“Aquilo
que as pessoas eram, gritava tão alto que impedia Jesus de ouvir o que falavam
[...] A primeira proposta de Jesus é o apelo aos ouvidos da humanidade de todas
as épocas: ‘Bem aventurados os pobres pelo espírito, porque eles gozarão os
céus’. E, quais são os pobres pelo espírito? É uma proposta bastante audaciosa,
neste mundo rico de pobres morais. Neste mundo fascinante de poderosos sem
forças; de indivíduos que se caracterizam pela violência mental. Ser pobre em
espírito é um convite profundo a meditação. Qual é a minha pobreza interior? Eu que amo ao prazer, ao luxo, ao poder, pelos
apegos ancestrais, resultantes do meu processo de evolução
antroposociopsicológica. Como é que eu poderia ser pobre pelo espírito, tendo,
sem estar encarcerado na posse? Ter as coisas, mas não depender delas para
estabelecer paradigmas de felicidade. Estatuímos que a nossa felicidade é uma
condicional. Eu somente serei feliz quando... quando tiver isso, quando tiver
aquilo, quando conquistar uma pessoa, quando desfrutar de uma posição privilegiada.
E esse indivíduo que é rico de ambição, não tem o espírito rico de paz. É
atormentado porque pode gastar toda a vida perdendo a riqueza que gostaria na
busca de uma ilusão que pretende. E é
necessário que aguardemos o melhor, mas que não desperdicemos o que temos. Porque
a questão da felicidade não está adstrita a parâmetros que tenham o mesmo
significado para todos. Para o glutão é a mesa farta; para o conflitiado é mais
um complexo de inferioridade; para o que
acumula é mais um milhão ou um bilhão da moeda da qual ele se trouxe ao poder.
Para esse transitório poder do mundo é mais um cargo, é mais um destaque, com
rejeição total pelos encargos, pelos deveres. Porque os cargos dão brilho, mas
os encargos dignidade; os cargos recebem aplauso, mas os encargos ninguém vê
quando são bem executados, então não vale, na economia social do imediatismo. Jesus
lembra-se desses que são pobres pelo espírito, aquele que é pobre de eu e é
rico de ego.”
Divaldo
Pereira Franco – Palestra Estudo do Sermão da Montanha - 2013
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