A
noção de democracia abandonava o lugar literário das especulações filosóficas e
dos textos políticos, não mais buscava o reconhecimento dos debates cultos nos
salões literários, assumindo caráter de pregação e ação política. Vinculada
primeiramente às lutas de independência das colônias da América do Norte, a
palavra democracia assume com a radicalização do movimento revolucionário
francês coloração vinculada ao jacobinismo e à regra da multidão. [...] Todos
esses acontecimentos têm as grandes
cidades como cenário. Metrópole e democracia entrecruzam-se então como lugar e
momento onde os sujeitos da história se enfrentam no mundo contemporâneo.
Democracia
vem atada portanto a outra noção, classe social, que perde seu significado
primitivo. Se antes assinalava divisões
internas aos grupos de alunos nos colégios, passa nos finais do séc. XVIII a
expressar sentimentos e evidências de uma estrutura social em mudança. Palavra
menos comprometida que outras com sentido mais definido, tais como rank ou range, assume aos poucos sentido político preciso ao ser usada em
movimentos nos quais a palavra ‘classe’ e as expressões ‘legislação de classe’
e ‘consciência de classe’ foram cruciais para a formulação do pensamento e das
lutas pela democracia, em particular pelo sufrágio universal masculino, no
decorrer de todo o século passado.
(BRESCIANI,
Maria Stella M. Cultura e História: uma
aproximação possível. In: PAIVA, Márcia e MOREIRA, Maria. E. Cultura, substantivo plural. Rio de
Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo: Ed. 34, 1996. p. 37-38.)
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