com um
segurança do local.
Antes de seguirem rumo ao estádio, os
manifestantes promoveram um julgamento da Fifa na rodoviária. O ato durou pouco
mais de uma hora e terminou com a entidade condenada a deixar o país e a
devolver vários bilhões ao Brasil e à África do Sul, país-sede da Copa de 2010. Segundo os
organizadores do "julgamento", eles
iriam entregar a sentença à Fifa no Mané Garrincha. Na sexta-feira, está
prevista nova manifestação em Brasília, que deve partir do Museu Nacional, no
começo da Esplanada dos Ministérios, até o estádio.
Índios
acusam deputados de racismo
Mais de 500 indígenas, segundo cálculo do
Conselho Indigenista Missionário (Cimi), protocolaram nesta terça-feira no
Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra os deputados Luís Carlos Heinze
(PP-RS) e Alceu Moreira (PMDB-RS) por racismo e incitação ao ódio e à
violência.
Em vídeo gravado, Heinze disse que
quilombolas, índios, gays e lésbicas “não prestam”. Os indígenas dizem ainda que Moreira, ao estimular a resistência dos
produtores rurais, promoveu o ódio contra os povos indígenas. Depois de
entregarem a denúncia no Supremo, os indígenas seguiram para a Praça dos Três
Poderes e em seguida para o Congresso, onde fizeram uma manifestação sobre a
laje que comporta as cúpulas do Senado e da Câmara.
Os índios — que, segundo o Cimi, fazem parte de
100 povos diferentes de todo o país — estão em Brasília até quinta-feira para
protestar em defesa dos direitos territoriais dos povos indígenas. Na quarta,
vão participar de audiência pública na Câmara dos Deputados. Os índios se opõem
a algumas propostas em tramitação na Câmara, que na prática vão dificultar a
demarcação de novas terras indígenas e facilitar a exploração econômica dessas
áreas, inclusive para a mineração.
A
coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sônia
Guajajara, afirmou que um dos pontos
principais da manifestação é a não aprovação da PEC 215 que transfere do Poder
Executivo para o Legislativo a responsabilidade das demarcações de terra:
— A gente não concorda com a atuação do
Congresso Nacional. O Congresso nos ataca a todo momento, entregou as terras a
grandes fazendeiros e latifundiários. A Constituição nos garante o direito à
terra. Queremos mostrar que nós indígenas não estamos de acordo com essa atuação
— afirmou.
Em novembro do ano passado, os dois deputados
participaram de encontro com produtores rurais no município de Vicente Dutra,
no Rio Grande do Sul, quando criticaram a atuação do governo na questão
fundiária. No vídeo, disponível no Youtube desde 12 de fevereiro deste ano,
Heinze chegou a dizer que quilombolas,
índios, gays, lésbicas, "tudo o que não presta", está
"aninhado" no gabinete do ministro da Secretaria Geral da Presidência
da República, Gilberto Carvalho, na antessala da presidente Dilma Rousseff.
Na
ocasião, depois de lembrar que o governo forneceu R$ 150 bilhões em
financiamento ao agricultores, Heinze
ressaltou:
— Agora eu quero dizer para vocês: o mesmo
governo, seu Gilberto Carvalho também é ministro da presidenta Dilma, e é ali
que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo o que não presta,
ali está aninhado e eles têm a direção e têm o comando do governo.
Alceu
Moreira também criticou Carvalho na época e o próprio Cimi, que é ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB). Nesta terça, a assessoria do
parlamentar criticou a denúncia por racismo feita pelos índios, uma vez que ele
atacou a política indigenista do governo, mas não proferiu declarações de cunho
racista como fez o deputado Heinze.
— Por que será que, de uma hora para outra, tem
que marcar terra de índios e quilombolas? O chefe desta vigarice orquestrada
está na ante-sala da presidência da República e o nome dele é Gilberto
Carvalho, é ministro.
Ele e seu Paulo Maldos (Secretário nacional de Articulação Social). Por trás
desta baderna, desta vigarice, está o
Cimi (Conselho Nacional Indigenista), que é uma organização cristã, que de
cristã não tem nada: está a serviço da inteligência norte-americana e europeia
para não permitir a expansão das fronteiras agrícolas do Brasil — disse Moreira
em novembro, acrescentando:
— Nós os parlamentares não vamos incitar guerra,
mas lhes digo: se fazem de guerreiros e não deixem um vigarista deste dar um
passo na sua propriedade. Nenhum! Nenhum! Usem todo tipo de rede, todo mundo
tem telefone, liguem um para o outro imediatamente, reúnam verdadeiras
multidões e expulsem do jeito que for necessário!
Fonte:
http://oglobo.globo.com/pais/indios-manifestantes-entram-em-confronto-com-policiais-em-brasilia-12618379
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