A Polícia
Militar desapropria na manhã desta quinta-feira (20), cerca de 350 famílias que
vivem na Comunidade Alto da Paz, no Vicente Pinzón, em Fortaleza. Segundo o
Comando de Policiamento Ronda do Quarteirão, os moradores resistem e queimaram
colchões, madeira e caixas de papelão.
De acordo
com relatos de moradores, a prefeitura está oferecendo R$ 100 de ajuda de custo
às famílias retiradas, no entanto, algumas famílias dizem que não receberam a
ajuda e outros dizem que o valor é considerado insuficiente. Durante ação da
polícia, quatro pessoas ficaram feridas.
Antes |
Segundo a
Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor), a Prefeitura
não assumiu compromisso de oferecer R$ 100 e sim, de conceder casas no novo
empreendimento que será construído no local para as famílias que já estão na
área e que atente o perfil de baixa renda, exigido pelo Minha Casa Minha Vida.
A
Habitafor afirma que firmou no dia 27 de janeiro deste ano um acordo com as
famílias da ocupação que habitam terreno público no Bairro Vincente Pinzon,
para que fosse realizada a desocupação pacífica da área. Segundo a prefeitura,
80% das famílias acordaram assinar um termo de compromisso.
Depois |
Construção
de moradias
Conforme a
prefeitura, no terreno desapropriado, serão construídas 1.472 moradias para a
população das comunidades do Titanzinho e do Serviluz, com saneamento básico,
água, sistema viário e iluminação.
Segundo a
prefeitura, a Justiça autorizou a retirada das famílias, concluiu o processo
licitatório para a construção das unidades habitacionais do Projeto Serviluz e
após a desocupação total do terreno será dada a ordem de serviço do
empreendimento.
Fotos: O Povo
Matéria: G1/CE
Martinho Olavo: Uma tristeza, sentimento de impotência com um misto de revolta e um tantinho de resignação que tento expulsar de mim! -Sai de mim resignação, esse corpo não te pertence! Esses são os sentimentos que me acometem depois de ter sido acordado às 05:50h da manhã de hoje com um telefone aflito da valente companheira Viviane, moradora do Alto da Paz. Ela me ligou desesperada, pedindo ajuda, pois a sua e todas as demais casas da comunidade estavam cercadas pela Tropa de Choque e Guardas da "Milícia" Municipal! Eu, atônito e indignado, feito louco saí enviando msg para todos os contatos do meu celular, pois em poucas horas eu teria que viajar para Tejuçuoca-CE a fim de participar de uma audiência. Um confronto anunciado, porém, efetuado na surdina, quando amolávamos as facas. Depois das cenas de selvageria, truculência e nazismo de um militarismo podre e serviçal da burguesia, o que nos resta é nos juntarmos em solidariedade a esse povo lindo que resiste. Nossa luta é pela união da classe trabalhadora. No caminho, há frustrações e derrotas de batalhas, mas a guerra continua! Mais vale o que será, o que há de vir! Estamos juntos!
ResponderExcluir"DISSERAM PRA GENTE QUE ERA UMA VARRIÇÃO NA PRAIA. ISSO AQUI TÁ ERRADO. SE SOUBESSE, NÃO TINHA VINDO"
ResponderExcluirVestidos de uniforme laranja, vários dos garis da Prefeitura escalados para o despejo desta manhã pareciam desconfortáveis, enquanto ajudavam os moradores do Alto da Paz a retirarem seus pertences de casa. Não era só a quentura, os estampidos de bala aqui e ali, a gritaria. Quando subiram na caçamba de um caminho ("Viemos igual cachorro, no meio do entulho, de cheiro de merda...") rumo ao Vicente Pinzón, não sabiam qual serviço lhes esperava. Um disse pensar que iriam capinar o meio fio da avenida Dioguinho. Outro chegou furtivo e disse nos nossos ouvidos: "Disseram pra gente que era uma varrição na praia. Isso aqui tá errado. Se soubesse, não tinha vindo." Todos com quem falamos moram em bairros periféricos de Fortaleza (Bonsucesso, Bom Jardim, José Walter), ganham um salário mínimo e pagam aluguéis entre R$ 200 e 350. Nenhum disse morar numa ocupação.