Rio de Janeiro, 1913 - A Voz do Trabalhador Jornal da COB
- Edição do 1º de Maio de 1913.
Voz do Trabalhador (periódico)
A Voz do Trabalhador foi um periódico anarquista
publicado no Brasil cuja temática principal era a relação entre anarquismo e
sindicalismo. Além dessa questão, outras como a repressão policial, carestia de
vida, a solidariedade entre trabalhadores e até mesmo teatro e literatura
libertária foram discutidas em suas páginas.
Esse jornal foi fundado
na cidade do Rio de Janeiro, em 1908, como parte das atividades promovidas pela Confederação Operária Brasileira.
Neno Vasco foi um dos membros de seu coletivo editorial.
A Redação do periódico funcionou em diferentes endereços, entre os quais Rua do
Hospício, nº 156; Rua General Câmara, nº 335 e Rua das Andradas, nº 87. A primeira fase (mensal) vai de 1908 até 1909
e a segunda, quinzenal, de 1913 até 1915.
Na edição inaugural, em um texto não assinado, os anseios
políticos desse impresso foram bem delineados: "O que desejamos, e havemos de conseguir, custe o que custar, - é a
emancipação dos trabalhadores da tirania e exploração capitalista, transformando
o atual regime do assalariado e do patronato num regime que permita o
desenvolvimento de organizações de produtores-consumidores, cuja célula inicial
está no atual sindicato de resistência ao patronato". 1 .
Os colaboradores
do jornal assinavam seus artigos, geralmente, com pseudônimos para evitar
perseguições por parte do governo federal e estadual. Entre esses
jornalistas, além de Neno Vasco, estavam Marcelo Varema, Jagunço, A Barão,
Albino Moreira, João Penteado, Amaro de Matos, Manuel Moscoso, Eurípedes
Floreal, José Martins e até mesmo Lima Barreto, o célebre cronista e romancista
carioca. Lima escreveu uma crônica, intitulada "Palavras de um snob
anarquista", posicionando-se contra
a repressão oficial promovida pelo governo republicano contra os imigrantes
acusados de anarquismo.
O citado literato escreveu as seguintes linhas, na edição
de A Voz do Trabalhador, datada de 15 de maio de 1913: "os anarquistas falam da humanidade para a
humanidade, do gênero humano para o gênero humano, e não em nome de pequenas
competências de personalidades políticas; (...) porque não usam daquelas
ignorâncias nem daqueles 'esnobismos' que dão gordas sinecuras na política e
sucessos sentimentais nos salões burgueses" 2 .
Embora os militantes
do anarco-sindicalismo formassem uma
minoria, entre trabalhadores imigrantes e brasileiros, as reivindicações
políticas desse grupo foram de suma importância para a história de algumas
conquistas trabalhistas básicas.
A luta pela
jornada diária de oito horas de trabalho, em 1907, por exemplo, iniciada no
Rio, acabou adquirindo uma dimensão
nacional. Vale salientar também que a repressão política e policial
desencadeada contra os partidários do anarquismo no Brasil, do começo do século
XX, foi bastante intransigente e brutal. 3 .
Referências
A Voz do Trabalhador. Rio de Janeiro, ano I, nº 01, julho
de 1908, p. 01
BARRETO, Lima. Palavras de um snob anarquista. In: Toda
crônica (1890-1919). Vol. I. Rio de Janeiro: Agir, 2004, p. 113
TOLEDO, Edilene. A trajetória anarquista no Brasil da
Primeira República. In: FERREIRA, Jorge & REIS FILHO, Daniel Aarão. A
formação das tradições (1889-1945): as esquerdas no Brasil. Vol. I. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Voz_do_Trabalhador_(peri%C3%B3dico)
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